Setor registra aumento expressivo de pequenos e médios negócios aderindo ao ambiente livre, impulsionando a competitividade e a liberdade de escolha no fornecimento de energia
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) registrou um marco histórico no mercado livre de energia em 2024, contabilizando mais de 16 mil migrações desde janeiro. Esse volume já supera em duas vezes os resultados obtidos durante todo o ano anterior, evidenciando um crescimento significativo na adesão de consumidores, especialmente de pequenas e médias empresas, ao ambiente livre. Só em agosto de 2024, foram 2.533 novos entrantes, um número três vezes maior em comparação ao mesmo mês de 2023.
A CCEE destaca que 72,6% dos novos participantes são pequenas e médias empresas, como padarias, supermercados, farmácias e escritórios, que optaram por contratos varejistas. Nesse modelo, o consumidor compra energia diretamente de um comercializador, que assume a responsabilidade pela representação no mercado e pela gestão operacional junto à CCEE.
O ambiente de mercado livre oferece a oportunidade de escolha do fornecedor de energia, a fonte de geração e condições comerciais, como preço e prazos, trazendo mais autonomia e previsibilidade aos consumidores. Segundo Alexandre Ramos, presidente da CCEE, esses fatores têm sido os grandes atrativos para a migração. “Empresas e consumidores estão percebendo a oportunidade de ganhar competitividade e previsibilidade financeira no mercado livre. Diante dessa demanda crescente, a CCEE está investindo fortemente em simplificar os processos de migração para garantir a melhor experiência possível para os novos consumidores”, afirma Ramos.
Simplificação e novas tecnologias
A CCEE tem liderado iniciativas que visam modernizar e facilitar a migração e gestão de contratos no mercado livre. Em setembro de 2024, a Câmara dará início à fase de testes de um novo modelo de troca de informações entre distribuidoras, comercializadoras e a própria CCEE. Essa inovação promete otimizar significativamente o setor e preparar o terreno para a eventual abertura total do mercado livre, uma medida que depende de avanços regulatórios.
A nova tecnologia busca tornar o processo de migração mais eficiente e seguro, eliminando gargalos burocráticos que podem atrasar o cadastro e a gestão de contratos. Ao facilitar o acesso de novos consumidores ao ambiente livre, a CCEE pavimenta o caminho para a expansão do mercado de energia no Brasil.
Perfil das migrações em 2024
A CCEE analisa constantemente as atividades econômicas que aderem ao mercado livre, e o setor de Comércio e Serviços tem sido o grande protagonista das migrações, representando quase 50% do total de novos entrantes. Dentro do setor de Serviços, condomínios prediais (479 migrações) e hotéis (450) foram os maiores destaques. No comércio, os supermercados (1.248) e postos de combustíveis (619) lideraram a migração.
Na indústria de manufaturados, a produção de embalagens plásticas (396 migrações) e outros artefatos de plástico (203) também impulsionaram os números, refletindo o interesse de empresas industriais em reduzir custos e obter previsibilidade no consumo de energia.
Regiões que mais migraram
A região Sudeste liderou o volume de migrações, seguida pelo Sul e Nordeste. Entre os estados com maior número de adesões estão Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará, que compõem o ranking dos 10 mais representativos em migrações ao mercado livre de energia em 2024.
Esse aumento expressivo nas migrações demonstra a atratividade do mercado livre de energia para negócios de diferentes setores, impulsionados por benefícios como autonomia na escolha do fornecedor, previsibilidade financeira e a possibilidade de negociar melhores condições de fornecimento.
O futuro do mercado livre de energia
Com as inovações tecnológicas que a CCEE está implementando e o avanço das discussões regulatórias sobre a abertura total do mercado livre, a expectativa é de que o número de migrações continue a crescer nos próximos anos. A simplificação dos processos e a inclusão de mais consumidores, inclusive de pequenos negócios, pode transformar o ambiente de comercialização de energia no Brasil, tornando-o mais acessível e competitivo.