Domingo, Junho 8, 2025
21.8 C
Rio de Janeiro

Aggreko inaugura usina híbrida no Amazonas e transforma acesso à energia em comunidades isoladas

Projeto-piloto em Caiambé inaugura novo padrão de geração híbrida com solar, térmica e baterias, e será expandido para mais 23 localidades da região. Modelo visa reduzir emissões, melhorar a qualidade de vida e impulsionar a transição energética na Amazônia Legal

A pequena comunidade de Caiambé, situada às margens do Rio Solimões no interior do estado do Amazonas, acaba de se tornar símbolo de um novo modelo energético nacional. No último dia 29 de maio, entrou em operação no distrito de Tefé a primeira usina híbrida de geração de energia desenvolvida pela Aggreko, referência global em soluções energéticas. A estrutura reúne geração térmica, solar e armazenamento com baterias (BESS), promovendo estabilidade, confiabilidade e redução de impactos ambientais em uma região onde o acesso à rede elétrica é praticamente inexistente.

O projeto integra a estratégia do Ministério de Minas e Energia (MME) por meio do programa Pró-Amazônia Legal – CGPAL, que visa reduzir os custos estruturais da geração elétrica em sistemas isolados. Com a publicação, no Diário Oficial da União, do resultado preliminar da chamada pública de projetos, a iniciativa será replicada em 23 outras comunidades amazônicas, marcando um avanço expressivo no esforço de transição energética e inclusão social na região.

A Aggreko, responsável pela instalação e operação da usina de Caiambé, agora se prepara para implantar cerca de 88 MWp em geração solar e 105 MWh em armazenamento de energia, consolidando um novo padrão tecnológico para o abastecimento energético fora do sistema interligado nacional.

Um salto para o futuro energético da Amazônia

Caiambé, com cerca de 3 mil habitantes, é um retrato das dificuldades históricas enfrentadas por comunidades isoladas da Amazônia: longas distâncias, deslocamento fluvial demorado e falta de infraestrutura comprometem o desenvolvimento local. Antes do novo sistema, a energia elétrica era limitada, instável e dependente exclusivamente do uso de geradores a diesel — uma solução cara, poluente e logisticamente difícil.

Com a nova matriz híbrida, composta por 1,4 MW de geração térmica, 373 kWp de potência solar e um sistema BESS de 1 MW / 500 kWh, a comunidade passa a contar com um fornecimento contínuo de energia de menor impacto ambiental. A estimativa é que o projeto evite a queima de 130 mil litros de diesel por ano e reduza 405 toneladas de CO₂ anualmente.

Segundo Cristiano Lopes Saito, diretor de vendas para utilities da Aggreko Brasil, o desafio vai além da tecnologia: “Estamos falando de um território com clima adverso, acesso restrito e necessidades sociais específicas. Desenvolver soluções sob medida para essa realidade exige inovação, parceria e sensibilidade cultural.”

Inovação tecnológica e impacto social

A usina de Caiambé é equipada com um sistema automatizado de controle energético desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), com apoio do programa de Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) da Aneel. Esse sistema é capaz de gerir, em tempo real, as diferentes fontes de energia disponíveis, otimizando o uso e garantindo eficiência mesmo em dias com baixa irradiação solar.

“A operação do novo sistema é um divisor de águas”, afirma Jaqueline Almeida, gerente do projeto. “Cada dado colhido aqui contribui para aperfeiçoar modelos futuros. Caiambé se torna um laboratório vivo de inovação energética com foco social e ambiental.”

Para além dos benefícios ambientais, o fornecimento estável de energia já está refletindo em melhorias concretas na vida da população: escolas e postos de saúde agora operam com maior autonomia, a conectividade digital está mais estável e o comércio local passou a funcionar de forma mais constante.

A Aggreko emprega atualmente 196 pessoas nas 26 comunidades que atende no Amazonas. Os resíduos gerados pelas operações são tratados de forma adequada em Manaus, reforçando o compromisso da empresa com uma operação ambientalmente responsável.

Modelo replicável para toda a região

Com a aprovação de quatro projetos da Aggreko no programa do MME, o modelo híbrido passa a ser considerado padrão replicável. A meta é ampliar o acesso à energia limpa e confiável para dezenas de outras comunidades remotas da Amazônia Legal, mantendo o compromisso com a redução de emissões e a inclusão socioeconômica.

“Estamos construindo soluções que não apenas iluminam casas, mas também transformam realidades”, resume Cristiano Saito. “Essa tecnologia pode ser aplicada globalmente, mas está sendo testada aqui, na Amazônia. É inovação com identidade brasileira e impacto mundial.”

Destaques

Últimas Notícias

Piauí lança ferramenta inédita para orientar expansão energética e mineração com...

Observatório de Dados de Mineração e Energia reúne informações...

ONS revisa para cima previsão de chuvas em junho e melhora...

Regiões Sudeste, Sul e Nordeste registram expectativa de precipitações...

Brasil amplia capacidade de geração em 1,8 GW em maio, impulsionado...

Nova termelétrica a gás natural no Porto do Açu...

Brasil e França firmam parceria estratégica para impulsionar o uso de...

Declaração de Intenções entre MME e governo francês consolida...

CCEE, USP e FDTE abrem inscrições para MBA em Gestão de...

Voltado a profissionais do setor, curso é referência nacional...

Artigos Relacionados

Categorias Populares