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ONS prevê afluência abaixo da média e alerta para pressão no sistema elétrico

Com chuvas escassas e demanda em queda, boletim do ONS revela desafio para a gestão dos reservatórios e reforça a importância da diversificação da matriz energética

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgou novas projeções que indicam estabilidade nos percentuais de Energia Natural Afluente (ENA) para o mês de abril. Apesar da ausência de surpresas nos volumes de chuva, o boletim semanal do Programa Mensal da Operação (PMO), referente ao período de 19 a 25 de abril, confirma um cenário de afluência inferior à média histórica em praticamente todo o país — fator que impõe desafios relevantes à gestão dos recursos hídricos e ao planejamento energético nacional.

Segundo o relatório, os índices de afluência devem encerrar o mês nos seguintes patamares: Norte, 82% da Média de Longo Termo (MLT); Sudeste/Centro-Oeste, 78% da MLT; Sul, 66% da MLT; e Nordeste, 31% da MLT. Em comparação à revisão anterior, houve apenas ajustes marginais, sinalizando a consolidação de um padrão de precipitação aquém do necessário para recompor adequadamente os reservatórios.

“O comportamento da afluência em abril segue como já antecipado, com chuvas abaixo do padrão esperado para o período. A política operativa tem buscado preservar os recursos hídricos e usar as demais fontes existentes na matriz”, declarou Marcio Rea, diretor-geral do ONS. A fala reforça a estratégia atual de operação do sistema, priorizando o uso de fontes alternativas e o consumo racional dos recursos hídricos disponíveis.

Demanda de carga em retração

Outro dado importante revelado pelo ONS é a perspectiva de queda na demanda de carga no Sistema Interligado Nacional (SIN) e em dois de seus subsistemas. No conjunto do SIN, espera-se uma retração de 2,1%, atingindo uma carga média de 79.919 MWmed. No Sudeste/Centro-Oeste, a previsão é de queda de 4,2% (44.969 MWmed), enquanto o Sul poderá registrar uma redução ainda maior, de 4,5% (13.305 MWmed).

Esses números refletem, em parte, a passagem de frentes frias pelas regiões, reduzindo a necessidade de uso de sistemas de climatização e influenciando o perfil de consumo de energia elétrica. Em contrapartida, as regiões Norte e Nordeste devem apresentar aceleração no consumo, com crescimento projetado de 6,6% e 2,9%, respectivamente.

Reservatórios: estabilidade, mas com atenção ao Sul

As projeções de Energia Armazenada (EAR) também se mantêm estáveis. Ao final de abril, três subsistemas devem superar a marca de 65% de armazenamento: Norte (96,7%), Nordeste (76,6%) e Sudeste/Centro-Oeste (69,8%). O Sul, no entanto, segue como ponto de atenção, com expectativa de encerrar o mês com apenas 41,6% de seus reservatórios cheios.

Esse desequilíbrio regional reforça a necessidade de uma gestão mais refinada dos recursos e evidencia a importância da integração nacional do sistema elétrico, que permite transferências de energia entre as regiões, mitigando os efeitos locais de escassez hídrica.

CMO e os custos da operação

O Custo Marginal de Operação (CMO) — indicador que orienta a formação dos preços de energia — também apresenta estabilidade. Os valores para a semana operativa são de R$ 131,51/MWh para as regiões Nordeste e Norte, R$ 199,41/MWh no Sudeste/Centro-Oeste e R$ 200,77/MWh no Sul.

A manutenção de CMOs relativamente baixos, mesmo diante da hidrologia adversa, é resultado da maior participação de fontes complementares na matriz elétrica, como usinas eólicas, solares e térmicas, evitando a necessidade de acionamento intensivo de usinas mais caras.

Conclusão

O boletim do ONS para abril traz a confirmação de um cenário de estabilidade hidrológica abaixo da média, reforçando o alerta para o planejamento energético brasileiro. A expectativa de queda na demanda de carga, aliada a um nível satisfatório de armazenamento em três dos quatro subsistemas, traz certo alívio no curto prazo, mas não afasta a necessidade de atenção permanente.

Com a imprevisibilidade climática e a crescente demanda por energia, especialmente em contextos de retomada econômica, diversificar a matriz e preservar os recursos hídricos continuam sendo pilares essenciais para a segurança e sustentabilidade do fornecimento elétrico no país.

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