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Aeris Energy registra prejuízo de R$ 94,5 milhões no 1º trimestre e revê estratégias diante de retração nas receitas

Fabricante de pás eólicas acumula perdas maiores em comparação anual e sente impacto de contratos descontinuados, mudança de foco de clientes e sazonalidade internacional

A Aeris Energy (AERI3), uma das principais fabricantes de pás eólicas do Brasil, divulgou nesta semana os resultados financeiros do primeiro trimestre de 2025, marcados por um prejuízo líquido de R$ 94,5 milhões, o que representa um aumento de 129,2% em relação ao mesmo período de 2024. A companhia, no entanto, conseguiu reduzir 88,7% das perdas em relação ao quarto trimestre de 2024, quando os resultados foram fortemente afetados por impairments — perdas contábeis relacionadas à descontinuidade de três contratos.

A companhia vem enfrentando desafios operacionais e financeiros, num cenário em que o mercado eólico, especialmente o nacional, passa por transformações. A receita líquida do trimestre foi de R$ 210,4 milhões, uma retração de 59,2% na comparação anual e uma leve queda de 0,5% frente ao quarto trimestre de 2024.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também recuou de forma significativa: totalizou R$ 11,4 milhões entre janeiro e março, redução de 73,3% em relação ao mesmo intervalo do ano anterior. Apesar da queda expressiva, o valor representou uma reversão do Ebitda negativo de R$ 1,6 milhão registrado no último trimestre de 2024, sugerindo algum alívio operacional.

Queda na receita e foco no mercado interno

O desempenho da receita reflete um conjunto de fatores adversos, incluindo a concentração da demanda no mercado interno e a sazonalidade nos contratos internacionais. Segundo comunicado da Aeris, 64,2% da receita com pás eólicas no trimestre veio do mercado interno, enquanto o mercado externo representou apenas 11,6%, resultado de uma “mudança estratégica do cliente”.

O segmento de serviços, que vem ganhando relevância nas operações da companhia, representou 17,7% da receita no período, mas também foi impactado pela sazonalidade, especialmente nos Estados Unidos. Historicamente, os primeiros três meses do ano apresentam menor volume de negócios nesse segmento, o que reforça a dificuldade de diversificação das receitas da empresa nesse intervalo.

A Aeris também destacou a operação de duas linhas de produção ainda não maduras, o que limita a performance em sua capacidade total. Ainda assim, o potencial máximo de ordens cobertas por contratos de longo prazo foi de 6,6 gigawatts (GW), sinalizando que a empresa mantém perspectivas relevantes para o médio e longo prazos, mesmo diante do atual desaquecimento operacional.

Estratégia e contexto do setor

A empresa enfrenta um momento desafiador num setor que, embora estratégico para a transição energética, tem sofrido com volatilidades contratuais e regulatórias. A descontinuidade de contratos e o impairment registrado anteriormente refletem o cenário de reestruturação de fornecedores e adaptação à dinâmica dos novos leilões e do mercado livre de energia.

Além disso, o foco crescente em produção nacional pode indicar uma recalibração da estratégia comercial, considerando as incertezas logísticas e econômicas em mercados externos.

A Aeris é uma das poucas companhias listadas na B3 com atuação direta na cadeia de fornecimento da energia eólica, segmento crucial para o Brasil atingir suas metas de descarbonização e expansão de energias renováveis. Apesar dos resultados negativos, analistas do mercado ainda acompanham a companhia como um dos players com maior potencial de retomada, a depender da estabilização contratual e do avanço da demanda por infraestrutura de energia limpa.

Perspectivas

Embora o primeiro trimestre de 2025 tenha sido marcado por perdas expressivas, a Aeris demonstra esforços para estabilizar sua estrutura operacional e avançar na consolidação de contratos de longo prazo. A reversão do Ebitda negativo e a manutenção de contratos que cobrem 6,6 GW indicam potencial de recuperação, especialmente com a retomada de projetos eólicos no Brasil e na América Latina.

O desempenho futuro da companhia estará atrelado à capacidade de diversificação de receitas, aumento da eficiência operacional e reconquista de espaço no mercado internacional, sobretudo nos Estados Unidos, onde a demanda por infraestrutura renovável pode se intensificar nos próximos trimestres.

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