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Transição energética posiciona Brasil como destino prioritário de capital sustentável

Energia renovável em expansão e regulação ambiental consolidam o país como referência entre economias emergentes

O Brasil tem se consolidado como um dos principais polos de atração para investimentos em transição energética no mundo. O país, que já se destacava por sua matriz elétrica majoritariamente renovável, agora colhe os frutos de um posicionamento estratégico que une vocação natural, ambiente regulatório em evolução e um ecossistema tecnológico preparado para escalar soluções limpas. Com isso, investidores globais voltam seus olhos para o território brasileiro, que vive um momento histórico de valorização no mercado internacional de energia sustentável.

Segundo Roberto Basei, gerente comercial da TAB Energia, empresa especializada em soluções sustentáveis, o país oferece uma combinação rara e altamente desejável para investidores. Entre os principais diferenciais estão a matriz energética predominantemente limpa, o vasto potencial de recursos naturais e um ambiente técnico qualificado, capaz de viabilizar e escalar soluções sustentáveis em larga escala.

“O mundo está em busca de alternativas reais para acelerar a descarbonização. Nesse contexto, o Brasil se destaca por reunir uma combinação rara de fatores: matriz elétrica já predominantemente renovável, abundância de recursos naturais e um ecossistema técnico pronto para escalar soluções sustentáveis”

Energia solar lidera expansão e movimenta economia

Entre os principais motores desse protagonismo está a energia solar fotovoltaica. Segundo a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR), o país ultrapassou 40 gigawatts (GW) de capacidade instalada, o que representa 22% da matriz elétrica nacional. Em 2025, a previsão é de crescimento adicional de 13,2 GW, especialmente na geração distribuída — aquela feita em telhados, condomínios, comércios e pequenas propriedades.

“A energia solar tem um papel estratégico, não só ambiental, mas também econômico e social. Ela movimenta cadeias produtivas locais, gera empregos e permite ao consumidor participar ativamente da transição energética”, afirma o executivo.

O avanço da geração distribuída também responde por uma descentralização importante da produção de energia, aproximando o Brasil de um modelo mais resiliente, democrático e eficiente, além de fortalecer o mercado interno com novos empregos e serviços.

Investimentos estrangeiros apontam confiança no Brasil

Os números confirmam esse novo protagonismo. De acordo com o relatório Brazil Transition Factbook 2025, elaborado pela BloombergNEF em parceria com a Bloomberg Philanthropies, o Brasil recebeu US$ 37 bilhões em investimentos em 2024 voltados à transição energética — o segundo maior volume entre os mercados emergentes, atrás apenas da China.

“Esses números mostram que o Brasil deixou de ser coadjuvante para se tornar protagonista. Estamos presentes nos portfólios dos maiores fundos globais que buscam ativos sustentáveis com retorno e impacto”, reforça Basei.

Grande parte dos aportes foi destinada à energia solar em pequena escala, seguida por projetos de redes elétricas e mobilidade elétrica — segmentos que refletem a demanda crescente por energia limpa e eletrificação da economia.

Mercado de carbono: nova fronteira para o país

Outro fator que deve ampliar ainda mais a atratividade do Brasil é a implantação do mercado regulado de carbono, cuja lei foi sancionada no final de 2024 e está atualmente em fase de regulamentação. A expectativa é que o país se torne uma das principais plataformas globais de créditos de carbono, com lastro em projetos socioambientais de alto impacto.

“Nossa matriz é uma das mais limpas do G-20. Isso nos dá legitimidade para liderar esse novo mercado e oferecer créditos confiáveis, lastreados em projetos de conservação, reflorestamento e energias renováveis”, afirma Basei.

A definição de regras claras e seguras poderá criar um novo vetor de crescimento, permitindo ao Brasil atrair capital internacional e financiar a preservação ambiental com escala.

Transição energética justa: a missão estratégica

Apesar do cenário promissor, o desafio é garantir que esse movimento resulte em transformação estrutural e social. Segundo Basei, o Brasil precisa ir além da atração de capital estrangeiro e usar esse momento para formar mão de obra, promover inovação local e ampliar o acesso à energia limpa.

“Atrair capital é importante, mas é igualmente fundamental fomentar inovação local, capacitar mão de obra nacional e garantir que os benefícios cheguem a toda a sociedade. Temos uma oportunidade histórica de liderar esse movimento global com responsabilidade e visão de futuro”, finaliza.

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