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Fim dos Testes de Energia da Venezuela: Roraima Pode Estar a Um Passo de Reduzir Custos, Mas Desafios Permanecem

Após quatro anos, testes com energia da Hidrelétrica de Guri reacendem esperança de integração energética, mas instabilidade técnica e política levantam questionamentos

Roraima, o único estado brasileiro fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), deu um importante passo em busca de uma solução energética mais sustentável e econômica. Após quatro dias de testes, realizados entre 13 e 16 de janeiro, a possibilidade de importar energia da Hidrelétrica de Guri, na Venezuela, voltou a ser pauta estratégica para a região. A operação, autorizada pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), forneceu 10 megawatts (MW) durante o período, mas revelou desafios técnicos que precisam ser enfrentados antes da retomada definitiva.

Desde 2019, quando o fornecimento de energia venezuelana foi interrompido devido à instabilidade política e econômica no país vizinho, Roraima passou a depender exclusivamente de usinas termelétricas alimentadas por diesel e gás natural. Essa dependência elevou os custos de geração e pressionou o orçamento público, uma vez que o sistema é subsidiado pelo Contrato de Compra de Capacidade (CCC), financiado com recursos federais.

Desafios nos testes de integração

Apesar do otimismo com a conclusão dos testes, o fornecimento foi marcado por interrupções em três dos quatro dias de operação. Apenas no dia 15 a transmissão da energia ocorreu sem falhas, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A infraestrutura da Hidrelétrica de Guri, que sofre com problemas de manutenção em razão da crise econômica da Venezuela, foi apontada como um dos principais fatores para a instabilidade.

“O retorno dessa integração energética pode trazer benefícios para o estado, mas precisamos garantir que a infraestrutura e os sistemas de transmissão estejam em condições ideais para evitar interrupções no fornecimento”, destacou um especialista do setor.

Com o término dos testes, o ONS agora analisa os dados para emitir um parecer técnico. Se aprovado, o contrato permitirá a importação de até 15 MW, o que pode aliviar os custos do sistema elétrico local e reduzir a dependência das termelétricas. A decisão final, no entanto, dependerá de autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

O impacto da energia de Guri

A energia hidrelétrica proveniente da Venezuela é uma alternativa mais limpa e econômica quando comparada às termelétricas, que são conhecidas pelas altas emissões de gases poluentes. Contudo, especialistas alertam que a estabilidade política e econômica da Venezuela ainda é um fator crítico.

“Um contrato desse tipo exige confiança mútua e garantias técnicas. Sem uma infraestrutura robusta, o risco de falhas permanece alto, prejudicando tanto Roraima quanto os consumidores brasileiros, que acabam arcando com os subsídios do CCC”, explicou um analista do setor elétrico.

Além disso, a modernização das linhas de transmissão e a manutenção das estações de energia são vistas como passos fundamentais para o sucesso da parceria.

Um futuro incerto, mas promissor

Se aprovado, o contrato comercial com a Venezuela poderá representar um marco na integração energética entre os dois países. A redução de custos operacionais, aliada à diversificação da matriz energética de Roraima, é uma meta atrativa para o governo e para o setor elétrico brasileiro.

Por outro lado, o sucesso da operação depende de uma série de fatores, incluindo investimentos em infraestrutura, estabilidade no fornecimento e um planejamento estratégico que priorize a segurança energética da região.

Enquanto isso, os moradores de Roraima aguardam ansiosamente por uma solução que possa garantir energia mais barata e confiável. A decisão final da Aneel sobre o contrato comercial deve ser um divisor de águas para o futuro energético do estado e para a relação entre Brasil e Venezuela.

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