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Fusões e aquisições no setor elétrico caem 45% no primeiro trimestre de 2025, aponta KPMG

Relatório revela retração no volume de negócios no setor de energia, reflexo de cautela econômica, cenário geopolítico e desafios da transição energética

O setor de energia elétrica registrou uma expressiva queda de quase 45% no volume de fusões e aquisições (M&A) no primeiro trimestre de 2025, segundo a mais recente edição do estudo trimestral realizado pela KPMG. De acordo com a pesquisa, foram concretizadas apenas 10 transações nos três primeiros meses deste ano, frente a 18 operações registradas no mesmo período de 2024.

A análise integra um levantamento mais amplo da KPMG, que monitora regularmente a movimentação de fusões e aquisições em 43 setores da economia brasileira. No caso específico do setor elétrico, a retração reforça um movimento de maior seletividade e cautela nas operações, em meio a desafios regulatórios e à necessidade de adaptação à transição energética.

Predomínio de transações domésticas

Dentre as dez transações realizadas no setor de energia elétrica entre janeiro e março de 2025, a maioria — seis operações — foi classificada como de natureza doméstica, envolvendo exclusivamente empresas brasileiras. Outras três operações consistiram em aquisições efetuadas por investidores estrangeiros, que compraram capital de empresas estabelecidas no Brasil (classificação CB1). Já a última foi uma transação entre estrangeiros envolvendo ativos de uma empresa sediada no país (CB4).

Essa predominância de negócios domésticos reflete a consolidação interna do mercado, ao mesmo tempo em que a presença internacional sinaliza que o Brasil continua atraente para investidores interessados em ativos ligados à geração, distribuição e comercialização de energia — especialmente no contexto da transição para fontes renováveis.

De acordo com Manuel Fernandes, sócio da KPMG, a movimentação das companhias do setor está cada vez mais orientada pela busca de diversificação do portfólio e pela adequação às novas demandas do setor elétrico.

“As empresas do setor de energia continuam buscando diversificação de seu portfólio de ativos visando atender às demandas originadas pela transição energética, redução de custos e buscando maiores ganhos nos modelos operacionais”, afirma Fernandes.

Queda geral no mercado de fusões e aquisições no Brasil

O estudo da KPMG também evidencia uma leve retração de 6% no volume total de fusões e aquisições no Brasil no primeiro trimestre de 2025. Ao todo, foram concretizadas 330 operações no período, frente a 350 transações registradas nos três primeiros meses de 2024.

Essa desaceleração, embora modesta, sugere um contexto de cautela empresarial que perpassa diversos setores da economia nacional, impactando inclusive o segmento de energia.

Segundo Paulo Guilherme Coimbra, sócio da KPMG, a redução está relacionada a fatores conjunturais, como o cenário geopolítico internacional, que permanece instável, e a dinâmica sazonal do mercado de M&A, que historicamente apresenta menor intensidade nos primeiros meses do ano.

“O levantamento da KPMG mostrou que houve uma pequena desaceleração no ritmo de compra e venda das empresas no país se levarmos em conta os mesmos meses de 2024, mantendo a atividade de fusões e aquisições praticamente estável. Isso se deve a alguns fatores, principalmente questões geopolíticas internacionais e a dinâmica do mercado, que é mais fraca nos períodos iniciais do ano. A tendência é que esse movimento se recupere nos próximos trimestres”, avalia Coimbra.

Transição energética molda decisões estratégicas

No caso específico do mercado elétrico, especialistas indicam que a transição para fontes renováveis e as exigências relacionadas à descarbonização e à adoção de novas tecnologias são fatores que contribuem para o redirecionamento estratégico das empresas, impactando o ritmo das operações de M&A.

Com a necessidade crescente de investimentos em energia solar, eólica, armazenamento e redes inteligentes, muitas empresas optam por fortalecer suas operações existentes ou estabelecer parcerias estratégicas, ao invés de realizar aquisições mais arriscadas em um ambiente de mercado ainda desafiador.

Além disso, o cenário regulatório brasileiro, em constante evolução, demanda que as empresas estejam atentas às mudanças que podem afetar diretamente os negócios no setor elétrico, como as discussões em torno da abertura do mercado livre de energia e as novas regras para geração distribuída.

Perspectivas para o restante de 2025

Apesar da retração observada no primeiro trimestre, a expectativa de analistas e consultores é que o mercado de fusões e aquisições volte a se aquecêr ao longo de 2025, especialmente no setor de energia, que segue sendo um dos mais dinâmicos da economia brasileira.

A combinação de fatores como a recuperação da confiança dos investidores, a maior previsibilidade regulatória e a necessidade de consolidação em segmentos estratégicos pode impulsionar novas transações nos próximos trimestres.

Assim, embora o início de 2025 tenha sido marcado por uma redução no volume de negócios, o potencial de retomada permanece elevado, especialmente à medida que as empresas buscam se posicionar competitivamente na nova realidade do setor elétrico nacional.

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