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Digitalização da Rede de Energia: Investimentos Globais Devem Ultrapassar US$ 150 Bilhões até 2030

A aceleração da transição energética e a necessidade de maior flexibilidade impulsionam investimentos em tecnologias inovadoras para modernizar as redes elétricas ao redor do mundo

O setor de energia elétrica global está passando por uma transformação sem precedentes. A crescente demanda por energia renovável e a necessidade de maior flexibilidade e eficiência nas redes elétricas estão impulsionando a digitalização do setor. De acordo com um relatório da ABI Research, os investimentos globais em tecnologias digitais para redes elétricas devem atingir impressionantes US$ 152 bilhões em 2030, quase o dobro dos US$ 81 bilhões registrados em 2024.

Essa evolução está diretamente relacionada à transição energética global e ao avanço da eletrificação em diversos setores, que pressionam as redes a se adaptarem rapidamente. Soluções como subestações digitais, gêmeos digitais, inteligência artificial (IA) e sistemas avançados de gerenciamento de energia estão liderando esse movimento. No entanto, enquanto o potencial dessas tecnologias é amplamente reconhecido, o caminho para sua adoção enfrenta desafios significativos.

A modernização das redes elétricas é crucial para o gerenciamento eficiente de sistemas cada vez mais descentralizados e complexos. Além de melhorar a eficiência operacional, a digitalização permite a integração de fontes de energia renovável, como solar e eólica, que são intermitentes por natureza. Segundo Dominique Bonte, vice-presidente de Mercados Finais e Verticais da ABI Research, os benefícios vão muito além da eficiência. “A digitalização possibilita o gerenciamento em tempo real, a reconfiguração contínua das redes e a ampliação da capacidade de geração e transmissão, ao mesmo tempo em que reduz custos e melhora a resiliência contra falhas”, afirma.

A Revolução Tecnológica no Setor Energético

Uma das principais tecnologias que está transformando o setor elétrico é a subestação digital. Diferente das tradicionais, que demandam altos custos de manutenção e expansão, essas subestações são projetadas para operar com maior flexibilidade, permitindo atualizações de software remotas e uma gestão mais eficiente do fluxo de energia em tempo real. Empresas como Schneider Electric e ABB já estão liderando o mercado com soluções que prometem revolucionar a infraestrutura elétrica.

Outra inovação importante são os gêmeos digitais, que oferecem uma visão virtual das redes físicas. Essa tecnologia, desenvolvida por empresas como Siemens, permite simular, planejar e operar infraestruturas de energia com maior precisão e menor custo. Ao identificar falhas potenciais antes que elas ocorram, os gêmeos digitais contribuem significativamente para a resiliência e a eficiência das redes.

Além disso, a inteligência artificial (IA) está se tornando uma aliada indispensável para as concessionárias de energia. A IA é utilizada em manutenção preditiva, gerenciamento da demanda, automação de atendimento ao cliente e até mesmo em questões de conformidade regulatória. A capacidade de processar grandes volumes de dados em tempo real e identificar padrões é um dos fatores que tornam a IA tão valiosa para o setor.

Outro destaque no processo de digitalização é o uso de sistemas avançados de gerenciamento de energia, como os oferecidos pela GE Vernova e Hitachi Energy. Essas plataformas permitem um controle mais eficiente e descentralizado das redes elétricas, facilitando a integração de sistemas distribuídos de geração e armazenamento de energia.

Os Desafios do Caminho Digital

Embora as vantagens da digitalização sejam inegáveis, o setor enfrenta diversos desafios para implementar essas soluções em larga escala. O financiamento é um dos principais entraves. A modernização das redes exige investimentos iniciais elevados, que nem sempre estão disponíveis, especialmente em mercados emergentes.

Outro obstáculo significativo é a regulação rígida que, em muitos países, não acompanha a velocidade da inovação tecnológica. Processos burocráticos e normas antiquadas podem atrasar a adoção de novas soluções, prejudicando o ritmo da transição energética.

Além disso, o setor elétrico enfrenta uma lacuna de habilidades. Forças de trabalho envelhecidas e pouco familiarizadas com tecnologias digitais representam um desafio para empresas que buscam implementar sistemas modernos. Questões de cibersegurança também são uma preocupação crescente, já que redes mais conectadas estão mais suscetíveis a ataques cibernéticos.

Para superar essas barreiras, Dominique Bonte enfatiza a importância de estratégias colaborativas. “Será fundamental que concessionárias de energia e provedores de tecnologia desenvolvam práticas ágeis, aproveitem mecanismos de financiamento inovadores e abordem o fator humano, treinando equipes para incorporar tecnologias digitais em seus processos operacionais”, diz Bonte.

O Futuro das Redes Inteligentes

Com a previsão de investimentos globais chegando a US$ 150 bilhões até 2030, a digitalização das redes elétricas está se posicionando como um dos pilares da transição energética. Além de garantir uma integração mais eficiente das fontes renováveis, a modernização das redes promete um fornecimento mais resiliente e sustentável de energia para atender às demandas crescentes do século XXI.

Embora os desafios permaneçam, as oportunidades são vastas. A digitalização não é apenas uma tendência tecnológica, mas uma necessidade para construir um setor elétrico capaz de suportar as demandas de um futuro mais sustentável e interconectado.

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