Agenda divulgada pelo MME e EPE contempla projetos estratégicos para integração regional, avanço do hidrogênio verde, conexão de data centers e cooperação internacional com países vizinhos
O Ministério de Minas e Energia (MME) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) divulgaram, nesta terça-feira (6/05), a agenda de estudos para o planejamento da transmissão de energia elétrica em 2025. O cronograma, que orientará as ações estratégicas do setor elétrico brasileiro ao longo do ano, prevê 37 estudos técnicos distribuídos por todas as regiões do país, com o objetivo de identificar as necessidades de expansão, reforço e modernização do sistema de transmissão nacional.
Entre os estudos programados, 15 são inéditos, enquanto 22 correspondem à continuidade de análises iniciadas em 2024 e que ainda estão em andamento. A agenda foi elaborada com base no monitoramento contínuo da evolução da demanda, da geração e das transformações estruturais do setor, incluindo novos vetores como o hidrogênio verde, a digitalização da economia e o aumento da integração energética internacional.
A iniciativa reafirma o compromisso do MME e da EPE com o planejamento energético sustentável e eficiente, garantindo que o crescimento da infraestrutura elétrica acompanhe as transformações tecnológicas, industriais e ambientais em curso no país.
Interligação regional e hidrogênio verde no Nordeste
Um dos destaques da agenda é o conjunto de estudos voltados à expansão das interligações regionais, com ênfase na capacidade de exportação de energia do Nordeste para outras regiões do país. O Estudo 1, por exemplo, trata do aumento da capacidade de escoamento da geração renovável da região — marcada pela forte presença de usinas eólicas e solares — em direção ao Sudeste e ao Centro-Oeste, ampliando a segurança e a eficiência do Sistema Interligado Nacional (SIN).
Outro tema estratégico em análise é a viabilidade da inserção de cargas de hidrogênio no sistema de transmissão nordestino, abordada no Estudo 9. A proposta considera a crescente demanda por infraestrutura adequada à produção e ao transporte de hidrogênio verde, vetor essencial da transição energética e da descarbonização da matriz industrial. A conclusão desses estudos está prevista para 2025.
Conexão de data centers e atendimento ao setor digital
Com o avanço da digitalização da economia e a expansão acelerada do mercado de data centers no Brasil, a agenda também contempla estudos específicos para viabilizar a conexão elétrica de grandes centros de processamento de dados. Os Estudos 27, 28 e 32 analisam a infraestrutura necessária para atender à demanda crescente por energia confiável e robusta nos estados de São Paulo e da região Sul, onde se concentram importantes polos tecnológicos.
Essa frente de atuação reflete a preocupação do planejamento energético em acompanhar os movimentos da indústria digital, que depende de fornecimento ininterrupto de energia de alta qualidade para operar com segurança e eficiência.
Segurança energética na região Norte e integração internacional
Na região Norte do Brasil, os Estudos 4 e 6 avaliam alternativas estruturais para o suprimento de energia aos estados do Amazonas, Amapá e Roraima, que enfrentam desafios logísticos e de infraestrutura devido à extensão territorial e à complexidade geográfica.
Já o Estudo 5 trata da viabilidade da integração elétrica entre Brasil e Venezuela, especialmente após a tão aguardada conexão de Roraima ao Sistema Interligado Nacional (SIN). A medida busca consolidar a segurança energética na região e reforçar a resiliência do sistema elétrico nacional diante de eventos climáticos e operacionais extremos.
Outro ponto de destaque na agenda é o Estudo 31, que trata da possível interligação energética entre Brasil e Bolívia, sinalizando o interesse estratégico do país em ampliar a cooperação regional e construir sinergias com os vizinhos sul-americanos no campo da energia elétrica.
Planejamento técnico e transparência
A programação completa dos estudos pode ser acessada por meio do link oficial da EPE. O documento detalha os objetivos, prazos e abrangência de cada estudo, promovendo a transparência e o alinhamento com os agentes do setor elétrico, investidores e a sociedade civil.
A partir dessa base técnica, o governo federal estrutura políticas públicas e licitações de infraestrutura que garantem a expansão equilibrada do sistema elétrico brasileiro.