Sexta-feira, Abril 25, 2025
22.6 C
Rio de Janeiro

Indústria reage à proposta de retirada de subsídios à energia solar em nome da tarifa social

FIEMS alerta para prejuízos ao setor produtivo, perda de competitividade e desaceleração na geração de empregos

A proposta de reforma do setor elétrico, recentemente encaminhada pelo Ministério de Minas e Energia (MME) à Casa Civil, acendeu o alerta em diferentes segmentos da sociedade, especialmente entre os defensores da transição energética e do desenvolvimento sustentável. O texto, que ainda será analisado pelo Congresso Nacional, sugere, entre outras medidas, a retirada de subsídios concedidos à geração de energia solar como forma de ampliar os recursos destinados à tarifa social de energia elétrica, beneficiando até 60 milhões de brasileiros em situação de vulnerabilidade.

A proposta gerou preocupação no setor industrial, sobretudo no segmento que investe em geração distribuída e energia fotovoltaica. Um dos principais críticos é o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (FIEMS), Sérgio Longen, que classificou a medida como “um retrocesso” nas políticas públicas de incentivo à energia limpa.

“Mais uma vez, o Brasil enfrenta um problema e a solução apresentada é retirar de um para dar a outro”, afirmou Longen. “Já são cerca de 60 milhões de pessoas beneficiadas com assistência social, e agora o ministro propõe retirar um incentivo importante para o setor elétrico, encarecendo a energia solar, para transferir esse recurso a outro grupo. Essa lógica precisa ser repensada.”

Transição energética em xeque

De acordo com o presidente da Fiems, a energia solar representa uma das principais apostas nacionais para a descarbonização da matriz energética e para o fortalecimento da independência energética do país. O Brasil já conta com mais de 38 GW de potência instalada em geração distribuída, sendo a maior parte proveniente de painéis solares instalados em residências, comércios, indústrias e propriedades rurais.

“O setor fotovoltaico tem sido estratégico para o desenvolvimento sustentável, e não podemos inviabilizar seu crescimento”, reforçou Longen. Ele defende que a retirada de incentivos compromete a atratividade de novos investimentos, reduz a competitividade do setor e pode afetar a geração de empregos em toda a cadeia produtiva da energia solar.

A disputa por subsídios no setor elétrico

O cerne da proposta apresentada pelo MME é realocar os recursos usados hoje para subsidiar a geração distribuída – especialmente a energia solar, para ampliar a Tarifa Social de Energia Elétrica (TSEE), que concede descontos de até 65% na conta de luz de famílias de baixa renda.

Segundo o governo, a proposta busca equilibrar os encargos do setor, promovendo maior justiça tarifária. No entanto, especialistas apontam que a retirada repentina dos incentivos pode desestruturar um setor que ainda está em consolidação, e que tem contribuído não só para a sustentabilidade, mas também para o alívio da rede elétrica e para a diversificação da matriz energética.

Impactos no setor produtivo

As federações industriais de diversos estados têm alertado que o fim dos subsídios pode onerar pequenos e médios empreendedores, que investiram em geração própria de energia como forma de reduzir custos e aumentar a previsibilidade financeira de seus negócios.

No caso de Mato Grosso do Sul, Longen destaca que a energia solar vem sendo usada para promover competitividade na indústria local e para ampliar a eficiência energética no agronegócio e na produção rural. “É um movimento que precisa ser incentivado, e não penalizado”, declarou.

O que esperar do Congresso

A proposta de reforma ainda será avaliada pelo Congresso Nacional, onde deve passar por amplo debate com representantes do setor elétrico, entidades da sociedade civil, associações de consumidores e lideranças políticas. Dada a sensibilidade do tema, especialistas esperam ajustes no texto para conciliar a ampliação da tarifa social com a continuidade dos incentivos à geração renovável descentralizada.

O desafio será encontrar um equilíbrio entre a inclusão social e o desenvolvimento sustentável, sem inviabilizar a expansão de uma das fontes de energia mais promissoras do país.

Destaques

MME abre consulta pública para unificar regras do mercado de gás natural e atrair investimentos

Iniciativa do MME visa eliminar insegurança jurídica e promover...

Belo Monte avalia construção de nova barragem para elevar regularidade da geração de energia no Xingu

Estudo em fase inicial considera reservatório sem geradores para...

Preço da energia solar sobe no Brasil, mas ainda é 7% mais barato que há um ano

Equipamentos fotovoltaicos ficam mais caros e elevam o custo...

Projeto em Pernambuco utiliza pela primeira vez no país rastreador solar NX Horizon-XTR™

Tecnologia ajustável ao terreno diminui escavações, preserva a vegetação...

Últimas Notícias

Fórum GD Sudeste chega ao Rio de Janeiro com foco em...

Com realização prevista para maio, evento reunirá especialistas para...

ISA ENERGIA BRASIL avança em projeto estratégico e energiza trecho essencial...

Seccionamento da linha Ibiúna–Tijuco Preto amplia confiabilidade da Subestação...

Copa Energia reforça compromisso com inovação e sustentabilidade ao patrocinar o...

Presença pelo segundo ano consecutivo no maior evento de...

MME abre consulta pública para unificar regras do mercado de gás...

Iniciativa do MME visa eliminar insegurança jurídica e promover...

ANEEL aciona bandeira amarela em maio e alerta para aumento no...

Redução das chuvas marca transição para o período seco...

Chile inaugura maior parque de baterias da América Latina e evidencia...

Instalação de 200 MW em sistemas de armazenamento no...

Artigos Relacionados

Categorias Populares