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Raízen 2024/25: Impactos Climáticos e Ajustes no Mix de Produção de Energia e Biocombustíveis

Com queda na moagem de cana e ajustes no mix de produção, companhia encerra divulgação de projeções financeiras para focar em estratégias adaptativas

A Raízen S.A. divulgou nesta sexta-feira (17) a prévia operacional do terceiro trimestre da safra 2024/25. O relatório destaca os impactos de condições climáticas adversas e mudanças estratégicas na operação, que culminaram na descontinuação das projeções financeiras (guidance) para o ano-safra.

Entre os principais resultados apresentados, a moagem de cana caiu significativamente, totalizando 13,8 milhões de toneladas no trimestre – uma redução drástica frente aos 32,9 milhões do período anterior. O acumulado do ano atingiu 77,5 milhões de toneladas, indicando desafios contínuos na produtividade devido a déficits hídricos e queimadas que marcaram a safra.

Embora os desafios climáticos tenham prejudicado a produção, o segmento de etanol mostrou resiliência. Com preços entre R$ 2.800 e R$ 2.950 por metro cúbico, impulsionados por operações de revenda e trading, o etanol desponta como um dos principais motores de rentabilidade da companhia.

Impactos climáticos no campo e na indústria

A seca prolongada e os focos de queimadas na região de cultivo de cana comprometeram a eficiência da safra, afetando diretamente os indicadores agrícolas e industriais. O Açúcar Total Recuperável (ATR), métrica que avalia a quantidade de sacarose disponível na cana, caiu para 137 kg/tonelada – uma redução frente aos 147 kg/tonelada registrados no trimestre anterior.

Além disso, o TCH (tonelada de cana por hectare), que mede a produtividade agrícola, recuou de 76 para 67. Essa menor oferta de matéria-prima afetou a produção total de açúcar equivalente, que variou entre 1.800 e 1.900 mil toneladas no trimestre – uma redução significativa em comparação às 4.664 mil toneladas do trimestre anterior.

Com esses números, o mix de produção foi ajustado, favorecendo o etanol, que passou a representar 56% do total produzido, contra 44% do açúcar.

Cogeração de energia elétrica e biocombustíveis em foco

O segmento de bioenergia também sofreu com os desafios climáticos e operacionais. A cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana atingiu 443 mil MWh no trimestre, uma redução em relação aos 783 mil MWh do período anterior. Ainda assim, a elevação do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD) garantiu uma recuperação no preço médio, que variou entre R$ 270 e R$ 320 por MWh.

No campo dos biocombustíveis, a produção de etanol de segunda geração (E2G), tecnologia que utiliza resíduos da cana, foi destaque positivo. Com a retomada da operação na planta Bonfim, a produção do trimestre chegou a 18,5 mil m³, acumulando 49,7 milhões de litros no ano-safra.

Mudanças estratégicas e expectativas futuras

Em meio a um cenário operacional desafiador, a Raízen optou por descontinuar a divulgação de projeções financeiras para o ano-safra 2024/25. De acordo com a empresa, a decisão reflete a necessidade de maior flexibilidade estratégica diante das adversidades climáticas e mudanças estruturais em curso.

A divulgação dos resultados auditados está programada para 14 de fevereiro de 2025, seguida de uma teleconferência com investidores em 17 de fevereiro. Até lá, a companhia permanecerá em período de silêncio (quiet period), reforçando seu compromisso com as melhores práticas de governança corporativa.

Desafios e oportunidades no horizonte

A safra 2024/25 da Raízen evidencia a volatilidade do setor agrícola e energético, especialmente em um contexto de mudanças climáticas e alta competitividade. Ainda assim, o crescimento da produção de etanol e a adaptação estratégica da empresa mostram que a companhia está preparada para explorar oportunidades em mercados dinâmicos.

Com foco em inovação tecnológica e diversificação de produtos, a Raízen segue como uma das principais referências em energia renovável, conectando sustentabilidade e rentabilidade.

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