Quarta-feira, Junho 4, 2025
20.3 C
Rio de Janeiro

Congresso enfrenta maior acúmulo de vetos dos últimos anos e testa articulação política em 2025

Com 56 vetos pendentes, incluindo pontos do programa de transição energética, nova presidência do Congresso inicia gestão sob pressão

O ano legislativo de 2025 começa com um grande desafio para o Congresso Nacional: a análise de 56 vetos presidenciais pendentes, dos quais 33 já trancam a pauta de votações. Este é o maior acúmulo de vetos no início do ano desde 2018, refletindo o impacto das tensões entre o Executivo e o Legislativo em temas estratégicos para o país.

O senador Davi Alcolumbre, que assume a presidência do Congresso, terá que conduzir negociações intensas para destravar a agenda legislativa, especialmente em um cenário em que o novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, também inicia seu mandato. O equilíbrio entre as novas lideranças do Congresso e as forças políticas será fundamental para determinar a condução das votações e possíveis derrubadas de vetos.

De acordo com Rafael Silveira, consultor legislativo do Senado, a gestão desses vetos será um teste decisivo para medir a sintonia entre Alcolumbre e Motta. A forma como os dois irão articular acordos e encaminhar as deliberações pode influenciar a estabilidade política e o avanço de projetos fundamentais para o governo e para o setor produtivo.

Veto ao PATEN e o impacto na transição energética

Entre os vetos pendentes, um dos que mais geram debate envolve o Programa de Aceleração da Transição Energética (PATEN). O programa tem como objetivo incentivar investimentos em energia de baixa emissão de carbono por meio de condições financeiras mais vantajosas, como juros reduzidos. No entanto, no dia 23 de janeiro, o governo vetou um trecho da proposta (VET 8/2025) que previa a elegibilidade automática das empresas participantes do PATEN para receber recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (FNMC).

A justificativa do Executivo para o veto foi evitar que os recursos do FNMC fossem direcionados a projetos que, na prática, não garantissem uma efetiva redução das emissões de gases de efeito estufa. Apesar da preocupação com a aplicação dos fundos climáticos, o veto gerou reação no setor de energia, uma vez que poderia limitar o acesso das empresas a um financiamento mais robusto para a transição energética.

O impasse sobre esse veto será um dos primeiros desafios do Congresso neste ano. Parlamentares ligados ao setor energético já sinalizaram que podem trabalhar para derrubar a decisão presidencial, argumentando que a exclusão do trecho pode dificultar a atração de investimentos para fontes renováveis e a descarbonização da economia brasileira.

O que esperar das negociações no Congresso

A longa fila de vetos a serem analisados reforça a necessidade de uma rápida articulação política para evitar que a pauta legislativa fique travada por um período prolongado. A última vez que o Congresso se reuniu para deliberar sobre vetos foi em maio de 2024, o que explica o acúmulo atual.

Historicamente, a análise de vetos presidenciais no Congresso reflete não apenas a força do governo no Legislativo, mas também os interesses das bancadas setoriais. No caso do PATEN, o setor energético pode pressionar por uma reavaliação do veto, enquanto a equipe econômica do governo tende a manter uma postura cautelosa em relação à destinação dos recursos climáticos.

O cenário para os próximos meses ainda é incerto, mas uma coisa é clara: a maneira como Alcolumbre e Motta irão lidar com a agenda de vetos nos primeiros meses de 2025 será um termômetro do que esperar da nova configuração do Congresso. A depender do desfecho das negociações, o setor de energia e outras áreas impactadas pelos vetos podem ter um ano de avanços estratégicos ou de grandes desafios políticos e econômicos.

Destaques

Brasil pode instalar até 24 GW em usinas solares flutuantes, aponta estudo da PSR

Potencial técnico do país ultrapassa 3.800 GW, mas limitações...

UTE GNA II entra em operação no Porto do Açu e se torna a maior usina a gás natural do Brasil

Com investimento de R$ 7 bilhões e capacidade para...

Hidrogênio de Baixa Emissão Ganha Força no Brasil e se Consolida como Pilar da Transição Energética

Plano Nacional do Hidrogênio estrutura bases para desenvolvimento sustentável,...

Últimas Notícias

Greener e Iriun lançam Noris, joint venture para impulsionar fusões e...

Nova empresa nasce com foco estratégico em M&As de...

Assaí instala maior telhado solar do varejo alimentar de São Bernardo...

Nova unidade fotovoltaica gera economia de 14% na conta...

ISA ENERGIA BRASIL investe R$ 306 milhões na modernização da rede...

Investimentos visam reforçar a confiabilidade do sistema elétrico paulista...

ANEEL abre consulta pública para revisão tarifária da Energisa Paraíba com...

Consumidores podem enviar contribuições até 18 de julho; audiência...

ANEEL mantém multa de R$ 10,5 milhões à Equatorial Piauí por...

Mais de 500 mil unidades consumidoras foram afetadas por...

Artigos Relacionados

Categorias Populares