Queda na produção, efeitos de curtailment e falhas na transmissão pressionam resultado financeiro da companhia de energia renovável
A Serena Energia, anteriormente conhecida como Ômega Energia, divulgou nesta quinta-feira (15) os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, revelando um prejuízo líquido de R$ 155,5 milhões, revertendo o lucro de R$ 135,5 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. O desempenho negativo foi atribuído a uma combinação de redução no resultado operacional, aumento das despesas financeiras e efeitos extraordinários ligados a limitações na infraestrutura de transmissão (curtailment).
A publicação do balanço vem em um momento desafiador para o setor de energia renovável, que tem enfrentado, além da volatilidade de preços no mercado livre, gargalos estruturais na malha de escoamento da geração renovável. No caso da Serena, o impacto dessas limitações foi significativo: a produção de energia somou 1.899 GWh, uma queda de 2,7% em relação ao primeiro trimestre de 2024, ainda que a empresa afirme que, sem os efeitos do curtailment, o volume teria registrado crescimento de 9%.
Receita cresce 68%, impulsionada por maior volume de vendas
Apesar do resultado líquido negativo, a companhia apresentou um crescimento expressivo em suas receitas operacionais, que atingiram R$ 1,15 bilhão entre janeiro e março, um salto de 68% em relação ao mesmo período de 2024. Esse desempenho foi sustentado por um aumento de 100% no volume de energia comercializada, que alcançou 2.377 GWh no trimestre.
A estratégia da Serena de ampliar sua atuação no mercado livre de energia e diversificar contratos contribuiu para esse avanço. Ainda assim, o crescimento da receita não foi suficiente para compensar a retração da produção em parte dos seus ativos renováveis e o peso das despesas financeiras.
Redução do Ebitda e aumento da dívida líquida
O resultado operacional da empresa também foi impactado: o Ebitda totalizou R$ 354,4 milhões, uma queda de 48% na comparação com o primeiro trimestre do ano anterior. Na versão ajustada, que exclui itens extraordinários, o Ebitda foi de R$ 310,3 milhões, representando uma retração de 16%.
A dívida líquida da Serena fechou o trimestre em R$ 8,72 bilhões, o que representa uma alta de 2% em 12 meses, e uma alavancagem de 4,5 vezes, frente a 5 vezes no mesmo período de 2024. A empresa mantém um caixa robusto, com R$ 1,82 bilhão disponíveis, número 17% superior ao registrado no ano anterior.
Curtailment continua sendo desafio crítico para renováveis
Os efeitos de curtailment têm se tornado um dos principais desafios para a expansão da geração renovável no Brasil. Embora Serena não tenha detalhado os ativos mais afetados, o impacto sobre a produção e o resultado reforça a urgência de investimentos em infraestrutura de transmissão e planejamento setorial.
A queda na produção da Serena ocorre num contexto em que diversas empresas renováveis enfrentam dificuldades semelhantes, pressionando seus resultados financeiros e influenciando decisões de investimento. O cenário também chama atenção para a necessidade de maior coordenação entre expansão da geração e da rede elétrica, tema recorrente em fóruns do setor e que deve ganhar ainda mais relevância na agenda da transição energética nacional.
Perspectivas e foco estratégico
Mesmo com os desafios de curto prazo, a Serena mantém sua estratégia de crescimento no setor de renováveis. A empresa aposta na otimização de ativos, entrada em novos projetos e maior inserção no mercado livre como alicerces para recuperação financeira e ampliação da sua presença no setor energético.
A expectativa é que, com a mitigação dos impactos não recorrentes e eventuais avanços na malha de transmissão, a companhia retome a trajetória de geração de valor e de resultados positivos ao longo de 2025.