Análise da Greener mostra redução nas importações de módulos e prevê retração nos investimentos diante de restrições operacionais e cenário de preços baixos
O mercado de Geração Centralizada (GC) solar fotovoltaica no Brasil movimentou R$ 14,5 bilhões em investimentos entre março de 2024 e fevereiro de 2025, com 5,4 gigawatts-pico (GWp) em contratos firmados por fabricantes de módulos fotovoltaicos. Apesar do montante expressivo e do crescimento de 51% na implantação de grandes usinas no último ano, o setor deve enfrentar uma retração significativa ao longo de 2025. Os dados são do mais recente Estudo Estratégico de GC elaborado pela consultoria Greener.
O levantamento detalha a evolução da cadeia produtiva da geração solar em larga escala, que continua sendo um dos principais motores da transição energética brasileira. Ainda assim, sinais de alerta começam a aparecer, principalmente diante das mudanças no cenário regulatório e econômico do setor.
Fatores de retração: curtailment e preço da energia
De acordo com o estudo, 5,1 GWp de módulos fotovoltaicos foram importados em 2024, o que representa uma queda de 18% em relação a 2023, quando o volume foi de 6,2 GWp. A redução no ritmo de importações indica menor apetite por novos empreendimentos e está diretamente relacionada a dois fatores principais: o baixo preço da energia e o curtailment, termo utilizado para designar a restrição na entrega da energia gerada por usinas solares ao sistema elétrico.
“A combinação de preços de energia próximos ao piso e o agravamento do curtailment são fatores que têm adiado novos investimentos e impactado a atratividade de novos empreendimentos”, afirma Marcio Takata, CEO da Greener. Ele reforça que, embora o mercado tenha registrado avanços importantes nos últimos 12 meses, o contexto atual impõe desafios para a viabilização de projetos futuros.
PPAs e autoprodução ganham força
O estudo também revelou que, no período analisado, foram mapeados 2,4 GWp em contratos de PPA (Power Purchase Agreement) solares e projetos de autoprodução, com um total acumulado de 15,8 GWp no país. Deste volume, 90% correspondem à modalidade de autoprodução por equiparação, uma estratégia que tem se consolidado como alternativa viável para consumidores que buscam previsibilidade de custos e segurança energética.
A autoprodução tem se mostrado fundamental na sustentação do mercado de GC, uma vez que permite ao consumidor ser sócio da usina e obter benefícios fiscais e regulatórios, além de garantir fornecimento direto, sem depender das flutuações do Mercado Livre de Energia.
Diagnóstico completo e insights estratégicos
Além dos dados consolidados de mercado, o novo Estudo Estratégico GC da Greener apresenta uma análise aprofundada do panorama regulatório, dos impactos do curtailment nas regiões mais afetadas, ranking de fornecedores (incluindo módulos, inversores, trackers, EPCistas e owners), avaliação de riscos no Ambiente de Contratação Livre (ACL) e projeções futuras para o setor.
A publicação também traz estudos de caso reais que apontam caminhos para a viabilidade dos investimentos, mesmo em um cenário desafiador, além de insights exclusivos elaborados pelos especialistas da Greener.
Um setor que exige adaptação constante
Com um ambiente em constante transformação, o segmento de Geração Centralizada solar exige planejamento estratégico e flexibilidade para enfrentar cenários de risco. A consolidação de políticas públicas voltadas à expansão da infraestrutura elétrica, à modernização da regulação do sistema de transmissão e à valorização da energia limpa são pontos cruciais para sustentar o crescimento do setor.
A publicação da Greener surge em momento oportuno para orientar investidores, integradores, consumidores e formuladores de políticas públicas. Os dados revelam um mercado robusto, porém sensível, e reforçam a necessidade de ações coordenadas para garantir a segurança jurídica, técnica e econômica da transição energética no Brasil.