Consumo ultrapassa 32 mil MW médios e setor já responde por 40% da eletricidade consumida no país, impulsionando competitividade e sustentabilidade
O mercado livre de energia elétrica no Brasil acaba de atingir um novo patamar histórico. Em fevereiro de 2025, o consumo no ambiente de contratação livre (ACL) superou pela primeira vez a marca de 30.000 MW médios, alcançando 32.165 MW médios — um crescimento de 15% no acumulado de 12 meses. Os dados, divulgados no último Boletim da Energia Livre, da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia), evidenciam a rápida expansão deste segmento, que já representa 40% do total de eletricidade consumida no país.
Este crescimento expressivo ocorre em um contexto de transformação profunda do setor elétrico nacional, onde a liberdade de escolha do fornecedor e a busca por preços mais competitivos tornam-se cada vez mais importantes para consumidores industriais, comerciais e, agora, de menor porte.
Enquanto o consumo total de energia elétrica no Brasil aumentou 6% no mesmo período, o desempenho do mercado livre revela a força da transição para um ambiente de maior competitividade. A carga total do sistema elétrico considerada nos dados inclui as perdas, o que torna o crescimento ainda mais significativo.
Explosão no número de consumidores
Outro dado impressionante é o salto no número de unidades consumidoras no mercado livre. Em apenas 12 meses, 27.905 novas unidades aderiram ao modelo, representando um crescimento de 67%. Com isso, o mercado livre passou a contar com 69.861 unidades consumidoras em todo o país.
O destaque vai para o segmento varejista, que cresce a passos largos. Formado majoritariamente por consumidores de menor porte, o mercado varejista registrou em fevereiro de 2025 um total de 27.391 unidades consumidoras — um aumento de expressivos 407% em 12 meses. Esses números mostram como a flexibilização regulatória e o surgimento de novos modelos de negócios estão democratizando o acesso ao mercado livre.
Perfil do consumo e tendências
O Boletim da Energia Livre também revela que, atualmente, 93% do consumo industrial e 43% do consumo comercial de energia elétrica no Brasil são atendidos pelo mercado livre. Esses dados confirmam a atratividade do ambiente para setores que buscam reduzir custos e aumentar a previsibilidade de suas despesas energéticas.
Outro movimento que merece atenção é a destinação da energia gerada por usinas solares centralizadas. Pela primeira vez na história, 86% da geração solar centralizada foi destinada a consumidores livres. Este dado destaca o papel do mercado livre como indutor da transição energética e da inserção de fontes renováveis na matriz brasileira.
Além disso, o boletim aponta que 56,1% da energia consumida no mercado livre está contratada em contratos com até quatro anos de duração, refletindo a busca dos consumidores por flexibilidade e adaptação a cenários econômicos dinâmicos.
O futuro do mercado livre no Brasil
O avanço do mercado livre de energia é parte fundamental da modernização do setor elétrico no Brasil. Com a aprovação do Projeto de Lei 414/21, que estabelece a portabilidade da conta de luz para todos os consumidores a partir de 2026, o ambiente tende a se tornar ainda mais robusto e acessível.
Especialistas afirmam que a expansão do mercado livre traz benefícios não apenas para quem já migrou, mas para todo o sistema elétrico. A competição estimula a eficiência, promove inovação, amplia a participação de fontes renováveis e gera pressão por tarifas mais justas no mercado cativo.
Com uma combinação de crescimento do consumo, democratização do acesso, avanço da geração renovável e contratos mais flexíveis, o mercado livre de energia consolida-se como um dos motores de transformação do setor elétrico brasileiro.