Com destaque para Maranhão, Mato Grosso do Sul e Bahia, expansão da matriz elétrica brasileira confirma liderança das fontes limpas e descentralização da geração
A matriz elétrica brasileira registrou uma importante expansão no primeiro trimestre de 2025, com acréscimo de 1.742,28 megawatts (MW) à capacidade instalada do país. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que destacou o desempenho de 11 estados em todas as regiões brasileiras, com especial atenção para o crescimento das fontes renováveis e a descentralização da geração.
Somente no mês de março, 220,30 MW foram adicionados ao sistema por meio da entrada em operação comercial de 11 novas usinas, entre termelétricas, parques eólicos e centrais hidrelétricas de pequeno porte. O estado do Maranhão liderou a expansão do mês, com 113,40 MW provenientes de duas novas termelétricas, sendo a principal a Usina Nova Venécia 2, movida a gás natural, com potência autorizada de 87,22 MW, localizada em Santo Antônio dos Lopes (MA).
A expansão da oferta centralizada de energia tem papel fundamental no atendimento à crescente demanda energética do país, ao mesmo tempo em que fortalece a segurança do sistema elétrico nacional e diversifica a matriz, com maior inserção de fontes sustentáveis.
Panorama nacional: destaques por estado e tipo de geração
Além do Maranhão, os estados com maior participação na expansão de março foram a Bahia, com 85,50 MW adicionados por duas usinas eólicas, e o Rio Grande do Norte, tradicional polo da geração eólica nacional. No acumulado do trimestre, o Mato Grosso do Sul lidera com 437,13 MW adicionados, seguido da Bahia (356,70 MW) e do Ceará.
Do ponto de vista tecnológico, as fontes renováveis seguem respondendo por grande parte da expansão. Das 11 usinas liberadas em março, sete são eólicas (totalizando 102,30 MW), uma é uma central geradora hidrelétrica (3,70 MW) e outra uma pequena central hidrelétrica (0,90 MW). As fontes térmicas, embora não renováveis, têm papel estratégico ao garantir estabilidade e suporte ao sistema nos momentos de variação intermitente das fontes limpas.
Capacidade total do Brasil ultrapassa 209,9 GW
Segundo dados do Sistema de Informações de Geração da ANEEL (SIGA), atualizados diariamente, a capacidade instalada total do país atingiu 209.905 MW em 1º de abril de 2025. Deste total, 85,04% são provenientes de fontes renováveis, o que reforça o compromisso do setor elétrico brasileiro com a sustentabilidade e a transição energética.
A presença crescente de projetos eólicos e solares, somada ao tradicional protagonismo hidrelétrico do Brasil, tem impulsionado esse percentual. Essa evolução também é reflexo do ambiente regulatório que favorece a inovação, da atratividade dos leilões de energia e dos investimentos privados no setor.
RALIE: monitoramento e transparência na expansão elétrica
Para acompanhar com mais precisão o avanço da geração centralizada de energia no país, a ANEEL disponibiliza o painel RALIE (Relatório de Acompanhamento da Expansão da Oferta de Geração de Energia Elétrica). A plataforma permite acesso interativo a dados atualizados mensalmente, com informações sobre empreendimentos em construção ou já em operação, além de filtros por região, fonte de energia e cronograma.
O RALIE se baseia em informações do Relatório de Acompanhamento de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica (Rapeel), que reúne dados fornecidos pelas próprias empresas fiscalizadas e validados pela equipe técnica da agência reguladora, por meio de inspeções em campo.
A ferramenta tem sido fundamental para investidores, planejadores e pesquisadores que buscam transparência, previsibilidade e monitoramento contínuo do setor elétrico brasileiro.
Perspectivas para o restante de 2025
Com os avanços consolidados no início do ano, a expectativa é de que o Brasil mantenha o ritmo de crescimento da sua matriz elétrica ao longo de 2025. Novos projetos eólicos e solares devem entrar em operação, especialmente nas regiões Nordeste e Sudeste, acompanhados por iniciativas híbridas e de armazenamento, que têm ganhado espaço no planejamento energético nacional.
A combinação entre diversificação de fontes, descentralização geográfica e aumento da eficiência regulatória posiciona o Brasil como uma referência internacional em geração limpa, ao mesmo tempo em que amplia a oferta de energia de forma segura e economicamente viável.