Terça-feira, Junho 3, 2025
21.8 C
Rio de Janeiro

Expansão da Geração Distribuída Bate Recordes, Mas Aumento de Impostos e Desafios Regulatórios Preocupam o Setor

Com crescimento de 8,85 GW em 2024, micro e minigeração distribuída avançam no Brasil, mas especialistas alertam para riscos fiscais e entraves com distribuidoras

O Brasil alcançou um marco histórico em 2024 no setor de micro e minigeração distribuída (MMGD). Dados divulgados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) revelam que o país adicionou 8,85 gigawatts (GW) em potência instalada no ano, consolidando-se como um dos maiores mercados mundiais de geração descentralizada de energia renovável.

Ao todo, foram instalados 782.897 novos sistemas de geração distribuída, a esmagadora maioria composta por painéis solares fotovoltaicos, com apenas 33 instalações provenientes de fontes eólicas e termelétricas. Além disso, o número de unidades consumidoras beneficiadas pelos créditos gerados saltou em mais de 1 milhão, somando 4,7 milhões de consumidores no país.

Com um total de 35,6 GW de potência instalada em MMGD, o Brasil demonstra que a descentralização da geração de energia, associada às fontes renováveis, pode ser uma solução eficaz para atender à crescente demanda por eletricidade. No entanto, especialistas alertam que desafios regulatórios e o aumento de impostos podem desacelerar o ritmo de crescimento do setor.

Estados Líderes na Expansão

São Paulo liderou a expansão em 2024, com 155,8 mil novos sistemas instalados, adicionando 1,53 GW à rede elétrica e beneficiando cerca de 239 mil unidades consumidoras. Minas Gerais, com 55,5 mil sistemas e 820 MW instalados, e o Paraná, com 48,8 mil novos sistemas e 765 MW adicionados, ocuparam a segunda e terceira posições, respectivamente.

Esses números refletem o interesse crescente por soluções de energia renovável, impulsionado por incentivos regulatórios e pela busca de consumidores por alternativas mais econômicas e sustentáveis.

Aumento de Impostos: Um Obstáculo ao Crescimento

Apesar do desempenho expressivo, o setor enfrenta dificuldades significativas. Um dos principais entraves apontados por especialistas é o aumento do imposto de importação sobre painéis solares, que entrou em vigor recentemente. Em 2022, os equipamentos eram isentos de impostos. No entanto, em 2023, o imposto de importação sobre os painéis solares foi fixado em 9,6%, e, no final de 2024, houve um aumento para 25%, resultando em um encarecimento direto nos custos de instalação, impactando consumidores e empresas.

De acordo com especialistas, a medida pode reduzir a atratividade econômica da geração distribuída, especialmente para pequenos consumidores. “O custo inicial é um dos maiores desafios para quem deseja adotar energia solar. Elevar impostos neste momento de crescimento é um contrassenso e pode afastar novos investidores”, alerta.

Além disso, a indústria local ainda não possui capacidade suficiente para suprir a demanda interna de equipamentos, o que pode gerar gargalos no fornecimento.

Desafios com Distribuidoras e Regulação

Outro ponto de crítica está relacionado à relação entre os consumidores de MMGD e as distribuidoras de energia. A Lei nº 14.300/2022, que regulamenta o setor, trouxe avanços, mas também abriu margem para tensões, como a questão do pagamento pelo uso da infraestrutura elétrica para consumidores de geração distribuída.

“Distribuidoras argumentam que o aumento da micro e minigeração impacta seus custos, mas o setor defende que os benefícios da energia descentralizada, como alívio no sistema e redução de perdas, não são devidamente considerados”, explica especialista em regulação elétrica.

A falta de consenso ameaça criar uma disputa judicial em torno das tarifas, que pode impactar tanto consumidores quanto empresas.

O Futuro da Geração Distribuída no Brasil

Mesmo diante dos desafios, o potencial do setor de MMGD é evidente. A queda nos custos das tecnologias renováveis nos últimos anos, combinada com uma maior conscientização ambiental, continua a impulsionar o crescimento.

Para 2025, a expectativa é de que o Brasil ultrapasse a marca de 40 GW de potência instalada em geração distribuída, mas analistas alertam que ajustes são necessários para manter o ritmo.

“É essencial que o governo reveja políticas tributárias que possam desestimular o setor e promova um diálogo mais claro entre consumidores, reguladores e distribuidoras. A geração distribuída é um pilar para a transição energética, mas precisa de um ambiente favorável para prosperar”, conclui Martins.

Destaques

Brasil pode instalar até 24 GW em usinas solares flutuantes, aponta estudo da PSR

Potencial técnico do país ultrapassa 3.800 GW, mas limitações...

UTE GNA II entra em operação no Porto do Açu e se torna a maior usina a gás natural do Brasil

Com investimento de R$ 7 bilhões e capacidade para...

Hidrogênio de Baixa Emissão Ganha Força no Brasil e se Consolida como Pilar da Transição Energética

Plano Nacional do Hidrogênio estrutura bases para desenvolvimento sustentável,...

Últimas Notícias

ENGIE, TAG e Jirau Energia abrem inscrições para Programa de Estágio...

Com quase 30 vagas em todo o Brasil, iniciativa...

Geração de energia na América Latina cresce 8% em janeiro, com...

Relatório da OLADE revela avanço da matriz elétrica regional,...

O Grupo Bolt evitou a emissão de 7.008 toneladas de CO₂...

Atuação da empresa equivale à retirada de mais de...

Renova Energia anuncia Pedro Aparício como novo Diretor Financeiro e de...

Nomeação interina reforça compromisso da companhia com a continuidade...

Brasil pode instalar até 24 GW em usinas solares flutuantes, aponta...

Potencial técnico do país ultrapassa 3.800 GW, mas limitações...

Emae promove ações ambientais e impacta mais de mil pessoas com...

Companhia reforça compromisso com a sustentabilidade ao realizar atividades...

Artigos Relacionados

Categorias Populares