Novo estudo da EPE aponta desafios e oportunidades para o Brasil no fornecimento de insumos essenciais para a revolução energética global
A transição energética mundial está diretamente ligada à disponibilidade de minerais críticos e estratégicos, fundamentais para a produção de tecnologias limpas, como painéis solares, turbinas eólicas e baterias para veículos elétricos. No Brasil, um novo estudo da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) lança luz sobre esse cenário. O “Caderno de Minerais Críticos e Estratégicos para a Transição Energética“, divulgado no dia 20 de março, analisa a importância desses insumos, as projeções para sua demanda e os desafios do setor mineral diante da crescente necessidade global de recursos para a sustentabilidade energética.
A publicação faz parte das análises que embasam o Plano Decenal de Energia 2034 (PDE 2034), documento que traça cenários para o setor energético brasileiro na próxima década. Durante o evento de lançamento, transmitido pelo canal oficial da EPE no YouTube, especialistas discutiram o papel dos minerais estratégicos na transição energética e os impactos dessa transformação para o Brasil e o mundo.
Mineração e a Nova Economia da Energia
A transição energética demanda uma profunda reestruturação da indústria global, que passa a depender de insumos específicos para novas tecnologias. Materiais como lítio, cobalto, níquel, grafite, cobre e terras raras tornaram-se peças-chave na fabricação de baterias, painéis fotovoltaicos e infraestruturas de transmissão de energia. Diante desse cenário, a EPE estruturou um estudo detalhado sobre a disponibilidade desses minerais e as implicações para o Brasil, que se posiciona como um player relevante na oferta desses recursos.
O “Caderno de Minerais Críticos e Estratégicos” destaca que o Brasil possui reservas expressivas de alguns dos minerais mais demandados pela transição energética global, o que representa uma oportunidade estratégica para o país. O documento aponta que a demanda por minerais críticos crescerá substancialmente até 2034, impulsionada principalmente pela ampliação das fontes renováveis de energia e pelo avanço da eletromobilidade.
No entanto, o estudo também alerta para os desafios inerentes a essa nova realidade. A mineração de minerais estratégicos exige investimentos robustos, desenvolvimento de novas cadeias produtivas e o fortalecimento da indústria nacional para agregar valor aos insumos extraídos no país. Além disso, há questões regulatórias e ambientais que precisam ser consideradas para garantir que a exploração desses recursos ocorra de forma sustentável e alinhada às diretrizes ambientais globais.
Geopolítica e Mercado Internacional
O relatório da EPE não se restringe ao cenário brasileiro. Ele também apresenta uma análise detalhada do panorama global, abordando as tendências de mercado e os desafios geopolíticos associados à extração e ao suprimento de minerais críticos.
Atualmente, a cadeia de fornecimento desses minerais é concentrada em poucos países, o que gera uma vulnerabilidade para diversas nações que buscam ampliar sua matriz energética limpa. China, Estados Unidos e União Europeia disputam o protagonismo na extração, no processamento e no comércio desses insumos, estabelecendo novas dinâmicas no cenário energético internacional.
O Brasil, por sua vez, tem o potencial de se consolidar como um fornecedor estratégico de minerais essenciais, reduzindo a dependência global de mercados monopolizados. Para isso, no entanto, é necessário um planejamento estratégico de longo prazo, que envolva incentivos à pesquisa mineral, atração de investimentos e ampliação da capacidade industrial para que o país não apenas exporte matéria-prima, mas também desenvolva soluções tecnológicas próprias no setor.
Oportunidades para o Brasil
A publicação da EPE reforça que o Brasil está diante de uma oportunidade única de fortalecer sua posição na transição energética global. Com um território rico em recursos naturais, o país pode se tornar um polo de extração e processamento de minerais estratégicos, garantindo não apenas benefícios econômicos, mas também maior segurança energética para sua própria matriz de geração.
Para que isso aconteça, será necessário um esforço coordenado entre o setor público e privado, além de uma visão estratégica que considere os desafios de infraestrutura, regulamentação e inovação. O estudo da EPE se torna, assim, um instrumento fundamental para embasar políticas e decisões que irão moldar o futuro da energia e da mineração no Brasil.
