Diplomata com sólida atuação internacional substituirá André Corrêa do Lago e será peça central na articulação brasileira para a COP30 e a presidência do G20
Em um momento crucial para a diplomacia ambiental e energética brasileira, o governo federal oficializou nesta sexta-feira (16) a nomeação de Mauricio Lyrio como novo Secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores (MRE). A medida foi publicada no Diário Oficial da União e assinada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), consolidando uma das mudanças mais estratégicas do Itamaraty em 2025.
Lyrio assume a pasta no lugar de André Aranha Corrêa do Lago, que se dedicará integralmente à presidência da COP30, marcada para ocorrer entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém, no Pará. A conferência será um dos eventos mais relevantes do calendário diplomático global, reunindo chefes de Estado, cientistas, representantes do setor privado e da sociedade civil para discutir os rumos do combate à crise climática.
A substituição ocorre num cenário de alta visibilidade para o Brasil, que ocupa simultaneamente a presidência do G20 – grupo que reúne as principais economias do planeta – e o papel de anfitrião da próxima cúpula climática da ONU.
Perfil técnico e experiência internacional
Mauricio Lyrio é diplomata de carreira, com formação em Comunicação Social e mestrado em Relações Internacionais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ). Desde abril de 2023, exercia o cargo de Secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty. Também atua como sherpa do Brasil no G20, coordenando a posição brasileira nas negociações econômicas do grupo.
Sua trajetória internacional inclui funções de destaque: foi embaixador do Brasil na Austrália (2021–2023) e no México (2018–2021). No Itamaraty, ocupou cargos estratégicos como chefe de gabinete do ministro das Relações Exteriores (2016–2017), secretário de Planejamento Diplomático (2013–2016), e porta-voz do MRE, além de ter servido como ministro-conselheiro junto à ONU.
Entre suas funções recentes, destacou-se por liderar as negociações brasileiras em organismos multilaterais como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), além de participar das tratativas comerciais do Mercosul.
Clima e energia como prioridade da diplomacia brasileira
Ao assumir a Secretaria de Clima, Energia e Meio Ambiente, Lyrio ficará responsável por coordenar a política externa brasileira em áreas cada vez mais sensíveis à geopolítica global, como descarbonização, financiamento climático, segurança energética, acesso à tecnologia verde e comércio de créditos de carbono.
A nomeação também reforça o compromisso do Brasil com uma atuação diplomática sólida e integrada, especialmente num contexto em que a sustentabilidade se tornou pilar central das relações internacionais, do comércio exterior e dos investimentos privados.
Com a COP30 no horizonte, espera-se que Lyrio desempenhe papel chave na articulação com países do Norte e do Sul global, ajudando a construir consensos sobre metas climáticas mais ambiciosas e formas viáveis de financiamento para países em desenvolvimento. Sua presença na secretaria dá continuidade à política ambiental liderada por André Corrêa do Lago, ao mesmo tempo em que traz uma abordagem mais técnica e pragmática à interlocução internacional.
Brasil em evidência: G20 e COP30 sob os olhos do mundo
A diplomacia brasileira estará sob forte escrutínio este ano. Como presidente do G20, o Brasil tem buscado pautar temas como transição energética justa, tributação internacional verde, erradicação da pobreza e segurança alimentar e climática.
A escolha de Lyrio, que já representa o país nas negociações do G20, reforça a necessidade de alinhamento estratégico entre clima, energia, economia e meio ambiente, áreas que historicamente estiveram fragmentadas na política externa global.
Na COP30, por sua vez, o Brasil terá a responsabilidade de mediar os avanços do Acordo de Paris, em especial no que diz respeito à redução das emissões globais até 2030 e à definição de um novo marco financeiro para o clima. Com sua experiência internacional, Lyrio deve ajudar o Itamaraty a atuar como ponte entre as nações desenvolvidas e em desenvolvimento, defendendo uma transição energética mais justa e inclusiva.