Atualização na rotina operacional permite substituição de informações sobre disponibilidade, vento e irradiância na pós-operação, elevando a precisão dos processos de curtailment e encargos do setor elétrico
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deu mais um passo em direção ao aprimoramento da operação do setor elétrico brasileiro ao implementar, no dia 12 de maio, uma nova funcionalidade na Rotina Operacional RO-AO.BR.13, que trata da apuração de restrição de operação por constrained-off de usinas eolioelétricas e fotovoltaicas. A medida permite, de forma inédita, a substituição de dados de disponibilidade eletromecânica, velocidade do vento e irradiância originalmente fornecidos em tempo real, corrigindo falhas que possam ter ocorrido durante a operação.
A atualização, que passou a vigorar em todo o Sistema Interligado Nacional (SIN), representa um avanço técnico e regulatório no tratamento de restrições operativas aplicadas à geração solar e eólica, sobretudo nos momentos em que fatores técnicos, climáticos ou operacionais comprometem o envio correto de dados por parte das usinas.
Com a nova rotina, os agentes de geração poderão solicitar a substituição de dados inconsistentes durante a etapa de pós-operação. Essa substituição, devidamente justificada e validada pelo ONS, será utilizada para os cálculos de encargos operacionais conduzidos pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), assegurando maior aderência entre os dados reportados e a realidade operacional das unidades geradoras.
Mais precisão e eficiência na operação do sistema
Para o diretor de Operação do ONS, Christiano Vieira, a mudança traz impactos positivos não apenas para os agentes do setor, mas também para a governança e a confiabilidade do sistema como um todo.
“Com essa iniciativa, os agentes terão a possibilidade de substituir, durante o processo de apuração de restrição de geração eólica e fotovoltaica, os dados que apresentaram falha no envio em tempo real e que apoiam na operação do sistema”, afirma Vieira.
Em outras palavras, a medida corrige distorções que poderiam penalizar agentes por dados imprecisos ou incompletos, permitindo um cálculo mais justo dos encargos relacionados à restrição de geração por curtailment, prática cada vez mais frequente diante da expansão acelerada das fontes renováveis no Brasil.
Participação em GT de Curtailment e aproximação com o setor
A atualização da rotina operacional não é uma ação isolada. Ela integra um conjunto mais amplo de esforços coordenados pelo ONS para aprimorar a governança e a precisão dos processos de restrição de geração de energia renovável.
O Operador vem atuando ativamente no Grupo de Trabalho de Curtailment, um fórum técnico que busca soluções para os crescentes desafios operacionais relacionados ao despacho de usinas eólicas e solares. Além disso, o ONS tem promovido maior interlocução com o setor, incluindo reuniões com associações de geradores, eventos com representantes das empresas e iniciativas em parceria com o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
O curtailment, ou restrição de geração, ocorre quando uma usina é impedida de gerar energia mesmo havendo recurso natural disponível, seja por limitações de transmissão, segurança operativa ou condições sistêmicas. Em um contexto de ampliação das fontes intermitentes, como a solar e a eólica, garantir que os dados utilizados para justificar essas restrições sejam confiáveis é essencial para a justiça tarifária, a eficiência econômica e a previsibilidade regulatória do setor.
Impactos regulatórios e sinalização positiva ao mercado
A nova funcionalidade sinaliza também a crescente digitalização e sofisticação dos processos operacionais no setor elétrico brasileiro. Ao permitir a substituição dos dados fornecidos em tempo real com base em informações verificadas na pós-operação, o ONS fortalece os pilares de transparência, acurácia e segurança regulatória, alinhando-se às melhores práticas internacionais.
A ação também responde a uma demanda recorrente dos agentes de geração renovável, que enfrentavam dificuldades operacionais para corrigir distorções de dados causadas por falhas técnicas, interferência atmosférica ou problemas de conectividade.
Com isso, o Operador contribui para consolidar um ambiente mais robusto para os investimentos em energia renovável, garantindo que o sistema esteja preparado para lidar com a crescente complexidade da matriz elétrica nacional, que caminha para uma participação cada vez maior de fontes intermitentes e descentralizadas.