CMSE acelera medidas para mitigar cortes na geração de energia e otimizar o uso da matriz limpa
A crescente participação das fontes renováveis na matriz energética brasileira, especialmente no Nordeste, tem gerado desafios operacionais que exigem respostas rápidas e estratégicas. Durante a 303ª reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), realizada nesta quarta-feira (12) no Ministério de Minas e Energia (MME), especialistas do setor discutiram medidas para reduzir os cortes na geração de energia limpa e aprimorar a confiabilidade do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Com a expansão de parques eólicos e solares na região Nordeste, a produção de eletricidade pode, em determinados momentos, superar a demanda, levando ao desligamento de parte da geração para evitar sobrecargas no sistema. Além disso, fatores elétricos e operacionais também impactam a estabilidade da rede. Diante desse cenário, o CMSE reforçou a necessidade de acelerar soluções estruturais para permitir que o Brasil aproveite melhor sua capacidade de geração renovável.
Investimentos para ampliar a confiabilidade do sistema
Entre as deliberações do encontro, destacou-se o reconhecimento da importância estratégica de três compensadores síncronos a serem instalados em subestações no Rio Grande do Norte. Esses equipamentos, essenciais para melhorar a estabilidade da rede elétrica, foram indicados pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ambos vinculados ao MME.
A iniciativa já faz parte do Plano de Outorgas de Transmissão de Energia Elétrica (POTEE) de 2024 e tem previsão de licitação para o segundo semestre de 2025. Uma vez em operação, esses equipamentos ajudarão a reduzir a necessidade de cortes na geração renovável, permitindo um melhor aproveitamento da energia produzida na região.
Além disso, foi anunciado que, nesta quinta-feira (13), será realizado o primeiro encontro do Grupo de Trabalho do CMSE, criado especificamente para avaliar e propor novas medidas regulatórias, operacionais e de planejamento que ajudem a mitigar os impactos das restrições de geração no Nordeste.
Cenário climático desafia o setor elétrico
Outro ponto central da reunião foi a análise das condições hidrometeorológicas e seus impactos sobre a geração de energia no Brasil. Fevereiro apresentou índices de precipitação abaixo da média histórica em diversas regiões, especialmente no Sul, onde o volume acumulado foi o menor desde o início do período chuvoso. O impacto foi sentido nos reservatórios, com redução na Energia Natural Afluente (ENA) nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste, Sul e Nordeste.
As previsões para março indicam um cenário desafiador, com a possibilidade de níveis de afluência bem abaixo da média histórica, principalmente no Nordeste, onde a ENA pode cair para apenas 27% da Média de Longo Termo (MLT) no pior cenário. Essa situação reforça a importância de medidas para otimizar a operação do sistema elétrico, garantindo um equilíbrio entre a oferta e a demanda de energia.
Expansão da infraestrutura energética
Apesar dos desafios operacionais, o setor elétrico brasileiro segue em expansão. Em fevereiro de 2025, foram adicionados 165 MW de capacidade instalada de geração centralizada e 320 MVA de capacidade de transformação. No acumulado do ano, até fevereiro, já foram incorporados 1.526 MW de geração, 108 km de novas linhas de transmissão e 1.080 MVA de capacidade de transformação.
O CMSE reforçou seu compromisso de monitorar continuamente as condições de abastecimento e adoção de medidas para garantir a segurança energética do país. A governança do nível de aversão ao risco dos modelos computacionais, conforme determinado pela Resolução CNPE nº 1/2024, será discutida em uma reunião técnica no dia 31 de março.
A busca por maior previsibilidade e segurança na operação do sistema elétrico é um passo essencial para garantir que o Brasil continue avançando na transição energética, aproveitando seu vasto potencial de fontes limpas sem comprometer a confiabilidade da rede.