Diretor-geral da agência aponta início do período seco como fator de risco; decisão final será anunciada no fim de abril
Com a chegada do período seco no Brasil, caracterizado por uma redução significativa nas chuvas, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) sinalizou a possibilidade de mudança na bandeira tarifária da conta de luz em maio. A bandeira atual, que está verde desde dezembro de 2023, pode passar para amarela, resultando em uma cobrança extra de R$ 1,88 a cada 100 kWh consumidos.
O alerta foi dado pelo diretor-geral da Aneel, Sandoval Feitosa, que afirmou que a decisão será tomada ao final de abril, com base no acompanhamento das condições hidrológicas e na previsão do comportamento dos reservatórios. O cenário se dá após cinco meses consecutivos de bandeira verde, em que não há cobrança adicional nas faturas de energia.
Apesar da possibilidade de acionamento da bandeira amarela, Feitosa descartou a bandeira vermelha para o próximo mês, o que, caso fosse adotada, implicaria em valores significativamente mais altos para os consumidores.
“Neste momento, a possibilidade de bandeira vermelha está descartada. Mas há um risco real de termos bandeira amarela a partir de maio, principalmente por causa do início do período seco e da redução no volume de chuvas”, explicou o diretor da Aneel.
Sistema de bandeiras tarifárias: o que está em jogo?
Criado em 2015, o sistema de bandeiras tarifárias tem como objetivo refletir os custos reais de geração de energia elétrica no país. Em períodos em que há maior abundância de recursos hídricos, as hidrelétricas operam com mais eficiência, e o custo da energia tende a ser menor, justificando a bandeira verde. No entanto, com a redução das chuvas, as usinas térmicas, mais caras e poluentes, são acionadas para garantir o fornecimento, o que pode elevar os custos para os consumidores.
A bandeira amarela é acionada em momentos de aumento moderado no custo de geração, enquanto a bandeira vermelha, nos níveis 1 ou 2, indica uma elevação significativa, com cobranças adicionais que podem superar os R$ 6,00 por 100 kWh.
Clima e reservatórios sob vigilância
O principal fator que acende o sinal de alerta é o início do período seco, que historicamente se estende de maio a setembro nas principais regiões hidrelétricas do país, como o Sudeste, o Centro-Oeste e parte do Nordeste. A redução nas chuvas impacta diretamente os níveis dos reservatórios das usinas hidrelétricas, principais responsáveis pela geração de energia no Brasil.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e a Aneel realizam um monitoramento contínuo das condições meteorológicas e hidrológicas para definir as medidas necessárias ao equilíbrio entre oferta e demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN).
Com a transição para a estação seca, há um risco natural de elevação no custo marginal da geração de energia, o que torna o acionamento da bandeira amarela uma medida de precaução financeira e operacional. O cenário impõe cautela e reforça a necessidade de estratégias integradas para garantir previsibilidade tarifária, segurança energética e sustentabilidade ambiental.