Fórum promovido pela EPE, Olade e Cepal reúne representantes de 20 países para fortalecer o planejamento energético regional e acelerar a transição sustentável
Nos dias 5 e 6 de junho, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sediou, em seu escritório no Rio de Janeiro, a VIII Reunião do Fórum Regional de Planejadores Energéticos (Foreplen) e a II Reunião do Conselho Regional de Planejamento Energético, consolidando o Brasil como protagonista na agenda de integração e transição energética da América Latina e do Caribe. O evento, organizado em parceria com a Organização Latino-Americana de Energia (Olade) e a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), contou com a presença de mais de 40 delegados oficiais representando 20 nações da região.
A reunião teve como objetivo principal criar um espaço técnico permanente de diálogo e cooperação entre os países para avançar em temas como planejamento energético integrado, resiliência climática, fortalecimento institucional e incorporação das metas climáticas — as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) — às estratégias nacionais de energia.
Durante a abertura, Thiago Prado, presidente da EPE, destacou a urgência de um planejamento de longo prazo, que transcenda ciclos políticos e favoreça investimentos sustentáveis. “Planejamento perene reduz custo de capital, atrai investimentos e alinha os interesses do setor privado e do setor público, tanto nacional quanto internacional”, declarou.
Prado também anunciou um projeto bilateral em andamento entre Brasil e Bolívia para a integração elétrica de sistemas isolados com a rede nacional brasileira, contribuindo para reduzir o uso de diesel e ampliar o acesso à energia limpa em áreas remotas.
Entre os principais participantes, estiveram Leandro Albuquerque, Secretário Nacional de Transição Energética substituto do Ministério de Minas e Energia (MME); Guido Maiulini, Chefe de Assessoria Estratégica da Olade; Martín Abeles, Diretor da Divisão de Recursos Naturais da Cepal; Antonio Levy, coordenador regional do GET.Transform; e Angela Livino, assessora técnica da Olade.
Angela destacou a relevância estratégica do encontro: “É a primeira reunião presencial do Conselho com participação ativa de cerca de 20 países, além de representantes de agências internacionais, bancos multilaterais e instituições de fomento. Esse intercâmbio de experiências é essencial para o fortalecimento técnico do planejamento energético regional.”
Guido Maiulini reforçou a intenção de construir uma plataforma colaborativa entre os países. “A ideia é compartilhar boas práticas e criar uma comunidade prática de planejadores que possa pensar de forma coordenada — e futuramente integrada — o futuro energético da América Latina.”
Sessões técnicas abordaram desafios centrais da transição energética
Ao longo do encontro, diversos painéis técnicos trataram de temas fundamentais para a agenda energética da região:
- Capacidades institucionais e ferramentas de planejamento: Foi apresentado um diagnóstico regional sobre os sistemas de planejamento energético e seus graus de maturidade, além de propostas para ampliar a capacidade técnica dos países.
- Combustíveis sustentáveis: Brasil, Colômbia e Chile compartilharam experiências sobre a inserção de biocombustíveis e outros vetores limpos no planejamento energético de médio e longo prazo.
- Resiliência elétrica: Os delegados discutiram metodologias para incorporar critérios de adaptação a eventos climáticos extremos, com foco em proteger as infraestruturas críticas do setor.
- Integração das NDCs: Os participantes exploraram caminhos para vincular os compromissos climáticos nacionais ao planejamento energético, de forma a garantir a coerência das metas com os investimentos públicos e privados.
- Construção de cenários sub-regionais: Foram realizadas mesas específicas para países do Cone Sul, Caribe e América Central com o objetivo de harmonizar metodologias de prospectiva energética.
Além disso, a Cepal apresentou uma proposta de guia metodológico regional com o objetivo de padronizar políticas energéticas sustentáveis e resilientes, promovendo maior alinhamento com os compromissos do Acordo de Paris.
Encaminhamentos e próximos passos
A reunião será concluída com a elaboração de um roteiro regional preliminar, que visa consolidar um plano de ação conjunto para fortalecer a governança energética regional, melhorar a resposta do setor às mudanças climáticas e avançar na integração energética entre os países latino-americanos e caribenhos.
O evento reforça o protagonismo do Brasil na agenda climática e energética internacional e reafirma o papel da EPE como articuladora técnica de iniciativas estratégicas no cenário global.
