Por Gustavo Leite, Vice-presidente para América Latina da Cohesity
A sustentabilidade nunca esteve tão presente na pauta das lideranças, à medida que consumidores e órgãos reguladores observam atentamente como as empresas impactam o meio ambiente. Ignorar essa realidade pode custar caro – tanto financeiramente quanto em reputação – já que muitos consumidores não querem mais se relacionar com marcas que não estão se tornando mais sustentáveis. Na verdade, isso vai além: uma pesquisa recente da PwC mostrou que consumidores estão dispostos a pagar 9,7% a mais por produtos produzidos ou adquiridos de forma sustentável, mesmo diante da pressão da inflação.
Além disso, a pressão regulatória, especialmente no que diz respeito à redução de emissões de gases de efeito estufa, tende a aumentar. A Lei de Mudança Climática do Reino Unido estabelece a meta de alcançar emissões líquidas zero até 2050. No entanto, no início deste ano, um tribunal superior considerou o plano de ação climática do governo britânico “ilegal”, alegando falta de evidências suficientes de políticas eficazes para reduzir as emissões. Um novo plano será apresentado nos próximos 12 meses, com o objetivo de garantir que o Reino Unido cumpra sua meta de reduzir as emissões em mais de dois terços até 2030. É provável que a maioria das empresas britânicas tenha algum papel nesse esforço.
A transição para longe dos combustíveis fósseis e a descarbonização de indústrias com altas emissões costumam ser apontadas como caminhos essenciais para alcançar emissões líquidas zero. No entanto, outro ponto-chave que pode gerar impacto positivo nas metas de sustentabilidade das empresas é o armazenamento eficiente de dados. Atualmente, dados redundantes, obsoletos ou triviais (ROT) e dados escuros (dark data) continuam a sobrecarregar as organizações, sem que haja muito esforço para resolver esse problema. Isso representa uma grande oportunidade para empresas que operam em um cenário cada vez mais atento à sustentabilidade.
Quanta perda! O acúmulo de dados e a sustentabilidade
Com a proliferação de dispositivos digitais e aplicações online, as pessoas estão mais conscientes sobre seus dados do que nunca. No entanto, enquanto se fala bastante sobre vazamentos de dados e como evitá-los, pouco se discute o impacto ambiental de certas práticas de gerenciamento de dados.
Por exemplo, o desperdício continua sendo uma grande preocupação no armazenamento de dados. O consumo de energia do armazenamento adquirido permanece o mesmo, independentemente de quanto está realmente sendo usado. Portanto, utilizar ao máximo a capacidade disponível e adquirir apenas o necessário deve ser prioridade para empresas que desejam ser eficientes e sustentáveis.
O acúmulo excessivo de dados contribui para decisões ruins. À medida que os volumes de dados aumentam, torna-se mais difícil manter o controle e mais fácil para cibercriminosos explorarem vulnerabilidades. Vazamentos de dados têm consequências devastadoras – financeiras e reputacionais – mas o custo ambiental do acúmulo de dados costuma ser ignorado: os data centers já são responsáveis por quase 2% das emissões globais, o mesmo nível da indústria aérea.
A mensagem é clara: as empresas precisam assumir responsabilidade pelo armazenamento de dados, abandonando práticas ineficientes e adotando soluções que reduzam sua pegada de carbono.
Causando um impacto positivo
Com a pressão crescente por mais sustentabilidade, as empresas precisam se antecipar. Uma forma de fazer isso é implementar sistemas de monitoramento de emissões e explorar serviços otimizados, que sejam ao mesmo tempo ecológicos e econômicos. É essencial equilibrar a proteção de dados com soluções que minimizem o impacto ambiental do armazenamento e gerenciamento de longo prazo.
O primeiro passo é avaliar as práticas atuais de armazenamento e gerenciamento de dados e verificar como elas se alinham com os objetivos maiores de ESG (ambiental, social e governança). Isso permite identificar áreas de melhoria, onde líderes podem buscar apoio de equipes internas ou consultores externos.
Para reduzir o desperdício, líderes de TI podem adotar princípios de eficiência, como compressão de dados, eliminação de duplicidade e provisionamento dinâmico. Estabelecer um ciclo de vida dos dados ajuda a entender sua relevância, arquivar dados pouco usados e apagar o que não é mais necessário.
Claro, ao adotar práticas de gestão de dados mais sustentáveis, as empresas também podem considerar parcerias com provedores de nuvem para gerenciar melhor sua pegada de carbono. Data centers em nuvem podem alocar recursos dinamicamente entre diferentes cargas de trabalho, o que resulta em maior eficiência energética e menor emissão de carbono para a mesma demanda.
Um futuro mais sustentável
A partir de agora, os líderes empresariais precisam estar mais conscientes do impacto ambiental de suas operações. Dados escuros não devem ser tratados como uma consequência inevitável da digitalização, e o desperdício e acúmulo de dados são dois problemas que precisam ser enfrentados de forma direta.
Adotando soluções de gerenciamento de dados autônomas baseadas em nuvem, que combinem automação, inteligência artificial e arquitetura elástica, as organizações podem abrir caminho para um modelo de negócios mais sustentável e econômico.