Oportunidade Global: Atualizações nas NDCs Prometem Ações Decisivas para Reduzir Emissões de Metano

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Com a nova rodada de Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), países têm a chance de concretizar compromissos de corte de emissões de metano, essencial para conter o aquecimento global e atingir as metas climáticas de 2030

O metano, um dos gases de efeito estufa mais potentes, tem sido o foco de inúmeros compromissos globais para sua redução. Com cerca de 160 países comprometidos com o Compromisso Global do Metano, que visa diminuir as emissões em 30% até 2030, o desafio agora é transformar esses compromissos em ações práticas e eficazes. A boa notícia é que as atualizações das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) no âmbito do Acordo de Paris oferecem uma janela de oportunidade única para que os países fortaleçam suas políticas climáticas, integrando metas claras de redução de metano.

A Importância das NDCs para a Redução de Metano

As NDCs são compromissos climáticos apresentados pelos países signatários do Acordo de Paris e estabelecem os objetivos nacionais de mitigação de emissões de gases de efeito estufa. A próxima rodada de revisões, prevista para ser concluída até fevereiro de 2025, é vista como uma oportunidade crítica para acelerar a implementação de políticas voltadas à redução de metano, especialmente no setor de combustíveis fósseis.

De acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA), mais de 60 países poderiam, juntos, reduzir as emissões globais em cerca de 1,2 gigatoneladas (Gt) de dióxido de carbono equivalente (CO2-eq) até 2030 se incorporarem compromissos de redução de metano em suas atualizações das NDCs. Para se ter uma ideia da dimensão desse impacto, essa redução seria equivalente a eliminar todas as emissões do setor de aviação e transporte marítimo internacional.

Além disso, o metano é responsável por mais de um terço do aquecimento global oriundo de atividades humanas, o que torna sua redução um passo fundamental para conter o aumento da temperatura global a 1,5°C, conforme estipulado no Acordo de Paris. Portanto, as NDCs podem ser a ferramenta mais eficaz para que os países comecem a colocar em prática ações capazes de atingir essas metas.

Oportunidades e Desafios

Apesar do compromisso de reduzir o metano ser amplamente aceito, poucas políticas detalhadas e robustas foram implementadas. Atualmente, as emissões de metano oriundas do setor de combustíveis fósseis atingem cerca de 120 milhões de toneladas por ano, tornando-se um obstáculo significativo para as metas globais de sustentabilidade.

A IEA destaca que é possível cortar até 75% dessas emissões com tecnologias já disponíveis e, ao mesmo tempo, reduzir drasticamente o aquecimento global. No entanto, embora o Compromisso Global do Metano, a Oil and Gas Decarbonization Charter e outras iniciativas similares possam diminuir em até 50% as emissões de metano, se implementados corretamente, a realidade é que o impacto global esperado até 2030 ainda seria limitado.

Isso ocorre porque muitas dessas promessas ainda não foram traduzidas em ações concretas. As NDCs atuais incluem o metano no escopo, mas apenas 30 países delinearam ações específicas de mitigação, e apenas nove estabeleceram metas quantitativas claras. Isso evidencia uma lacuna que precisa ser preenchida para garantir que as promessas globais tenham resultados mensuráveis.

Estratégias para Atingir as Metas de Redução de Metano

Para que os países possam atingir suas metas de redução de metano, é essencial que integrem ações detalhadas em suas NDCs. Algumas das estratégias mais eficazes incluem:

  1. Monitoramento e Relatórios Rigorosos: Países e empresas podem adotar tecnologias avançadas de monitoramento, como drones, satélites e sensores em tempo real, para identificar fontes de emissões e medir o progresso de maneira precisa. Esse tipo de tecnologia já está sendo implementado em países como a Malásia, em parceria com grandes players internacionais.
  2. Adoção de Políticas Testadas e Eficientes: Algumas medidas, como programas de detecção e reparo de vazamentos (LDAR), equipamentos mais eficientes e restrições à queima e ventilação, são comprovadamente eficazes na redução de metano. Países como a Nigéria e a Colômbia já estão avançando com essas práticas, implementando diretrizes técnicas que trazem resultados mensuráveis.
  3. Resposta Rápida a Superemissores: Grandes vazamentos podem ser detectados em tempo real e corrigidos antes de se tornarem uma ameaça ambiental significativa. Nos Estados Unidos, regulamentações já exigem que as empresas respondam a incidentes de alta emissão assim que eles forem detectados. Outras nações estão seguindo essa abordagem, incluindo a Argentina.
  4. Metas Claras para Setores Específicos: Estabelecer metas de redução por setor, como petróleo, gás, agricultura e resíduos, ajuda a alinhar esforços e criar um caminho claro para reduzir as emissões de metano. O Canadá, por exemplo, estabeleceu uma meta de redução de 75% das emissões de metano do setor de petróleo e gás até 2030.

Uma Oportunidade para Liderança Global

A atualização das NDCs até 2025 oferece uma oportunidade crucial para que os países reavaliem seus compromissos climáticos e garantam que as metas de metano estejam incluídas. Com a adoção de políticas claras e medidas robustas, as nações podem não apenas cumprir seus compromissos internacionais, mas também liderar a transição para uma economia de baixo carbono, com benefícios para a saúde pública, inovação tecnológica e desenvolvimento sustentável.

Enquanto o mundo se prepara para a COP29, os países têm uma responsabilidade coletiva de aproveitar esse momento para agir. A implementação dessas estratégias não apenas ajudará a mitigar os impactos das mudanças climáticas, mas também poderá trazer oportunidades econômicas significativas, com a criação de novos empregos e o desenvolvimento de tecnologias limpas.

A próxima rodada de NDCs é a chance que o mundo tem de transformar promessas em ações tangíveis e garantir um futuro sustentável para todos.

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