Grupo de Trabalho Bilateral avalia interconexão de infraestruturas e promove seminário com participação de autoridades e especialistas da América do Sul
Em mais um passo concreto rumo à consolidação de uma infraestrutura energética integrada e estratégica para a América do Sul, os governos do Brasil e da Argentina realizaram nesta quarta-feira (15/5), em Brasília, mais uma reunião do Grupo de Trabalho Bilateral (GTB), mecanismo estabelecido com o objetivo de desenvolver ações coordenadas no setor de gás natural.
A reunião é fruto do Memorando de Entendimento assinado entre os dois países em novembro de 2024, que estabelece diretrizes para o desenvolvimento conjunto de projetos de infraestrutura, interconexão e exportação de gás natural. O encontro contou com a participação do secretário Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do MME, Pietro Mendes, e da secretária de Energia da Nação da Argentina, María Tettamanti, além de técnicos e representantes do setor.
Progresso técnico e diálogo com setor privado
Durante a reunião, os representantes dos dois países destacaram os avanços do Comitê Técnico, responsável por mapear alternativas viáveis de interligação entre os sistemas de gás natural do Brasil e da Argentina, com potencial de ampliação para outros países vizinhos, como a Bolívia.
As discussões têm como foco a identificação de corredores energéticos estratégicos, capazes de facilitar o escoamento do gás natural argentino, especialmente da região de Vaca Muerta, uma das maiores reservas de gás não convencional do mundo, para o Brasil, um dos maiores mercados consumidores da América Latina.
Além da análise técnica, o GTB tem buscado uma interlocução ativa com o setor privado, entendendo que a integração energética só será possível com a participação conjunta de governos, empresas de infraestrutura, transportadoras, distribuidoras e consumidores.
“Estamos promovendo um esforço coordenado entre os países e seus setores produtivos para transformar o gás natural em um vetor de competitividade, segurança energética e integração regional”, afirmou Pietro Mendes.
Seminário regional reunirá Brasil, Argentina e Bolívia
Como parte dos esforços para consolidar essa integração, os países promoverão, no próximo dia 22 de maio, o seminário “Desafios e Soluções para a Integração Gasífera Regional”, que acontecerá no auditório do subsolo do Ministério de Minas e Energia (MME), em Brasília.
Confirmaram presença no evento a própria secretária María Tettamanti e o subsecretário de Hidrocarbonetos da Argentina, Federico Veller, além de autoridades brasileiras e bolivianas, especialistas do setor, representantes da cadeia produtiva do gás natural, operadores logísticos e investidores.
O seminário contará com painéis temáticos sobre:
- Oferta e produção de gás natural na região
- Infraestrutura de transporte e interconexões
- Modelos de comercialização e regulação
- Serviços locais de distribuição
- Papel do consumo na consolidação da integração
O evento promete ser um marco para o debate estratégico sobre a integração energética sul-americana, ao reunir os principais atores institucionais e privados em torno de soluções técnicas, regulatórias e comerciais.
Gás natural como vetor da transição energética
A cooperação entre Brasil e Argentina insere-se em um contexto mais amplo de busca por segurança energética regional, aproveitando as complementaridades entre os países: a Argentina como produtor crescente, e o Brasil como grande consumidor e operador de uma malha de distribuição ampla e em expansão.
Além da relevância econômica, o gás natural é considerado um combustível de transição, com papel-chave na substituição de fontes mais poluentes, como o carvão, e no suporte à expansão de fontes renováveis intermitentes, como solar e eólica.
“Integrar as infraestruturas de gás natural da América do Sul é construir pontes para uma energia mais limpa, acessível e segura para toda a região”, declarou Tettamanti.
Com a articulação técnica em andamento e a realização do seminário, Brasil e Argentina sinalizam ao mercado e à sociedade que estão comprometidos com uma agenda de cooperação energética pragmática, sustentável e regionalmente integrada.