Missão técnica na Noruega amplia perspectivas para implementação do CCUS no Brasil e reforça compromisso com a neutralidade de emissões até 2050
O Ministério de Minas e Energia (MME) intensifica os esforços do Brasil na busca pela descarbonização da economia. Nesta semana, uma missão técnica liderada pela pasta na Noruega consolidou avanços na cooperação internacional para o desenvolvimento de tecnologias de captura e armazenamento geológico de carbono, conhecidas como CCUS (Carbon Capture, Utilization and Storage).
O objetivo da missão foi aprofundar o intercâmbio de conhecimento com empresas, centros de pesquisa e autoridades norueguesas que atuam na vanguarda da captura e sequestro de carbono, um dos principais pilares para atingir a neutralidade de emissões líquidas até 2050, conforme o compromisso brasileiro no âmbito do Acordo de Paris.
A delegação brasileira foi composta por representantes do MME, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), do Ministério da Fazenda, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e do setor privado. A missão foi organizada pela Innovation Norway, pela Norwegian Energy Partners (NORWEP) e pelo Consulado Geral da Noruega no Brasil.
Tecnologia e transição energética: uma agenda estratégica
Durante a programação, os participantes realizaram visitas técnicas a instalações industriais que já adotam projetos de captura e armazenamento de carbono, incluindo setores de cimento, amônia e hidrogênio, além de centros de pesquisa de referência global.
Um dos principais destaques foi a visita ao Test Center Mongstad (TCM) — o maior centro de testes de captura de carbono do mundo — onde são desenvolvidas e testadas tecnologias de ponta voltadas à eficiência do sequestro de CO₂.
Também chamou atenção a operação do projeto Northern Lights, referência internacional em transporte e armazenamento offshore de CO₂. O projeto conta com o navio Northern Pioneer, que realizará o transporte e a injeção de até 1,5 milhão de toneladas de CO₂ por ano em reservatórios geológicos no fundo do mar.
Brasil e Noruega: matrizes energéticas alinhadas e desafios comuns
Brasil e Noruega compartilham características relevantes na matriz energética: ambas são baseadas em alta participação de fontes renováveis, com a hidroeletricidade no Brasil e a energia hidrelétrica e eólica na Noruega, além de relevante produção de petróleo e gás.
“A missão reforça o papel estratégico da captura e armazenamento de carbono para viabilizar a nossa transição energética. A tecnologia CCUS é fundamental não apenas para reduzir emissões na indústria, mas também para assegurar segurança energética com responsabilidade climática,” destacou Carlos Agenor, Diretor de Políticas de Exploração e Produção do MME.
Lei do Combustível do Futuro e regulamentação do CCUS no Brasil
A missão ocorre no contexto da recente sanção da Lei do Combustível do Futuro (Lei nº 14.993/2024), que estabelece os fundamentos regulatórios para a implantação do CCUS no país. A legislação cria uma base jurídica robusta para desenvolvimento de projetos e estimula investimentos privados, alinhando o Brasil às melhores práticas globais de descarbonização.
Durante os encontros, o MME também apresentou as projeções brasileiras de produção de petróleo e gás até 2030, destacando a importância de novos projetos, especialmente na Margem Equatorial e na Bacia de Pelotas, para garantir a segurança energética e financiar a transição energética justa.
Próximos passos: segurança jurídica e atração de investimentos
Como resultado da missão, o Ministério de Minas e Energia irá intensificar o diálogo com agentes reguladores, investidores, ambientalistas e representantes da indústria para acelerar a regulamentação da atividade de captura e armazenamento de carbono no Brasil.
O objetivo é assegurar segurança jurídica, atrair capitais internacionais, fomentar a geração de créditos de carbono e garantir que o país avance de forma consistente na sua trajetória de redução de emissões.
“O desenvolvimento do CCUS não é apenas uma opção, mas uma necessidade para o Brasil cumprir suas metas climáticas e, ao mesmo tempo, sustentar a sua base econômica energética,” conclui Agenor.