Tecnologia baseada em blockchain transforma painéis solares em ativos digitais, permitindo que qualquer pessoa invista em energia renovável com aportes a partir de R$ 50
O setor elétrico brasileiro está vivenciando uma revolução silenciosa, mas de grande impacto, impulsionada por uma inovação que promete democratizar o acesso à energia limpa e impulsionar a transição energética: a tokenização de usinas solares. A nova tecnologia transforma empreendimentos de geração fotovoltaica em ativos digitais fracionáveis, chamados tokens, e permite que investidores de qualquer porte participem diretamente do financiamento e dos lucros de projetos de energia renovável.
A tokenização consiste na digitalização de um ativo físico, no caso, uma usina solar, em partes negociáveis por meio da tecnologia blockchain, o mesmo sistema que sustenta criptomoedas como o Bitcoin. Cada token representa uma fração do empreendimento e concede ao investidor direitos proporcionais, seja sobre a energia gerada ou sobre a receita obtida com sua comercialização.
A proposta rompe com a lógica tradicional, em que o financiamento de projetos energéticos dependia exclusivamente de grandes grupos econômicos, bancos e fundos de investimento. Agora, pessoas físicas com recursos modestos podem se tornar sócias de usinas solares, contribuindo ativamente com a expansão da energia renovável no país.
“Queremos acabar com a ideia de que investir em energia renovável é algo exclusivo de grandes empresas. A tokenização permite que qualquer brasileiro possa ser dono de uma fração de uma usina solar e, com isso, participe diretamente da transição energética”, afirma Michel Kazmierski, cofundador da IPE Assets, uma das pioneiras desse modelo no Brasil.
Um novo modelo de inclusão financeira e energética
Com aportes a partir de R$ 50, os tokens digitais da IPE Assets tornam o investimento em energia solar acessível e desburocratizado, especialmente para um público jovem e conectado. Os contratos são gerenciados por smart contracts (contratos inteligentes) no blockchain, o que garante transparência, segurança, rastreabilidade e agilidade nas transações.
A primeira usina solar viabilizada por esse modelo foi construída em Santa Catarina, em parceria com a TAB Energia, e teve 100% do financiamento obtido via tokenização. O sucesso da iniciativa levou à implantação de mais três usinas, sendo que a quarta está atualmente em construção e já com tokens disponíveis para investimento.
De acordo com Kazmierski, a inovação vai além da tecnologia. “Não se trata apenas de uma mudança operacional, mas de uma transformação cultural no setor energético e financeiro. Estamos falando de inclusão financeira com impacto ambiental positivo.”
Rendimento atrativo e impacto duradouro
Para os investidores, a proposta oferece perspectiva de retorno sustentável no longo prazo. A expectativa média de rendimento é de 37,1% ao ano, com contratos estimados em 30 anos de duração. Isso representa uma alternativa real à tradicional poupança ou até mesmo a alguns investimentos de renda variável, com o diferencial de promover impacto ambiental positivo e contribuição para o desenvolvimento sustentável.
Além dos ganhos financeiros, os participantes têm a oportunidade de apoiar diretamente a expansão da energia solar no Brasil, uma das fontes mais promissoras do cenário energético atual. Segundo dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), a geração distribuída solar já ultrapassa 25 GW de capacidade instalada, mas ainda há um enorme potencial inexplorado, especialmente em regiões com alta irradiação solar e baixa penetração de energias renováveis.
Blockchain, sustentabilidade e participação popular
O avanço da tokenização também está alinhado com tendências globais de inovação financeira e sustentabilidade, como os conceitos de “Finanças Verdes”, “Economia Descentralizada (DeFi)” e “Web3”. A descentralização da propriedade de ativos físicos, viabilizada pelo blockchain, representa uma nova forma de pensar não apenas o mercado de energia, mas o próprio papel do cidadão na transição energética.
Ao permitir que milhares de brasileiros se tornem co-investidores em infraestrutura energética limpa, o modelo também fortalece o conceito de comunidades energéticas, que poderão, no futuro, ser responsáveis pela geração, consumo e até comercialização local de energia.
A iniciativa da IPE Assets, somada a outras que surgem em diferentes regiões do país, indica que a tokenização pode ser um instrumento estratégico para acelerar a meta brasileira de neutralidade de carbono e tornar a energia renovável não apenas mais presente, mas também mais participativa.
