Evento reúne MME, ABEEólica e GWEC para discutir os próximos passos regulatórios e o futuro da geração de energia no mar
O Brasil avança na regulamentação da geração de energia eólica offshore com a realização da terceira edição do Brazil Offshore Wind Summit (BOWS 2025), que ocorre no dia 10 de junho, no Rio de Janeiro. O encontro será um marco no processo de estruturação dessa nova fronteira energética, com destaque para o painel de encerramento, onde o Ministério de Minas e Energia (MME) apresentará o cronograma e os prazos para os primeiros leilões de cessão de áreas no mar.
Após a sanção da lei que cria as condições para a exploração da energia eólica offshore, em janeiro deste ano, o mercado nacional e internacional aguarda com expectativa os próximos passos regulatórios. A presença confirmada de Karina Araújo Souza, diretora do Departamento de Transição Energética do MME, reforça a importância do evento. Ela compartilhará o palco com Marcello Cabral, diretor de Novos Negócios da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (ABEEólica), no painel “Cronograma, regras e prazos: quando será o leilão de cessão de área?”, encerrando a programação do dia.
Regulação como pilar para destravar investimentos
A definição de cronogramas e regras claras é considerada essencial para dar previsibilidade aos investidores e garantir que o Brasil não perca competitividade na corrida global pela geração offshore. Para Elbia Gannoum, presidente executiva da ABEEólica, o momento é decisivo.
“Temos uma lei que pavimentou o caminho para a implantação da eólica offshore no Brasil. Agora, é preciso estabelecer processos efetivos e transparentes para a cessão de áreas, evitando atrasos e desinvestimentos que podem comprometer nosso protagonismo energético”, destaca Elbia.
A concretização de projetos de energia eólica no mar envolve etapas complexas, que vão desde a delimitação das áreas viáveis e estudos ambientais até a construção de infraestrutura portuária especializada. Por isso, o cronograma a ser apresentado pelo MME será determinante para nortear os investimentos públicos e privados.
Temas estratégicos: infraestrutura, cadeia de suprimentos e COP30
Além do debate sobre o cronograma regulatório, a programação do BOWS 2025 inclui temas estratégicos para o avanço da eólica offshore no Brasil. Entre eles, a infraestrutura portuária necessária para suportar os projetos e a adaptação da cadeia de suprimentos para atender às demandas específicas desse segmento.
No painel “Cadeia de suprimentos e logística portuária: adaptação e construção da cadeia de valor para offshore”, representantes do BNDES, Prumo Logística, Mingyang e Ocean Winds discutirão como preparar o país para receber empreendimentos de grande porte, que exigem soluções logísticas robustas e integradas.
Outro destaque será o Quick Panel sobre “Oportunidades estratégicas para a eólica offshore na COP30”, com a participação de Amanda Vinhoza, da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), e Roberta Cox, diretora da Global Renewables Alliance, responsável pela organização da conferência climática no Brasil. A expectativa é que a COP30, que ocorrerá em Belém, seja um catalisador para impulsionar projetos renováveis e consolidar o Brasil como líder global na transição energética.
A visão global e local da eólica offshore
O BOWS 2025 também promoverá uma visão integrada sobre o mercado offshore, reunindo especialistas de renome nacional e internacional. No painel “Perspectiva para offshore no Brasil”, Luiza Demôro, head de Transições Energéticas da BloombergNEF, e Rafael Palhares Simoncelli, diretor da Ocean Winds no Brasil, abordarão as tendências globais e como elas se refletem no contexto brasileiro.
A visão local será apresentada por Elbia Gannoum, que destacará os desafios específicos do país, desde a harmonização regulatória até a necessidade de investimentos em inovação e capacitação.
Próximos passos: leilão de cessão e estruturação dos projetos
Com a lei aprovada e a regulamentação em fase de detalhamento, o próximo grande marco será o leilão de cessão de áreas, cuja data é um dos pontos mais aguardados do evento. A expectativa é que, com regras claras e previsíveis, o Brasil consiga atrair investidores dispostos a desenvolver projetos que podem transformar a matriz elétrica nacional e ampliar a oferta de energia limpa e sustentável.
A realização do BOWS 2025, sob organização do Global Wind Energy Council (GWEC) e da ABEEólica, reafirma o compromisso do setor com o desenvolvimento responsável da eólica offshore e com a construção de um ambiente regulatório estável e atrativo.
“Estamos diante de uma oportunidade única de transformar o potencial offshore do Brasil em realidade. O sucesso desse processo dependerá de planejamento, articulação entre os setores público e privado e, sobretudo, de uma regulação que proporcione segurança jurídica e confiança aos investidores”, conclui Elbia.
Programação destaca os principais atores do setor
Além das autoridades já mencionadas, a programação conta com a presença de nomes como Ben Backwell, CEO do GWEC; Rafael Munilla, Chief Business Development Officer da Ocean Winds; Laura Porto, presidenta do Conselho da ABEEólica; e executivos de empresas estratégicas para a cadeia offshore.
O evento promete ser um espaço de diálogo qualificado e construção de consensos em torno de uma agenda que poderá reposicionar o Brasil como protagonista na geração de energia renovável em escala global.