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Cade aprova venda da Equatorial Transmissão à Verene Energia por até R$ 9,4 bilhões

Negócio bilionário ainda depende de aval da Aneel e marca a entrada definitiva da canadense CDPQ no setor de transmissão brasileiro, enquanto Equatorial reposiciona seu portfólio

A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (SG/Cade) aprovou, sem restrições, a aquisição da Equatorial Transmissão, braço de transmissão da Equatorial Energia, pela Verene Energia — companhia controlada pela canadense CDPQ (Caisse de dépôt et placement du Québec). O valor da transação pode atingir até R$ 9,395 bilhões, conforme comunicado ao mercado feito pela Equatorial no início de abril. O negócio agora segue para avaliação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), cuja aprovação é necessária para sua efetivação.

A operação representa um movimento estratégico importante tanto para o grupo canadense quanto para a Equatorial, e confirma a atratividade do setor de infraestrutura elétrica brasileiro no radar de investidores estrangeiros. A Verene Energia, embora pouco conhecida do público, é uma holding criada pela CDPQ justamente para consolidar investimentos em ativos de transmissão no país.

Segundo a Equatorial Energia, a alienação da Equatorial Transmissão representa o fechamento de um ciclo de forte geração de valor no segmento, permitindo à companhia redirecionar capital para outras frentes estratégicas.

“A operação conclui um ciclo muito lucrativo de alocação de capital no segmento de transmissão e abre espaço para novas direções de crescimento”, informou a empresa em nota oficial.

Com os recursos da venda, a Equatorial pretende acelerar seu processo de desalavancagem, especialmente após um ciclo recente de aquisições, além de avaliar novas oportunidades de crescimento — sejam elas orgânicas ou via aquisições (crescimento inorgânico). Também está no radar da companhia a possibilidade de remunerar seus acionistas por meio de dividendos e juros sobre capital próprio.

O apetite canadense pela transmissão brasileira

Para a CDPQ, uma das maiores gestoras de fundos de pensão do Canadá, com mais de US$ 400 bilhões em ativos sob gestão, o negócio reforça sua aposta no setor elétrico brasileiro. A instituição já possui participação em outros ativos de infraestrutura no país e tem demonstrado interesse específico por segmentos com perfil de receita estável e de longo prazo — características intrínsecas à transmissão de energia.

A criação da Verene Energia simboliza esse compromisso de longo prazo com o mercado brasileiro. A holding foi estruturada para abrigar investimentos no segmento de transmissão e, com a compra da Equatorial Transmissão, ganha musculatura e relevância no setor.

Consolidação e reposicionamento estratégico

A venda da Equatorial Transmissão não é um movimento isolado, mas parte de uma estratégia mais ampla de reposicionamento da Equatorial Energia, que busca focar em ativos com maior sinergia com suas operações centrais ou com maior retorno esperado. Ao desinvestir de uma área madura e de fluxo de caixa previsível, como a transmissão, a empresa amplia sua flexibilidade para explorar mercados mais dinâmicos, como distribuição, geração renovável e digitalização de redes.

Nos últimos anos, a Equatorial tem expandido sua atuação para além da distribuição de energia — sua atividade original — investindo também em saneamento básico, telecomunicações e geração renovável. O foco agora se volta à consolidação dessas novas frentes e ao fortalecimento da estrutura de capital da empresa.

Perspectivas e próximos passos

Embora a aprovação do Cade represente um passo importante, a conclusão do negócio ainda depende da autorização da Aneel, que avaliará aspectos regulatórios e operacionais da operação. A expectativa é de que a análise ocorra nos próximos meses, dada a relevância e complexidade do ativo envolvido.

Se concretizada, a transação não apenas marcará um dos maiores negócios do setor de infraestrutura elétrica brasileiro em 2025, como também simbolizará uma nova etapa de maturidade para o setor, com maior participação de investidores institucionais internacionais em ativos estratégicos do país.

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