Especialistas projetam acionamento da bandeira amarela em maio e da vermelha em junho, impactando diretamente o orçamento das famílias e das empresas
Os brasileiros devem se preparar para um possível aumento na conta de luz a partir de maio. A Armor Energia, empresa especializada no mercado de eletricidade, prevê o acionamento da bandeira amarela no próximo mês e da vermelha em junho, o que pode representar um impacto significativo para consumidores residenciais e empresariais. Além de pesar diretamente no bolso, o custo mais alto da energia elétrica tende a pressionar a inflação, afetando desde serviços até produtos essenciais, como alimentos e bebidas.
Mesmo com um início de ano marcado por chuvas intensas, os indicadores climáticos e os ajustes nos modelos de cálculo do preço da energia indicam um cenário mais conservador para os próximos meses. “A projeção é de que a bandeira amarela entre em vigor em maio, com possibilidade de bandeira vermelha a partir de junho”, explica Fred Menezes, diretor-executivo da Armor Energia. A mudança acontece devido à redução no volume de chuvas no final de fevereiro e início de março, o que impacta os reservatórios das hidrelétricas, principal fonte de geração de eletricidade no país.
Entenda o Impacto no Bolso do Consumidor
O sistema de bandeiras tarifárias foi criado para sinalizar ao consumidor os custos da geração de energia, que variam conforme as condições climáticas e operacionais do setor elétrico. Quando há grande disponibilidade de energia barata, como das hidrelétricas, a bandeira verde é mantida, sem custos adicionais. No entanto, quando a oferta diminui e há necessidade de acionar fontes mais caras, como usinas termelétricas, as bandeiras amarela e vermelha entram em vigor, encarecendo a conta de luz.
Se confirmada a projeção da Armor Energia, a bandeira amarela trará um acréscimo de R$ 1,885 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos, um aumento médio de 3% sobre o custo da bandeira verde. Já no cenário mais crítico, com a bandeira vermelha no patamar 2, o impacto pode ser ainda maior, chegando a R$ 7,877 a cada 100 kWh.
O aumento no custo da energia não afeta apenas a conta de luz dos consumidores residenciais. Ele tem um efeito cascata sobre a economia, uma vez que muitos setores produtivos dependem diretamente da eletricidade. Setores como alimentação, comércio, saúde e serviços podem repassar os custos mais altos para os preços finais, ampliando o impacto na inflação.
Segundo Fred Menezes, a energia elétrica é um dos principais itens do grupo Habitação no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial no Brasil. “O aumento da conta de luz influencia setores como alimentos e bebidas, que dependem de refrigeração, e outros como serviços e comunicação, que têm altos custos operacionais com energia. Esse impacto é repassado ao consumidor final, reduzindo o poder de compra das famílias”, explica o especialista.
O Mercado de Energia e as Alternativas para os Consumidores
O aumento das tarifas pode estimular uma mudança importante no comportamento dos consumidores, levando mais empresas a considerarem a migração para o mercado livre de energia. Diferente do mercado cativo, onde as tarifas são reguladas pelo governo e sujeitas às bandeiras tarifárias, o mercado livre permite que empresas negociem diretamente com fornecedores de eletricidade, garantindo condições mais vantajosas e previsibilidade nos custos.
Atualmente, o mercado livre de energia está disponível para empresas conectadas em alta e média tensão, como indústrias, shoppings, hospitais e grandes comércios. Nesse ambiente, é possível optar por contratos mais flexíveis e até priorizar o uso de fontes renováveis, como energia solar e eólica. “Embora o aumento das tarifas seja um desafio, ele também pode ser uma oportunidade para os consumidores buscarem alternativas mais econômicas no mercado livre de energia. A competição entre fornecedores pode resultar em preços mais baixos e condições mais vantajosas”, ressalta Menezes.
O Que Esperar para os Próximos Meses?
O cenário de curto prazo ainda é incerto, mas a possibilidade de reajustes tarifários traz um alerta para consumidores e empresas. Enquanto algumas mudanças no setor elétrico indicam maior previsibilidade na formação dos preços, fatores externos, como condições climáticas e oscilações no consumo, ainda desempenham um papel fundamental na definição das tarifas.
Diante desse contexto, a recomendação é que consumidores monitorem de perto o consumo de energia, adotem medidas de eficiência energética e, sempre que possível, busquem alternativas como o mercado livre, que pode garantir maior estabilidade nos custos. A expectativa agora é para os próximos anúncios da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), que confirmará ou não as previsões da Armor Energia sobre o acionamento das bandeiras tarifárias.