Quinta-feira, Fevereiro 13, 2025
26.8 C
Rio de Janeiro

PL Proíbe Encargos Tarifários em Geração de Energia a Combustíveis Fósseis

Proposta busca aliviar consumidores afetados pela sobrecarga elétrica e falta de melhorias nas infraestruturas das distribuidoras

A cobrança de encargos na conta de luz pode estar com os dias contados para consumidores que recebem energia proveniente de geradores a combustível fóssil. Isso porque o Projeto de Lei 2222/24, em tramitação na Câmara dos Deputados, propõe a isenção da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (Tusd) nesses casos. O objetivo da medida, segundo o deputado Romero Rodrigues (Pode-PB), autor da proposta, é compensar os consumidores pelos impactos da falta de investimentos na infraestrutura elétrica, problema que, segundo ele, tem levado concessionárias a recorrerem a geradores emergenciais para evitar sobrecargas e apagões.

Se aprovado, o projeto alterará a legislação que rege a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e garantirá um alívio tarifário aos consumidores afetados. A isenção da Tusd deverá ser mantida por seis meses após a interrupção da geração a combustível fóssil, período em que os consumidores permaneceriam isentos do encargo mesmo após a normalização do fornecimento.

A Tusd é um dos componentes da conta de energia elétrica e serve para remunerar as distribuidoras pelos serviços de transporte da energia gerada até os consumidores. Na prática, a proposta impediria que as distribuidoras cobrassem essa taxa quando a eletricidade fornecida fosse proveniente de geradores a diesel ou outras fontes fósseis.

Geradores emergenciais: solução paliativa e poluente

A justificativa do projeto aponta que a necessidade de utilizar geradores a combustível fóssil decorre da falta de investimentos na modernização e ampliação da rede elétrica. Segundo Romero Rodrigues, não é raro ver concessionárias instalando geradores móveis ou semimóveis em bairros para amenizar sobrecargas elétricas e evitar apagões. No entanto, essa solução paliativa tem gerado transtornos ambientais e sociais para a população afetada.

“Mesmo pagando contas de energia elevadas, os consumidores precisam conviver 24 horas com um gerador movido a diesel na porta de suas casas. Esses equipamentos são poluentes, geram altos ruídos e requerem medidas de segurança para prevenir incêndios, vazamentos e contaminação”, argumenta o deputado.

A proposta do parlamentar busca, portanto, reduzir o impacto financeiro sobre os consumidores que, além de sofrerem com a precariedade da infraestrutura elétrica, ainda arcam com as tarifas cobradas pelas distribuidoras.

Impactos e desafios da proposta

A medida pode trazer alívio para milhares de consumidores que vivem em regiões onde a rede elétrica não é suficientemente robusta para suportar a demanda. Entretanto, sua implementação pode gerar um debate mais amplo sobre o papel das distribuidoras na expansão e modernização da infraestrutura elétrica no Brasil.

Por um lado, especialistas do setor elétrico argumentam que a isenção da Tusd pode incentivar as concessionárias a investirem mais rapidamente na melhoria da rede, evitando a necessidade de recorrer a soluções emergenciais. Por outro, há o desafio de equilibrar as contas do setor, já que a Tusd é uma das principais fontes de receita das distribuidoras.

Além disso, o impacto ambiental da medida também é um ponto de discussão. A redução da dependência de geradores a diesel está alinhada com a necessidade de transição energética para fontes mais limpas. No entanto, enquanto as distribuidoras não realizarem os investimentos necessários, os consumidores continuarão convivendo com esses equipamentos poluentes.

Próximos passos

O Projeto de Lei 2222/24 será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Minas e Energia, Defesa do Consumidor e Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Caso aprovado nessas instâncias, poderá seguir diretamente para o Senado Federal, sem necessidade de votação no plenário da Câmara.

O debate sobre o projeto promete esquentar nos próximos meses, já que ele envolve questões essenciais como justiça tarifária, responsabilidade das distribuidoras e sustentabilidade do setor elétrico. Se aprovado, poderá representar um marco na relação entre consumidores e concessionárias, estabelecendo um novo equilíbrio na cobrança de encargos na conta de luz.

Destaques

Hidrogênio verde pode disputar leilão de energia em 2025

Empresa busca aprovação da EPE para inscrever usinas e...

Sudene aprova R$ 62,6 milhões para projeto eólico na Paraíba

Financiamento é destinado à Central Eólica Borborema II, em...

ABEEólica Divulga Prioridades Legislativas para o Setor Eólico em 2025

A associação destaca questões chave como a eliminação de...

ANEEL Aperfeiçoa Procedimentos de Rede e Regras de Comercialização de Serviços Ancilares

O novo regulamento, aprovado após Consulta Pública, adapta as...

Ceará recebe novo complexo solar de R$ 800 milhões e avança na transição energética

Projeto da Kroma Energia terá capacidade para abastecer 290...

Últimas Notícias

Hidrogênio verde pode disputar leilão de energia em 2025

Empresa busca aprovação da EPE para inscrever usinas e...

EDP amplia portfólio de energia solar nos EUA e reforça parceria...

Três novos parques solares entregues no Illinois e no...

Eletrobras recupera mais de R$ 142 milhões após bloqueio controverso de...

Decisão da Justiça Federal e do CNJ suspende levantamento...

Sudene aprova R$ 62,6 milhões para projeto eólico na Paraíba

Financiamento é destinado à Central Eólica Borborema II, em...

Da defesa reativa à proativa: O novo cenário da cibersegurança em...

Por Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT TechnologiesO panorama...

ENGIE Brasil Energia Conquista Posição de Destaque no Ranking Global de...

Reconhecida pela S&P Global, a empresa agora integra o...

Artigos Relacionados

Categorias Populares