Por Paulo Mantovani, Diretor de recursos naturais da WTW
Os negócios no Brasil enfrentam um momento decisivo. Enquanto surgem diversas oportunidades, é preciso superar desafios – principalmente econômicos – que podem impactar inúmeros setores. Essa realidade tem afetado, por exemplo, os grandes projetos de infraestrutura no país, muitos dos quais precisaram ser postergados. Alguns, inclusive, ainda não têm previsão de sair do papel.
Contudo, determinados negócios, por conta de sua importância para o país e da relevância de suas operações, não podem esperar e já estão nos planos de grandes grupos empresariais, governos e outros interessados. Um deles é o setor energético, com foco no próximo leilão de energia. Diferentemente do leilão realizado em setembro do ano passado, o próximo, previsto para junho, será muito mais abrangente. Ele deverá contemplar novos empreendimentos de geração hidrelétrica, eólica, solar e termelétrica; contratação de usinas termelétricas a gás existentes para os anos de 2028, 2029 e 2030; novos empreendimentos a gás e biocombustíveis; e ampliação da capacidade instalada de usinas hidrelétricas existentes.
Diante desse cenário, é fundamental que os grupos interessados comecem sua preparação o quanto antes. O mercado de seguros tem um papel essencial na proteção de investidores, operadores e governos contra riscos que possam comprometer a entrega da energia contratada. Há diversas opções de seguros para o setor energético, como o seguro paramétrico para fontes renováveis, essencial para energia solar e eólica, cobrindo variações climáticas que reduzam a geração abaixo do previsto; o seguro ambiental e de responsabilidade civil, exigido em projetos hidrelétricos, térmicos e de biomassa para cobrir riscos de impacto ambiental; e o seguro de interrupção de negócios, que protege geradores contra perdas financeiras causadas por falhas técnicas, eventos naturais ou problemas regulatórios.
No contexto do próximo leilão, o seguro garantia ganha protagonismo, pois assegura que o projeto será entregue no prazo e conforme especificações contratuais, além de proteger contra atrasos na construção de usinas solares, eólicas, hidrelétricas ou térmicas. Ao adotá-lo, há mitigação de riscos, mais confiança e credibilidade, além de facilidade na contratação. Um dos seus diferenciais é a versatilidade, já que o seguro garantia pode ser customizado para cada fase do leilão, como o seguro garantia de proposta e o seguro garantia de execução, entre outros.
Além dessas proteções, a contratação de seguros oferece vantagens estratégicas muitas vezes subestimadas, como a prevenção e mitigação de riscos. Em um cenário de crescente instabilidade, com mudanças climáticas e desastres naturais cada vez mais frequentes, é essencial adotar mecanismos e tecnologias que fortaleçam a proteção do setor energético. Já existem modelos preditivos que utilizam inteligência artificial e Internet das Coisas (IoT), capazes de identificar e mapear possíveis riscos. Essas previsões também são fundamentais para precificação de riscos em leilões de longo prazo.
Vale lembrar que o Brasil, assim como o mundo, enfrenta desafios no setor energético, com o consumo aumentando significativamente. Isso exigirá investimentos e modernizações nos sistemas de geração. Fica evidente que o próximo leilão de energia será fundamental para os negócios, para o setor energético e para o Brasil, exigindo planejamento e cautela por parte de todos os envolvidos. Os desafios estão claros, e as oportunidades, postas à mesa. Agora é o momento de se preparar, garantir as proteções adequadas e mapear riscos para mitigá-los.