Ministro Alexandre Silveira confirma publicação iminente de portaria para regulamentar certame inédito; parceria com a China impulsiona desenvolvimento de tecnologias em armazenamento, hidrogênio verde e energia limpa para o campo
Em mais um passo decisivo rumo à modernização da matriz energética nacional, o Brasil prepara a realização de seu primeiro leilão de reserva de capacidade exclusivamente voltado ao uso de baterias. O anúncio foi feito neste domingo (11) pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, durante missão oficial à China. De acordo com o ministro, a portaria que regulamenta o certame será publicada em breve pelo governo federal.
A medida tem como objetivo incorporar sistemas de armazenamento de energia à infraestrutura elétrica do país, promovendo maior estabilidade e segurança na operação do sistema, especialmente diante do crescimento da geração renovável intermitente, como a eólica e a solar. Trata-se de uma iniciativa estratégica que deve abrir um novo mercado no setor energético e fomentar investimentos em inovação tecnológica, tanto nacionais quanto internacionais.
“A publicação da portaria é iminente e vai estabelecer as regras para a realização do primeiro leilão de baterias do Brasil. Toda solução que contribua para a estabilização do sistema é bem-vinda. Temos um vasto mercado, e precisamos preparar a mão de obra e buscar novas tecnologias. A parceria com o SENAI CIMATEC atende a esse anseio do setor elétrico brasileiro”, afirmou Silveira.
Parceria internacional impulsiona inovação
O anúncio foi feito durante a assinatura de um memorando de entendimento entre o Ministério de Minas e Energia, a estatal chinesa Windey Energy Technology Group e o SENAI CIMATEC, braço de inovação e tecnologia da indústria nacional. O acordo tem vigência inicial de 24 meses, com possibilidade de prorrogação, e visa estabelecer uma ampla cooperação para o desenvolvimento de soluções tecnológicas em armazenamento de energia, hidrogênio verde, geração eólica e infraestrutura para eletrificação rural.
Dentre as principais ações previstas no memorando, destaca-se a criação de um centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil focado em tecnologias de armazenamento de energia e geração limpa. A proposta também contempla a instalação de fábricas de equipamentos no país, estimulando a geração de empregos qualificados, a transferência de tecnologia e a redução da dependência de importações.
Além disso, o projeto pretende levar energia limpa e sustentável a regiões agrícolas remotas por meio de sistemas integrados que associam geração renovável, baterias e irrigação inteligente. A iniciativa está alinhada com a estratégia do governo federal de promover o desenvolvimento regional e a neoindustrialização com base em sustentabilidade e inovação.
Alinhamento com políticas públicas e COP30
Para garantir a integração das ações com as políticas públicas federais, será criado um Comitê de Estratégia composto por representantes das instituições envolvidas. O comitê terá como função coordenar os projetos com os programas estratégicos do governo, como o Plano Nacional de Hidrogênio, o Programa de Transição Energética Justa e a política industrial verde em construção pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
A parceria com a Windey e o SENAI também prevê a realização de estudos e apresentações conjuntas durante a COP30, marcada para novembro de 2025, em Belém (PA). A expectativa é que o Brasil possa demonstrar à comunidade internacional avanços concretos em inovação, descarbonização e desenvolvimento sustentável.
Armazenamento: pilar para a nova matriz elétrica
A realização de um leilão exclusivo para baterias representa um marco regulatório e tecnológico para o setor elétrico brasileiro. Em um cenário de crescente participação das fontes renováveis na matriz elétrica, a adoção de sistemas de armazenamento é essencial para garantir a estabilidade da rede, evitar desperdícios de energia (curtailment) e viabilizar a expansão da geração distribuída e da mobilidade elétrica.
Além do impacto ambiental positivo, com a redução da necessidade de uso de usinas térmicas, o armazenamento permite o aproveitamento pleno da energia gerada em horários de baixa demanda, aumentando a eficiência e a confiabilidade do sistema. O Brasil, com sua alta incidência solar e crescente capacidade eólica, está especialmente bem posicionado para se tornar um protagonista global nesse setor.
A expectativa é que, com a regulamentação do leilão e os incentivos à cadeia produtiva nacional, o país possa atrair investimentos relevantes, estimular a pesquisa aplicada e criar empregos qualificados. A combinação entre política pública, cooperação internacional e capacidade técnica instalada é vista como chave para consolidar essa nova fronteira da energia no país.
Com o leilão de baterias, o Brasil dá um passo concreto e inovador para diversificar sua matriz energética, fortalecer sua segurança elétrica e acelerar sua jornada rumo a uma economia de baixo carbono.