Com investimento de R$ 77 milhões, empresa amplia geração própria de energia limpa, reduz emissões e projeta independência da rede elétrica até 2025
A JBS deu mais um passo significativo rumo à transição energética ao iniciar a geração de energia elétrica a partir do biogás produzido nas suas unidades industriais. O gás é oriundo da captura e tratamento do metano, um dos principais gases de efeito estufa, presente nos resíduos gerados nas operações de processamento de carne da companhia. A iniciativa já está em funcionamento em quatro unidades da Friboi e deve se expandir ainda mais nos próximos meses.
Com investimento total de R$ 77 milhões, a empresa prevê a instalação de 18 geradores movidos a biogás até o final do primeiro semestre de 2025, com capacidade para abastecer tanto os setores industriais quanto administrativos das fábricas. O projeto é resultado de uma estratégia ambiental ambiciosa que visa reduzir custos operacionais, garantir maior autonomia energética e mitigar os impactos ambientais das atividades da empresa.
Energia limpa, economia e impacto ambiental
Atualmente, as unidades de Ituiutaba (MG) e Andradina (SP) já operam com geradores alimentados por biogás. Desde 2023, essas unidades produziram um total de 2.053.017 kWh, quantidade suficiente para suprir o consumo mensal de aproximadamente 12 mil residências brasileiras. A economia gerada foi de cerca de R$ 1 milhão, considerando os preços médios de energia dos estados.
“O uso do biogás na geração de energia reduz nossa dependência da rede elétrica e mitiga os riscos da volatilidade dos preços da energia”, afirma Liège Vergili Correia, diretora de Sustentabilidade da JBS Brasil.
A nova fonte de energia fortalece a resiliência operacional da companhia, ao mesmo tempo em que contribui para os compromissos de descarbonização assumidos pela JBS em suas metas ambientais globais.
Escala internacional e visão integrada de sustentabilidade
O projeto no Brasil se soma a outras frentes sustentáveis lideradas pela companhia em suas operações internacionais. Nos Estados Unidos, a JBS USA firmou parceria com a GreenGasUSA, empresa especializada em biocombustíveis, para implementar biodigestores em unidades de carne bovina e de frango. A empresa também converte resíduos orgânicos como sebo bovino e banha de porco em combustível sustentável para aviação (SAF), com projetos em andamento nos Estados Unidos, Canadá e Austrália.
Esse ecossistema integrado de reaproveitamento de resíduos se consolida como um diferencial competitivo para a companhia, posicionando a JBS como um dos principais atores da indústria alimentícia global no processo de transição para uma economia de baixo carbono.
Biodigestores e metas de descarbonização
O projeto brasileiro abrange nove unidades da JBS, com biodigestores responsáveis pela produção de cerca de 50 milhões de metros cúbicos de biogás desde 2023. Essa produção evitou a emissão de 263,7 mil toneladas de CO₂ equivalente, o que equivale à retirada de 105,5 mil veículos de passeio das ruas por um ano.
Os recursos utilizados no projeto são majoritariamente próprios: R$ 55 milhões foram investidos diretamente pela JBS. Outros R$ 4 milhões vieram da Âmbar Energia, empresa da holding J&F Investimentos, controladora da JBS, e R$ 18,4 milhões foram aportados por parceiros estratégicos.
Além da geração de energia e vapor, a empresa também estuda o uso do biogás como combustível alternativo para sua frota de transporte, o que pode representar redução significativa nos custos com diesel e emissões de GEE (gases de efeito estufa).
“Além dos benefícios operacionais, estamos atentos às oportunidades de receita com a comercialização do biogás ou da energia elétrica excedente. A ideia é ampliar cada vez mais esse modelo”, afirma Liège.
Um modelo replicável e promissor
A experiência da JBS com biodigestores reforça a viabilidade técnica e econômica do biogás como vetor estratégico na matriz energética brasileira. Com vasto potencial de produção a partir de resíduos orgânicos — especialmente no setor agroindustrial —, o biogás desponta como alternativa eficiente, limpa e escalável para reduzir a pegada de carbono do setor produtivo.
Ao utilizar seus próprios resíduos como insumo energético, a JBS transforma passivos ambientais em ativos estratégicos, consolidando-se como uma referência na aplicação prática de conceitos de economia circular, eficiência energética e responsabilidade climática.