Parceria marca o primeiro contrato fora do Grupo Prumo e consolida a Reserva como referência em serviços ambientais, com impacto direto na biodiversidade da região de São João da Barra (RJ)
A restauração ecológica de biomas costeiros avança no Norte Fluminense com a assinatura de um contrato inédito entre a Reserva Caruara e a EDF Brasil, uma das maiores empresas de geração e transmissão de energia elétrica do país. O acordo, que contempla o plantio de três hectares (30 mil metros quadrados) de vegetação de restinga na Fazenda Palacete, em São João da Barra (RJ), inaugura uma nova fase para a Reserva Caruara, consolidando sua atuação como prestadora de serviços ambientais para além das fronteiras do Grupo Prumo.
A iniciativa visa compensar os impactos ambientais gerados pela instalação da Subestação (SE) 345/138 kV Porto do Açu e seus respectivos ramais de seccionamento, ligados à linha de transmissão (LT) 345 kV Campos – UTE GNA I, obra sob responsabilidade da EDF Brasil.
Essa parceria tem relevância estratégica não apenas do ponto de vista ambiental, mas também empresarial, ao posicionar a Reserva Caruara como uma unidade de negócios independente dentro do ecossistema do Porto do Açu, um dos maiores complexos portuários do Brasil.
“O contrato com a EDF Brasil é um marco para a Reserva Caruara. Ele reforça nosso pilar de serviços ambientais e nos posiciona como facilitadores para novos empreendimentos no Complexo do Açu”, afirma Caio Cunha, gestor da Reserva. “Estamos ampliando os serviços ecossistêmicos da região, criando corredores ecológicos e contribuindo com a recuperação da biodiversidade local.”
Expansão além da RPPN
A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Caruara, onde a reserva foi inicialmente estabelecida, já era referência em ações de reflorestamento e conservação da restinga, um dos ecossistemas mais ameaçados da Mata Atlântica. Com o novo contrato, a atuação da Caruara ultrapassa os limites da área de proteção ambiental, levando o plantio para a Fazenda Palacete, uma área estratégica próxima aos empreendimentos da EDF Brasil e à recém-criada Unidade de Proteção RevTaí, também no município.
A criação de corredores ecológicos e a restauração de áreas degradadas são fundamentais para a conectividade de habitats, especialmente em regiões costeiras como o Norte Fluminense, onde a pressão urbana e industrial é crescente. Nesse contexto, o modelo adotado pela EDF, de realizar a compensação ambiental por meio do plantio de mudas nativas, fortalece a sinergia entre desenvolvimento e conservação ambiental.
“Essa parceria é estratégica para garantir que o reflorestamento ocorra nas proximidades da obra, contribuindo para a conectividade ecológica da região”, destaca Fernando Medina, gerente de Meio Ambiente da EDF Brasil. “A iniciativa permite benefícios reais à flora e fauna da restinga.”
Serviços ambientais como vetor de desenvolvimento
Ao se consolidar como provedora de serviços ecossistêmicos, a Reserva Caruara amplia sua contribuição para a sustentabilidade do desenvolvimento no Porto do Açu. A região é palco de projetos de grande escala em logística, energia e indústria, o que reforça a necessidade de contrapartidas ambientais robustas e alinhadas com os princípios de compensação legal e voluntária.
O reflorestamento da restinga não apenas recupera áreas degradadas, mas também melhora a resiliência climática do território, protege mananciais, regula o microclima e oferece abrigo para espécies nativas.
Essa nova frente de atuação também posiciona a Caruara como um polo regional de referência na restauração ambiental costeira, capaz de atrair novos contratos com empresas do setor elétrico, logístico e industrial, especialmente aquelas que operam sob rigorosas exigências de licenciamento ambiental.
Impacto positivo e replicável
A parceria entre Caruara e EDF Brasil demonstra como o setor elétrico pode atuar como indutor de ações socioambientais relevantes, ao incorporar a restauração da biodiversidade como parte integrante de sua estratégia de responsabilidade ambiental. A união entre experiência técnica e foco territorial garante ganhos não apenas para o meio ambiente, mas também para a imagem institucional e reputação corporativa das empresas envolvidas.
“Projetos como esse provam que é possível aliar crescimento econômico com regeneração ambiental. Estamos fortalecendo a governança ambiental do Porto do Açu e estimulando um novo padrão de relacionamento entre empresas e ecossistemas”, resume Caio Cunha.
O plantio das mudas está previsto para iniciar ainda em 2025 e será monitorado para garantir o sucesso da regeneração. Espera-se que a experiência inspire outras iniciativas semelhantes na região e contribua para a valorização dos serviços ambientais como ativos estratégicos do desenvolvimento sustentável no Brasil.