Alan Henn analisa o futuro do mercado livre, tarifas e regulação para um setor em transformação
O setor de energia está entrando em uma nova fase de mudanças estruturais e desafios regulatórios que podem redefinir o mercado brasileiro. Com avanços na abertura do mercado livre, pressões tarifárias e maior necessidade de segurança jurídica, 2025 promete ser um ano crucial para o setor.
De olho nesse cenário, Alan Henn, CEO da Voltera Energia, destaca as principais tendências que devem impactar o setor nos próximos meses, apontando tanto oportunidades quanto riscos para empresas e consumidores. Segundo ele, o ano será marcado pela consolidação do mercado livre, aumento das tarifas e um debate crescente sobre a regulamentação do setor.
O mercado livre avança, mas a um ritmo mais moderado
Nos últimos anos, o mercado livre de energia registrou um crescimento acelerado, impulsionado pela ampliação das regras de elegibilidade e a busca por maior competitividade. Em 2024, a abertura para empresas do Grupo A impulsionou uma migração massiva, mas, para 2025, a expectativa é de um crescimento mais moderado.
“O mercado livre continuará atraindo novos consumidores, mas a migração será um pouco mais contida em relação a 2024”, explica Henn. “Isso acontece porque o setor está se ajustando ao grande movimento do ano passado. Mas, mesmo em um ritmo mais lento, a procura por essa alternativa seguirá alta, especialmente diante das expectativas de aumento tarifário.”
Com a previsão de reajustes expressivos nas tarifas das distribuidoras, o mercado livre se torna ainda mais atraente para empresas que buscam reduzir custos e obter previsibilidade em seus gastos com energia.
Abertura para consumidores de baixa tensão pode mudar o jogo
Um dos pontos mais aguardados para 2025 é a possível definição de um cronograma para a abertura do mercado livre para consumidores de baixa tensão, como pequenas empresas e residências.
“Se esse movimento se concretizar, será um grande avanço para democratizar o acesso à energia renovável e aliviar o impacto das tarifas para um público que hoje não tem essa alternativa”, destaca o CEO da Voltera.
Com um modelo mais flexível e competitivo, essa mudança pode impulsionar ainda mais o crescimento da energia renovável e incentivar investimentos na expansão da infraestrutura elétrica.
Consolidação do mercado e fortalecimento da regulação
O setor de comercialização de energia também deve passar por uma onda de fusões e aquisições. Segundo Henn, há uma tendência de grandes players adquirirem comercializadoras regionais menores, trazendo mais estabilidade ao mercado e aumentando a concorrência entre as grandes empresas.
“Essa movimentação mostra que o mercado está amadurecendo. Mas, ao mesmo tempo, é essencial que os consumidores sejam criteriosos na escolha de seus fornecedores, analisando a solidez e o histórico de confiabilidade das empresas”, alerta.
Além disso, o fortalecimento da regulamentação será um tema central para garantir a transparência e evitar instabilidades. “A CCEE, Aneel e ONS terão um papel fundamental para garantir regras claras e evitar que aventureiros prejudiquem o mercado. Uma regulação sólida protege não só as empresas, mas todos os consumidores.”
Desafios jurídicos: o impacto do curtailment
Outro fator que pode impactar o setor são as disputas jurídicas relacionadas ao curtailment, um problema semelhante ao que ocorreu com o GSF nas hidrelétricas. Esse fenômeno ocorre quando há limitação na geração de energia devido a restrições operacionais, gerando perdas para os investidores e podendo resultar em uma enxurrada de processos judiciais.
“Se não houver um planejamento adequado e uma regulamentação eficiente, esse tipo de litígio pode trazer insegurança para o mercado e dificultar novos investimentos”, alerta Henn.
Reajustes tarifários reforçam a necessidade de alternativas
Um dos principais desafios de 2025 será o impacto dos reajustes tarifários das distribuidoras, que devem ser mais elevados do que em 2024. Isso reforça a necessidade de estratégias para mitigar os custos energéticos, especialmente para consumidores industriais e comerciais.
Para Henn, esse cenário torna o mercado livre ainda mais relevante: “Além da economia, a migração para o mercado livre permite um maior controle sobre os custos energéticos, o que é fundamental em um ano com expectativa de aumento nas tarifas.”
Oportunidades e desafios: um ano de amadurecimento para o setor
Apesar dos desafios, o CEO da Voltera enxerga 2025 como um ano de amadurecimento para o mercado de energia. A consolidação do mercado livre, a possível abertura para consumidores de baixa tensão e a busca por maior estabilidade regulatória são fatores que podem fortalecer o setor.
“Estamos confiantes de que o mercado livre continuará crescendo e ajudando empresas a serem mais competitivas e sustentáveis”, conclui Henn. “Mas será um período que exigirá planejamento estratégico e atenção às mudanças regulatórias.”
Com um cenário dinâmico pela frente, empresas e consumidores precisarão estar atentos às transformações do setor para tomar decisões assertivas e garantir maior previsibilidade no fornecimento de energia.