Segundo relatório da OLADE, em março de 2025, a inflação energética na região foi de apenas 0,01%, o menor nível dos últimos seis meses, impulsionada pela queda no preço internacional do petróleo
A inflação de energia na América Latina e no Caribe recuou para níveis historicamente baixos em março de 2025. De acordo com dados divulgados pela Organização Latino-Americana de Energia (OLADE), o índice registrado foi de apenas 0,01%, representando o patamar mais baixo dos últimos seis meses.
O resultado surpreende positivamente e reflete diretamente a redução dos preços internacionais do petróleo, que vêm em trajetória de queda desde agosto de 2024. Em março deste ano, o barril do petróleo foi negociado a aproximadamente US$ 68, valor significativamente menor do que os US$ 81 registrados no mesmo período de 2024.
O impacto desse movimento foi determinante para reduzir os custos da energia na região, especialmente quando comparado aos aumentos expressivos registrados em fevereiro de 2025, mês em que diversos países da América Latina e Caribe observaram reajustes na eletricidade, variando entre 10% e 16%, e nos combustíveis, que subiram entre 6% e 10%. A reversão desse cenário se concretizou em março, com uma correção dos preços e consequente alívio para consumidores e mercados.
Inflação Energética em Queda: Tendência Global Refletida na Região
A análise da OLADE não se restringe à dinâmica regional, oferecendo também um panorama global que mostra tendências semelhantes. Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a inflação anual de energia caiu de 3,62% em fevereiro para 3% em março de 2025, mantendo a trajetória de redução iniciada meses antes.
Esse comportamento, embora ainda mantenha a inflação energética da OCDE em patamares superiores aos observados na América Latina, reflete uma tendência global de desaceleração nos preços da energia, impulsionada, principalmente, pela queda nos valores das commodities energéticas no mercado internacional.
A OLADE destaca que 28 dos 38 países membros da OCDE registraram queda na inflação de energia até março de 2025. A comparação reforça que o comportamento observado na América Latina não é isolado, mas parte de um movimento mais amplo de ajuste dos mercados energéticos globais.
Análise das Commodities e seus Efeitos no Mercado Energético da ALC
A partir desta edição, o relatório da OLADE incorporou uma análise detalhada da relação entre a inflação de energia na América Latina e Caribe e os preços internacionais de commodities energéticas, como petróleo bruto, gás natural e carvão, utilizando dados do Fundo Monetário Internacional (FMI).
Os resultados são reveladores. De janeiro de 2023 a março de 2025, os preços nominais internacionais dessas três principais fontes energéticas registraram queda consistente. No entanto, o comportamento da inflação de energia na América Latina não acompanhou essa tendência na mesma proporção.
Apesar da baixa nos preços internacionais, o índice de inflação energética da ALC em março de 2025 ficou 8,7% acima dos níveis observados em janeiro de 2023. Esse descompasso evidencia que fatores internos, como estruturas tarifárias rígidas, carga tributária elevada, custos operacionais e limitações regulatórias, continuam a exercer pressão sobre os preços finais da energia na região.
Oportunidade para Reformas no Setor Energético
A desaceleração da inflação energética abre uma janela estratégica para governos e agentes do setor discutirem e implementarem políticas públicas capazes de repassar, de forma mais eficiente, os benefícios da queda internacional dos preços para os consumidores locais.
A OLADE sugere que este é um momento oportuno para:
- Avaliar modelos tarifários mais justos e flexíveis.
- Incentivar a adoção de fontes de energia renovável e mais baratas.
- Reduzir distorções tributárias que impactam diretamente o custo da energia.
- Promover investimentos em infraestrutura energética moderna e resiliente.
Além disso, embora a inflação total na região siga uma trajetória de alta, a estabilidade no setor energético pode atuar como um importante fator de equilíbrio macroeconômico, contribuindo para conter os avanços da inflação geral.
Conclusão
O relatório da OLADE revela mais do que uma fotografia econômica momentânea. Ele lança luz sobre um cenário no qual a América Latina e o Caribe têm a chance de transformar desafios estruturais em oportunidades. A combinação de preços internacionais em baixa, inflação energética sob controle e um ambiente global favorável cria condições propícias para avanços nas políticas energéticas da região.
Se corretamente aproveitado, esse contexto poderá significar não apenas tarifas mais acessíveis para os consumidores, mas também um salto na competitividade econômica dos países latino-americanos, ao mesmo tempo em que se reforçam os compromissos com a sustentabilidade e a segurança energética.