MME registra aumento de 3,6 vezes em novos projetos de data centers em apenas quatro meses, impulsionando o Brasil como um hub tecnológico na América do Sul
Nos últimos meses, o Ministério de Minas e Energia (MME) identificou um crescimento exponencial na demanda por energia elétrica destinada a projetos de data centers no Brasil. Entre maio e agosto deste ano, dez novos projetos entraram em processo de solicitação de acesso à Rede Básica do Sistema Interligado Nacional (SIN). Ao todo, o país já conta com 22 projetos de data centers em fase de estudo, espalhados por estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia. Esses projetos têm potencial para consumir até 9 GW de energia até 2035, um salto significativo em comparação aos 2,5 GW estimados em maio deste ano.
O crescimento acelerado no segmento de data centers reflete a transformação digital global e a posição estratégica do Brasil no mercado de tecnologia. “O crescimento do setor de Data Centers no Brasil demonstra nossa capacidade de nos consolidarmos como um hub tecnológico da América do Sul, impulsionado por um sistema elétrico robusto e predominantemente renovável”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Brasil: Hub Tecnológico da América do Sul
O Brasil está se destacando no cenário internacional como um dos principais destinos para a instalação de data centers devido à sua infraestrutura elétrica confiável e sustentável. O sistema elétrico nacional, que é predominantemente renovável, atrai investimentos em projetos de alta demanda energética, como os data centers. A digitalização crescente, impulsionada por serviços de nuvem, inteligência artificial (IA), internet das coisas (IoT) e a busca por locais estratégicos de armazenamento de dados, tem aumentado a procura por energia para esses projetos.
Segundo Alexandre Silveira, a infraestrutura robusta e a capacidade do Brasil de fornecer energia limpa são fatores decisivos para atrair investimentos nesse setor. “Essa infraestrutura energética confiável e sustentável torna o país um local ideal para a instalação de grandes projetos de data centers”, destacou o ministro. A demanda por data centers deve continuar a crescer nos próximos anos, à medida que as empresas aumentam sua dependência de serviços de dados e armazenamento em nuvem.
Processos de Acesso e Infraestrutura Elétrica
O processo de conexão dos data centers à Rede Básica começa com a solicitação ao MME para análise da proposta de conexão, que avalia a solução de menor custo global. Uma vez aprovado, o projeto pode avançar para o pedido de parecer de acesso junto ao Operador Nacional do Sistema (ONS), um passo essencial antes da assinatura do contrato de uso do sistema de transmissão.
Atualmente, metade dos processos de acesso para data centers já recebeu portarias do MME, enquanto os outros continuam em etapas de análise e estudo. Essas avaliações consideram critérios técnicos e econômicos para identificar os pontos de conexão ideais na rede de transmissão. Além disso, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) está desenvolvendo novos estudos para ampliar ainda mais a infraestrutura de transmissão e acomodar a crescente demanda por energia elétrica nas regiões candidatas a receber esses projetos.
A previsão é de que, ainda em 2024, a EPE divulgue novos relatórios detalhando expansões adicionais na rede de transmissão. Isso permitirá que o Brasil continue a atrair investimentos para data centers e outros projetos intensivos em energia.
Planejamento e Sustentabilidade no Setor Elétrico
O crescimento do setor de data centers exige uma resposta rápida e eficaz do Governo Federal em relação à infraestrutura elétrica. Nesse contexto, o MME, em conjunto com outros órgãos, tem trabalhado para garantir que a expansão do setor seja sustentável e eficiente. Em fevereiro de 2024, o Ministério publicou a Resolução CGIEE nº 1/2024, que estabelece uma agenda regulatória voltada para a melhoria da eficiência energética de equipamentos e edificações. O objetivo é minimizar o impacto sobre a rede elétrica e reduzir a pegada de carbono do país.
Thiago Barral, secretário Nacional de Transição Energética e Planejamento do MME, destacou a importância de ajustar as metodologias de planejamento do setor elétrico para atender às novas demandas trazidas pela digitalização. “O mundo tem aumentado de forma acelerada o volume de dados processados, e isso pressiona a demanda por energia. E o Brasil, com seu grande potencial de energia limpa e renovável, tem atraído o interesse na implantação de data centers”, explicou Barral. Segundo ele, esse crescimento já está refletido nos estudos de planejamento da transmissão.
Com a digitalização avançando em um ritmo acelerado, o Brasil está em uma posição privilegiada para se tornar um dos principais hubs tecnológicos do mundo, beneficiando-se de sua infraestrutura robusta e do crescente compromisso com a sustentabilidade. O investimento contínuo em energia limpa e a adaptação das redes de transmissão são fatores essenciais para que o país continue a atrair grandes projetos de data centers e outros investimentos em tecnologia eletrointensiva.
Com as portarias emitidas pelo MME, que garantem o acesso à Rede Básica para vários desses projetos, o Brasil reforça seu compromisso em acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas globais, garantindo um futuro mais digital e sustentável para o país e para a América do Sul.
