Tecnologia ajustável ao terreno diminui escavações, preserva a vegetação e economiza mais de US$ 1 milhão em CAPEX
Em meio ao cenário desafiador do semiárido nordestino, o Complexo Solar Serrita, no sertão de Pernambuco, estabeleceu um marco na transição energética brasileira ao se tornar o primeiro empreendimento no país a utilizar a tecnologia NX Horizon-XTR™, da norte-americana Nextracker. O sistema inovador de rastreamento solar permite adaptação ao relevo natural, o que reduz de forma significativa o nivelamento de solo, os custos de implantação e os impactos ambientais da construção.
Com uma capacidade instalada de 68,8 megawatts (MW), o projeto desenvolvido pela EPC Elecnor não apenas superou os desafios topográficos característicos do semiárido pernambucano, como também evidenciou o potencial da engenharia solar de ponta para viabilizar empreendimentos em áreas de geografia complexa. A adoção dos rastreadores solares NX Horizon-XTR™, capazes de se adaptar a terrenos inclinados e rochosos, permitiu a redução em 50% das atividades de nivelamento, eliminando a necessidade de explosivos e resultando em uma economia superior a US$ 1 milhão em custos de capital (CAPEX).
Segundo Renan Lucas Ganassini, diretor de Projetos Renováveis da Elecnor, o diferencial do projeto está na capacidade de aliar inovação à eficiência operacional. “A instalação foi mais rápida e fácil devido às alturas predefinidas das estacas e à flexibilidade do XTR, que se adapta às condições naturais do terreno, eliminando a necessidade de grandes intervenções no solo”, afirma.
Tecnologia de rastreamento adaptativo: inovação com propósito ambiental
O uso do NX Horizon-XTR™ permitiu uma redução de cerca de 65 mil metros cúbicos em terraplanagem. A solução substitui os métodos tradicionais que exigiriam escavação em solo de Categoria 3, caracterizado por rochas duras e elevado grau de dificuldade. Ao evitar o uso intensivo de explosivos, o projeto reduziu drasticamente os riscos ambientais e os custos associados ao licenciamento ambiental.
Para o gerente de engenharia da Nextracker, Lucas Kauer, a escolha do XTR foi decisiva para viabilizar a execução da usina: “Em uma região com clima árido, vegetação de caatinga e geologia rochosa, a tecnologia convencional não ofereceria a flexibilidade necessária. O XTR resolve esse gargalo ao acompanhar o relevo, com impacto mínimo sobre o ecossistema”.
A adoção da solução também contribuiu para preservar a vegetação nativa, reduzindo a necessidade de reflorestamento posterior. Ao menos 50% dos componentes utilizados, como estacas, tubos de torque e Controladores Autônomos (SPCs), foram adquiridos no Brasil, garantindo conformidade com os requisitos de financiamento do BNDES e do FINAME.
Desenvolvimento sustentável e protagonismo regional
Além dos benefícios ambientais e econômicos, o projeto do Complexo Solar Serrita fortalece o protagonismo do Nordeste na matriz energética brasileira e impulsiona o desenvolvimento regional com a geração de empregos locais e tecnologia de baixo impacto ambiental. A iniciativa reforça o papel estratégico do sertão pernambucano na expansão da energia solar de grande porte no país.
Para Nelson Falcão, diretor sênior de desenvolvimento de negócios da Nextracker, o projeto abre caminhos para novos empreendimentos com soluções mais sustentáveis. “O Serrita não apenas incorpora inovação tecnológica, mas estabelece um precedente importante para o setor. É uma prova concreta de que é possível unir engenharia, preservação ambiental e viabilidade econômica em projetos solares de larga escala”.
A experiência em Pernambuco aponta para um futuro em que a energia renovável, aliada à engenharia de precisão e à responsabilidade ambiental, pode acelerar a transição energética com menor impacto territorial, menor custo e maior adesão a critérios ESG (ambientais, sociais e de governança).