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Estudo do ONS pode ampliar em 1000 MW o intercâmbio de energia do Nordeste para o Sudeste

Aprimoramento dos Sistemas Especiais de Proteção (SEPs) permitirá maior escoamento de energia renovável e contribuirá para reduzir o desperdício de geração limpa na matriz elétrica brasileira

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deu mais um passo em direção à otimização do uso da energia renovável gerada no país. Um novo estudo técnico realizado pela entidade propõe o aprimoramento dos Sistemas Especiais de Proteção (SEPs) com o objetivo de aumentar o limite de intercâmbio de energia entre os subsistemas do Nordeste e do Sudeste em aproximadamente 1000 megawatts (MW). A medida poderá contribuir significativamente para a redução do curtailment, o corte na geração de energia renovável por falta de capacidade de escoamento, especialmente em períodos de alta geração eólica no Nordeste.

Além disso, o estudo prevê benefícios operacionais mais amplos, com impactos positivos também nos intercâmbios entre os subsistemas Norte e Sudeste/Centro-Oeste. Com a instalação estratégica de novos equipamentos de proteção, o ONS pretende permitir um uso mais eficiente da infraestrutura de transmissão existente, sem comprometer a segurança operativa do sistema.

Melhoria do SEP visa maior flexibilidade no sistema interligado

As análises técnicas, iniciadas em meados de 2024, apontaram que a instalação de dispositivos adicionais de proteção entre as subestações Colinas (TO), Ribeiro Gonçalves (PI) e São João do Piauí (PI) é viável e altamente benéfica. O novo desenho dos SEPs proporcionará maior segurança para o aumento dos fluxos de energia especialmente nos meses do período seco, de maio a outubro, quando a produção eólica no Nordeste atinge seu pico e o Norte, por outro lado, passa a importar mais energia devido à redução da geração hidrelétrica.

Essa reorganização do sistema permitirá não apenas a maximização do intercâmbio de energia entre os subsistemas, mas também um controle mais eficiente dos riscos operacionais, minimizando a necessidade de acionamento de esquemas de segurança como o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), que é utilizado para estabilizar o sistema em caso de contingências severas.

Redução do curtailment e valorização das fontes renováveis

Um dos pontos centrais do estudo é a contribuição direta para a mitigação do curtailment das usinas renováveis, especialmente eólicas e solares, instaladas no Nordeste. Com a possibilidade de escoar maior volume de energia para outras regiões do país, o sistema elétrico brasileiro poderá aproveitar de forma mais eficiente o potencial limpo e renovável dessa região, reduzindo perdas econômicas e ambientais associadas à ociosidade de geração.

“Com esta medida, poderemos reduzir os cortes de geração em algumas regiões do Nordeste e exportar mais energia deste subsistema, seja para o Norte ou para o Sudeste/Centro-Oeste”, afirmou o diretor-geral do ONS, Marcio Rea. “O ONS está empenhado em buscar soluções estruturantes para o curtailment e vamos seguir estudando mais alternativas com este objetivo.”

Próximos passos e implementação técnica

A partir das conclusões do estudo, o ONS já iniciou o processo de articulação com os agentes proprietários dos ativos envolvidos, solicitando os ajustes necessários para viabilizar a implementação do novo desenho do SEP. A expectativa é que essas ações sejam concluídas ainda no primeiro semestre de 2025.

A proposta se insere em um contexto mais amplo de modernização do Sistema Interligado Nacional (SIN), que vem sendo pressionado a se adaptar a um cenário cada vez mais dominado por fontes intermitentes e distribuídas. À medida que a participação de eólicas e solares cresce na matriz elétrica brasileira, torna-se essencial adotar estratégias operacionais mais dinâmicas e flexíveis — e os SEPs têm papel central nesse desafio.

A relevância do SEP no futuro do setor elétrico

Os Sistemas Especiais de Proteção são soluções técnicas projetadas para responder rapidamente a situações de emergência ou contingência na rede elétrica. Sua função é garantir a segurança operativa sem comprometer a continuidade do fornecimento de energia. No caso atual, o aprimoramento proposto pelo ONS amplia o papel do SEP como ferramenta não apenas de segurança, mas também de otimização da capacidade de escoamento de energia.

Esse movimento reforça uma tendência global no setor elétrico: transformar sistemas de proteção em instrumentos inteligentes de gestão da rede, permitindo maximizar o uso das infraestruturas existentes e evitar investimentos desnecessários em novas linhas de transmissão.

Com essa iniciativa, o ONS demonstra seu comprometimento em garantir uma operação mais eficiente, resiliente e alinhada aos desafios da transição energética, apoiando a expansão das fontes renováveis e assegurando que a energia limpa gerada no Brasil chegue ao consumidor final de forma segura e econômica.

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