Boletim do Operador Nacional do Sistema (ONS) indica estabilidade na carga do SIN e melhora na previsão de chuvas para a região Sul
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou, nesta semana, o boletim do Programa Mensal da Operação (PMO) referente à semana operativa de 24 a 30 de maio, que aponta um cenário de estabilidade na demanda de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN), mantendo o padrão observado nas últimas revisões do mês.
De acordo com o relatório, o SIN registra uma queda de 1,6% na carga, totalizando 77.779 MW médios, em comparação com o mesmo período de 2024. O principal responsável por essa redução continua sendo o subsistema Sudeste/Centro-Oeste, que apresenta retração de 4,9% (43.146 MW médios), mantendo a tendência de desaceleração observada nos últimos meses.
Por outro lado, as demais regiões apresentam crescimento na demanda de energia. O Norte registra a maior elevação, com 5% (8.059 MW médios), seguido pelo Nordeste, que apresenta aumento de 2,7% (13.388 MW médios), e o Sul, com crescimento de 1,7% (13.186 MW médios). Esses percentuais refletem as variações da carga projetada para maio de 2025 em comparação com maio de 2024.
Chuvas no Sul Dão Sinais de Recuperação
Um dos destaques do boletim é a melhora na expectativa de chuvas na região Sul, que há meses enfrenta volumes abaixo da média histórica. Segundo o ONS, a projeção da Energia Natural Afluente (ENA) para o Sul subiu de 31% para 37% da Média de Longo Termo (MLT), sinalizando um leve alívio para a região, ainda que o patamar permaneça significativamente abaixo da média.
“O aumento na expectativa de precipitações no Sul é uma boa notícia, especialmente após um período prolongado de escassez hídrica. Mesmo em um cenário de atenção, o sistema elétrico brasileiro manteve-se operando normalmente, assegurando o fornecimento de energia à sociedade”, reforça Márcio Rea, diretor-geral do ONS.
Nas demais regiões do país, a Energia Natural Afluente (ENA) permanece abaixo da média histórica para o mês, com previsões indicando, até o final de maio, 84% da média de longo termo (MLT) para o Sudeste/Centro-Oeste, 67% da MLT para a região Norte e 46% da MLT para o Nordeste.
Reservatórios Mantêm Níveis Confortáveis em Norte e Nordeste
O boletim também aponta que os níveis de Energia Armazenada (EAR) permanecem relativamente estáveis, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. Até 31 de maio, a expectativa é que o Norte alcance 97,7% da capacidade, enquanto o Nordeste mantenha 73,7%, indicando níveis bastante confortáveis.
O Sudeste/Centro-Oeste, responsável por 70% da capacidade de armazenamento do SIN, apresenta uma projeção de 68,9% de EAR, patamar considerado satisfatório, embora demande monitoramento constante, especialmente em períodos de menor afluência.
Por sua vez, o Sul continua sendo a região mais impactada, com previsão de armazenamento em 34,3%, reflexo das dificuldades hídricas enfrentadas nos últimos meses, apesar da recente melhora nas chuvas.
Custo Marginal de Operação Segue Estável
O Custo Marginal de Operação (CMO), indicador que impacta diretamente os preços da energia no mercado de curto prazo, segue relativamente estável nas quatro regiões do país, com os valores registrados em R$ 273,70/MWh no Norte e no Nordeste, R$ 275,30/MWh no Sudeste/Centro-Oeste e R$ 309,07/MWh no Sul.
O valor mais elevado no Sul reflete as restrições hídricas da região, que acabam pressionando os custos operacionais locais.
Perspectivas para o Sistema Elétrico
De acordo com os dados do ONS, o cenário para o mês de maio é de estabilidade operacional, sem riscos imediatos para o suprimento de energia, apesar dos desafios enfrentados em algumas regiões, como o Sul.
O desempenho robusto dos reservatórios no Norte e no Nordeste e a gestão eficiente dos recursos hídricos e energéticos continuam garantindo segurança operacional para o SIN, mesmo em um contexto de variações climáticas significativas.
O acompanhamento contínuo dos níveis de carga, das condições hidrológicas e dos custos operacionais permanece sendo essencial para assegurar o equilíbrio do sistema elétrico brasileiro, especialmente frente aos desafios crescentes das mudanças climáticas e da necessidade de ampliar a participação de fontes renováveis na matriz.