Encontro na EPE reforça compromisso com a transição energética e aponta investimentos bilionários para os próximos anos
O Brasil está no centro das discussões globais sobre o futuro da energia. Nesta segunda-feira (3), a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) recebeu, em seu escritório no Rio de Janeiro, a equipe da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) para o evento Energy Policy Review. Durante o encontro, foram apresentados planos estratégicos para a matriz energética do país, incluindo investimentos trilionários e mudanças significativas na geração de eletricidade.
O evento contou com a presença de importantes autoridades do setor, como Thiago Prado, presidente da EPE, Thiago Barral, secretário nacional de Transição Energética e Planejamento, e Noé van Hulst, líder da equipe da IEA. Para os especialistas, a aproximação com a agência internacional é um passo estratégico para alinhar o Brasil às melhores práticas globais de transição energética.
“Essa interação fortalece o compartilhamento de conhecimento e posiciona o Brasil de forma mais competitiva no cenário global da energia”, destacou Prado. Já Noé van Hulst enfatizou o valor de levar expertise técnica para a formulação de políticas energéticas, reforçando que o papel da IEA é auxiliar na tomada de decisões estratégicas para o setor.
A matriz energética do futuro: menos hidrelétricas, mais solar e eólica
Um dos pontos mais relevantes do encontro foi a apresentação do Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2034, que traça um panorama do setor elétrico para os próximos dez anos. Entre os principais destaques do plano está a manutenção de uma matriz energética predominantemente renovável – subindo de 48% para 49% –, mas com mudanças na composição das fontes utilizadas.
A geração hidrelétrica, historicamente a espinha dorsal da matriz energética brasileira, deve perder espaço para fontes como a energia solar e eólica. Esse movimento reflete uma tendência global de diversificação das fontes energéticas para garantir segurança no abastecimento e mitigar impactos ambientais.
Os investimentos projetados no PDE 2034 também chamaram a atenção. Segundo os dados apresentados pela EPE, o setor energético brasileiro deve receber um aporte de cerca de R$ 3,2 trilhões (aproximadamente US$ 551,7 bilhões) nos próximos anos. Desse montante, 78,1% serão destinados ao setor de petróleo e gás natural, evidenciando que, apesar do avanço das renováveis, os combustíveis fósseis ainda terão um papel relevante na economia brasileira.
Para o diretor da EPE, Thiago Ivanoski, a transição energética precisa ser planejada com cautela. “Não há uma solução única ou imediata. Precisamos trabalhar com diferentes cenários e garantir uma matriz energética diversificada, capaz de enfrentar incertezas futuras”, afirmou.
Planejamento de longo prazo: o PNE 2055 e o papel dos dados
Além do plano decenal, a EPE também destacou os avanços na construção do Plano Nacional de Energia (PNE) 2055, um estudo de longo prazo que será lançado ainda este ano. Esse documento, atualizado a cada cinco anos, define as diretrizes para a matriz energética brasileira nas próximas três décadas, considerando fatores como crescimento da demanda, novas tecnologias e mudanças regulatórias.
Durante o evento, Ivanoski comparou a EPE a uma “usina de dados e conhecimento”, explicando que o planejamento energético do país depende da coleta, processamento e análise de um enorme volume de informações. Essa estrutura permite que o Brasil tome decisões mais embasadas e reduza barreiras de entrada para novos investidores no setor energético.
Ao final do encontro, ficou evidente que o Brasil está alinhado com as principais tendências globais, mas enfrenta desafios para equilibrar crescimento econômico, segurança energética e sustentabilidade. A aproximação com a IEA e o planejamento detalhado dos próximos anos são passos essenciais para garantir que a transição energética ocorra de forma estruturada e eficiente.