Nova aliança entre ministérios articula investimentos em energia elétrica e infraestrutura hídrica para ampliar a produtividade no campo e acelerar o desenvolvimento regional
Em um movimento estratégico voltado à integração entre os setores de energia e agropecuária, o Ministério de Minas e Energia (MME) anunciou, na última terça-feira (15), a criação da Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos e Projetos de Irrigação do Brasil. A iniciativa, apresentada às distribuidoras de energia elétrica de todo o país, visa fomentar a agricultura irrigada por meio de ações coordenadas entre o MME, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).
O foco da aliança é claro: garantir a infraestrutura energética necessária para viabilizar o crescimento da produção irrigada no país. Com isso, o governo federal busca não apenas elevar a produtividade agrícola, mas também fortalecer cadeias agroindustriais, gerar empregos, promover inclusão social no campo e impulsionar o desenvolvimento regional.
“Expandir o acesso à energia estimula o desenvolvimento regional e a agroindústria, além de gerar emprego e renda nesse setor tão importante para o Brasil, o agronegócio”, destacou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Agricultura irrigada: produtividade e impacto socioeconômico
O Brasil dispõe atualmente de 9,6 milhões de hectares irrigados, mas estudos apontam que esse número pode saltar para até 53,4 milhões de hectares, dos quais cerca de metade está em áreas agrícolas e a outra metade em pastagens com potencial de conversão. A irrigação é responsável por 50,5% do uso consuntivo de água no país, e seu avanço é fundamental para elevar a produtividade em um cenário de crescente demanda por alimentos.
Além de aumentar a eficiência das lavouras, a irrigação tem forte impacto no emprego rural. Estima-se que cada hectare irrigado possa gerar até 1,2 emprego direto ou indireto, fortalecendo a renda de famílias agricultoras e impulsionando cadeias produtivas locais.
Infraestrutura energética como pilar de crescimento
A nova aliança interministerial traz diretrizes para conectar o crescimento da irrigação ao planejamento do setor elétrico. Entre os principais pontos do plano estão:
- Mapeamento das demandas energéticas futuras dos polos de irrigação, com o objetivo de subsidiar o planejamento das distribuidoras de energia e da expansão da Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN);
- Flexibilização do horário de fornecimento subsidiado de energia elétrica, viabilizado pela Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), para adequar o consumo à disponibilidade da geração elétrica e à capacidade das redes;
- Avaliação de modelos de financiamento para redes trifásicas, necessárias para abastecer projetos de irrigação com confiabilidade, considerando a sustentabilidade econômica do sistema;
- Incentivo à autoprodução de energia pelos agricultores, utilizando instrumentos como o Plano Safra para fomentar a implantação de sistemas solares e outras fontes renováveis no campo.
Essas ações visam a melhoria da qualidade do fornecimento de energia elétrica nas zonas rurais, garantindo mais estabilidade para os produtores e incentivando a diversificação da matriz energética com foco em fontes limpas.
Inclusão territorial e sustentabilidade
Um dos pontos destacados pelo MME durante a apresentação foi a proposta de incluir os estados do Espírito Santo e de Minas Gerais no Polígono da Seca, região tradicionalmente contemplada por políticas públicas de combate à escassez hídrica. A proposta será analisada sob a ótica de ajustes legais e regulatórios, e visa ampliar o alcance da aliança a outras regiões com potencial para desenvolvimento da agricultura irrigada.
O plano de ação inclui ainda 11 produtos de controle, que serão entregues até o final de 2025, com foco em garantir transparência, mensuração de resultados e governança eficaz da nova política pública. A atuação coordenada entre os três ministérios representa uma evolução na gestão intersetorial, algo que há décadas é defendido por especialistas em desenvolvimento rural sustentável.
Energia e agropecuária: uma agenda de futuro
A Aliança pelo Desenvolvimento Energético dos Polos de Irrigação reflete a busca por um novo paradigma de integração entre infraestrutura e produção agrícola. Em um contexto de mudanças climáticas e pressão por aumento da produção de alimentos, o Brasil aposta em tecnologia, energia e governança para assegurar competitividade no campo com menor impacto ambiental.
Ao conectar a expansão da agricultura irrigada com o planejamento energético, o governo reconhece que energia elétrica é tão essencial quanto água e insumos para o sucesso do agronegócio. A medida também responde a uma demanda crescente dos produtores por acesso à energia confiável, limpa e com custo competitivo — condição essencial para que o país continue liderando o mercado global de alimentos.
Com ações concretas e uma governança estruturada, a aliança interministerial se configura como uma das mais relevantes iniciativas de infraestrutura rural da última década, com potencial para transformar a realidade de milhares de produtores e consolidar o campo como vetor de desenvolvimento econômico e social.