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Governo Trump propõe cortes bilionários em energia limpa e prioriza fontes fósseis em novo plano orçamentário

Proposta de orçamento para 2026 prevê retirada de mais de US$ 20 bilhões de projetos de energia renovável e infraestrutura para veículos elétricos, realocando recursos para petróleo, gás e carvão

Em um movimento que reacende o debate sobre os rumos da política energética dos Estados Unidos, o governo do presidente Donald Trump apresentou nesta semana uma proposta orçamentária que prevê cortes expressivos em iniciativas federais voltadas à energia renovável e à infraestrutura de veículos elétricos (VE). A medida integra um plano mais amplo que busca reduzir os gastos federais não militares em US$ 163 bilhões até 2026.

Segundo o documento enviado ao Congresso, a proposta visa eliminar mais de US$ 15 bilhões destinados à captura de carbono e ao desenvolvimento de fontes renováveis, valores originalmente alocados pela Lei de Infraestrutura Bipartidária, sancionada durante o governo do presidente Joe Biden em 2021. Além disso, o plano prevê a retirada de US$ 6 bilhões previstos para a instalação de carregadores de veículos elétricos.

Redução da intervenção estatal e foco no mercado

A proposta orçamentária reflete a visão tradicional da ala republicana liderada por Trump, que defende menos intervenção estatal e maior protagonismo do setor privado na definição das prioridades energéticas. Em declaração oficial, a Casa Branca sob gestão republicana criticou os resultados obtidos pelos investimentos da administração Biden, classificando-os como ineficientes e excessivamente regulados.

Segundo a nota, os investimentos realizados até o momento resultaram em poucos carregadores efetivamente instalados, com o fracasso atribuído a um foco considerado excessivo em “justiça climática” e diretrizes regulatórias que “engessam a capacidade de execução”. A nova proposta sugere que os carregadores de VEs deveriam ser instalados “nos moldes de postos de gasolina”, com financiamento privado impulsionado por demanda de mercado.

Mudança de foco para combustíveis fósseis e nuclear

Outra medida expressa no plano orçamentário é o redirecionamento de recursos dentro do Departamento de Energia para áreas de pesquisa e desenvolvimento de tecnologias ligadas a fontes convencionais, como petróleo, gás natural, carvão mineral, reatores nucleares e combustíveis nucleares avançados.

Embora os detalhes sobre essa redistribuição não tenham sido divulgados, a mudança sinaliza uma reorientação estratégica do governo federal em favor das fontes fósseis e da energia nuclear como pilares da segurança energética norte-americana.

Repercussão e críticas no setor energético

A proposta gerou reações imediatas no setor energético e entre especialistas em clima. Para analistas, a eliminação de verbas para tecnologias limpas representa um retrocesso significativo na trajetória de transição energética dos EUA, especialmente em um momento em que outros países avançam com metas ambiciosas para reduzir emissões e eletrificar suas economias.

Organizações ambientais também alertaram para o risco de enfraquecimento da posição global dos Estados Unidos como líder na ação climática. A possível reversão nos investimentos em energia limpa pode comprometer o progresso conquistado nos últimos anos, que incluiu a reentrada dos EUA no Acordo de Paris, o estímulo à produção de hidrogênio verde e a expansão da mobilidade elétrica.

Por outro lado, defensores do plano argumentam que o orçamento busca priorizar a segurança energética, conter gastos e estimular inovação com base em competitividade de mercado, em vez de depender de subsídios estatais.

Implicações e próximos passos

Embora a proposta represente uma declaração clara de prioridades políticas, o orçamento final ainda dependerá de aprovação do Congresso, onde negociações intensas devem ocorrer. Historicamente, as propostas presidenciais passam por alterações significativas durante o processo legislativo.

A depender dos resultados das eleições presidenciais de 2024, o rumo da política energética norte-americana poderá ser alterado de forma drástica. Uma vitória republicana poderá acelerar a implementação desse novo modelo, enquanto uma reeleição democrata deverá reforçar os investimentos em transição energética.

A discussão sobre o papel do Estado, do mercado e da justiça climática promete dominar os próximos meses nos fóruns de política energética e ambiental.

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