Quarta-feira, Junho 4, 2025
21.8 C
Rio de Janeiro

TRF-1 Suspende Conversão dos Contratos de Energia e Coloca em Xeque Acordo entre Âmbar e Amazonas Energia

TRF-1 atende à Cigás e questiona mudanças contratuais que poderiam afetar consumidores e gerar custos bilionários

Uma decisão liminar emitida pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1), assinada pelo juiz Ney Bello, suspendeu parcialmente a operação de compra de termoelétricas da Eletrobrás no Amazonas pela Âmbar Energia, do Grupo J&F. O pedido foi feito pela Companhia de Gás do Amazonas (Cigás), que apontou riscos econômicos e impactos à segurança energética local caso a transação fosse efetivada nos moldes previstos.

O ponto central da decisão foi a suspensão da conversão dos Contratos de Compra e Venda de Energia (CCVE) das termoelétricas em Contratos de Energia de Reserva (CER). Essa mudança é considerada essencial para viabilizar a operação, mas, segundo a Cigás, traria repercussões negativas, incluindo aumento de custos repassados aos consumidores.

Mudanças contestadas e impactos ao setor de energia

A Cigás, que atua na distribuição de gás natural no Amazonas, argumenta que a operação representa riscos à matriz energética local e à segurança jurídica dos contratos vigentes. A decisão de Ney Bello reforça a necessidade de anuência prévia da Cigás para qualquer alteração nos contratos, como já havia sido argumentado pelo ex-presidente Michel Temer, advogado da empresa.

Para o juiz, negócios no setor de energia devem priorizar a preservação de contratos e evitar prejuízos à população. Ney Bello também destacou os problemas da Medida Provisória 1.232/2024, que estaria favorecendo a Âmbar Energia ao transferir custos operacionais das termoelétricas para consumidores.

“Essa medida administrativa, além de interferir na dinâmica contratual estabelecida, possui alto potencial de gerar impactos tarifários e econômicos significativos, prejudicando consumidores e o equilíbrio do setor”, ressaltou o magistrado.

Complexidade da operação e futuro incerto

A compra das termoelétricas, associada à Medida Provisória 1.232/2024, gerou polêmica desde o início. A MP, publicada logo após a concretização da venda, flexibiliza regras contratuais e transfere custos para a Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), impactando diretamente as tarifas de energia elétrica.

Além disso, a Cigás afirmou que a conversão dos contratos sem sua aprovação colocaria em risco o fornecimento de gás às termoelétricas, o que poderia comprometer a estabilidade do sistema energético no Amazonas.

O papel estratégico do gás natural

O gás natural é uma peça-chave para a geração de energia termelétrica no Amazonas, representando uma parte significativa do serviço público de gás canalizado no estado. Segundo a Cigás, alterações nos contratos poderiam prejudicar toda a cadeia de fornecimento e gerar inadimplência nas termelétricas, afetando diretamente os consumidores finais.

Além disso, o estado arrecada bilhões de reais em ICMS provenientes da comercialização de gás, o que torna qualquer alteração contratual uma questão de interesse público.

Próximos passos e repercussões

A liminar do TRF-1 representa apenas o início de uma disputa judicial mais ampla. A decisão obriga a Âmbar Energia e a Amazonas Energia a repensarem os próximos passos da operação enquanto aguardam uma definição definitiva sobre a validade dos contratos e a implementação da Medida Provisória 1.232/2024.

Por outro lado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) também está sob pressão para avaliar tecnicamente os impactos das mudanças propostas, enquanto busca manter o equilíbrio no setor elétrico e proteger os consumidores de aumentos tarifários.

A Cigás, por sua vez, considera a liminar uma vitória na defesa da segurança energética e do interesse público. A empresa reafirma seu compromisso em buscar soluções que garantam a sustentabilidade da matriz energética do Amazonas e a modicidade tarifária.

Impactos para os consumidores

Se a conversão dos contratos fosse implementada, os consumidores poderiam enfrentar aumentos significativos nas contas de luz, agravando um cenário de tarifas já elevadas na região Norte. Para Ney Bello, a decisão busca proteger não apenas os contratos vigentes, mas também a economia dos consumidores e a integridade do setor de energia.

Com as discussões em andamento, o caso se torna emblemático sobre os desafios de equilibrar investimentos privados, segurança energética e proteção ao consumidor no Brasil.

Destaques

Brasil pode instalar até 24 GW em usinas solares flutuantes, aponta estudo da PSR

Potencial técnico do país ultrapassa 3.800 GW, mas limitações...

UTE GNA II entra em operação no Porto do Açu e se torna a maior usina a gás natural do Brasil

Com investimento de R$ 7 bilhões e capacidade para...

Hidrogênio de Baixa Emissão Ganha Força no Brasil e se Consolida como Pilar da Transição Energética

Plano Nacional do Hidrogênio estrutura bases para desenvolvimento sustentável,...

Últimas Notícias

Greener e Iriun lançam Noris, joint venture para impulsionar fusões e...

Nova empresa nasce com foco estratégico em M&As de...

Assaí instala maior telhado solar do varejo alimentar de São Bernardo...

Nova unidade fotovoltaica gera economia de 14% na conta...

ISA ENERGIA BRASIL investe R$ 306 milhões na modernização da rede...

Investimentos visam reforçar a confiabilidade do sistema elétrico paulista...

ANEEL abre consulta pública para revisão tarifária da Energisa Paraíba com...

Consumidores podem enviar contribuições até 18 de julho; audiência...

ANEEL mantém multa de R$ 10,5 milhões à Equatorial Piauí por...

Mais de 500 mil unidades consumidoras foram afetadas por...

Artigos Relacionados

Categorias Populares