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ANEEL discute avanço dos sistemas de armazenamento de energia no Brasil

Seminário reúne especialistas internacionais para debater desafios e oportunidades na regulamentação do setor

O setor elétrico brasileiro deu mais um passo em direção à modernização e segurança energética. A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) promoveu, nesta quinta-feira (13), um seminário técnico sobre o aperfeiçoamento da regulamentação dos sistemas de armazenamento de energia no Brasil. O evento, realizado em parceria com a Agência Energética da Dinamarca (DEA), reuniu especialistas nacionais e internacionais para discutir soluções inovadoras e experiências globais na integração de baterias ao sistema elétrico.

Diante da crescente expansão das fontes eólica e solar, torna-se fundamental estabelecer um marco regulatório que permita a adoção eficiente de tecnologias de armazenamento, garantindo maior estabilidade à rede elétrica e ampliando a segurança do fornecimento de energia.

O armazenamento de energia como peça-chave da transição energética

Atualmente, o Brasil se destaca globalmente por possuir uma matriz elétrica predominantemente renovável. No entanto, a intermitência da geração solar e eólica impõe desafios técnicos ao setor elétrico. Sem um sistema eficiente de armazenamento, parte da energia gerada pode ser desperdiçada, e o fornecimento pode se tornar instável em momentos de baixa geração ou alta demanda.

Diante desse cenário, a regulamentação do armazenamento de energia emerge como um fator crucial para garantir maior flexibilidade e confiabilidade no fornecimento de energia, além de contribuir para a redução do desperdício de geração renovável. A implementação dessa regulamentação também possibilita a participação das baterias no mercado de capacidade, fortalece a resiliência do sistema elétrico frente a eventos climáticos extremos e incentiva o mercado livre de energia, criando novas oportunidades de negócios.

O diretor da ANEEL, Ricardo Tili, enfatizou a importância do intercâmbio de experiências internacionais para o desenvolvimento do setor no Brasil. “O objetivo deste evento é ampliar o diálogo sobre a transição energética e aprender com as melhores práticas globais. Cada país enfrentou desafios distintos ao integrar sistemas de armazenamento ao setor elétrico, e essa troca de conhecimento é fundamental para construirmos uma regulamentação eficiente e moderna”, destacou.

Experiências internacionais e inovações no setor

O seminário proporcionou uma análise detalhada das experiências de diferentes países na implementação de sistemas de armazenamento de energia, destacando os desafios superados e as inovações que podem ser aplicadas no Brasil.

Entre os principais tópicos debatidos, foram abordados os padrões internacionais para sistemas de armazenamento (Grid Forming), com foco nos modelos de regulamentação adotados globalmente e nas melhores práticas para garantir a eficiência operacional. Também se discutiu a integração de armazenamento ao sistema elétrico, analisando estratégias para incorporar baterias à rede de forma a evitar desperdícios e aumentar a confiabilidade do fornecimento. A resiliência energética e a inovação tecnológica também estiveram em pauta, destacando o papel dos sistemas de armazenamento na mitigação de oscilações na rede e no aumento da estabilidade do sistema elétrico. Além disso, foram apresentados casos de sucesso globais, com experiências do Chile, Dinamarca, China e Estados Unidos na regulamentação e adoção de baterias em larga escala. Por fim, foram discutidos os resultados do Projeto de P&D da ANEEL, que explora a viabilidade técnica e econômica da implementação de sistemas de armazenamento de energia em baterias (BESS) no Brasil.

O diretor-geral da ANEEL, Sandoval Feitosa, ressaltou a importância de um modelo regulatório robusto e alinhado às necessidades do mercado. “Temos o compromisso de construir uma regulação que incentive o crescimento do setor elétrico, sem impor barreiras ao desenvolvimento. O armazenamento de energia é uma nova fronteira para o Brasil, e estamos conduzindo esse processo com transparência e participação ativa de todos os agentes envolvidos”, afirmou.

Desafios e próximos passos da regulamentação

Embora o Brasil tenha um grande potencial para a adoção de sistemas de armazenamento de energia, ainda há desafios a serem superados. Os principais entraves incluem altos custos iniciais, necessidade de regulamentação específica e integração eficiente das baterias à infraestrutura existente.

Para avançar nesse processo, a ANEEL e demais órgãos reguladores estão discutindo medidas que visam criar um ambiente favorável para novos investimentos no setor. Dentre as soluções analisadas, destaca-se a definição de incentivos para projetos de armazenamento de energia, a elaboração de diretrizes claras para a participação das baterias no mercado de capacidade, a expansão da infraestrutura de transmissão para permitir uma melhor integração da geração renovável e a revisão dos modelos de tarifação, com o objetivo de viabilizar a adoção de sistemas de armazenamento.

A ANEEL seguirá conduzindo discussões sobre a criação de um marco regulatório sólido e atrativo para investidores, garantindo que o Brasil esteja alinhado às tendências globais da transição energética.

O evento contou com a presença de representantes de importantes instituições do setor elétrico, incluindo Reinaldo Garcia, diretor de Estudos de Energia Elétrica da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Guilherme Zanetti Rosa, diretor do Departamento de Planejamento e Outorgas de Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia (MME), e André Della Rocca Medeiros, gerente de Engenharia Sul do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Com a crescente necessidade de modernização do setor elétrico, espera-se que nos próximos anos o Brasil consolide diretrizes claras para o armazenamento de energia, ampliando sua competitividade e eficiência no cenário global.

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