Segunda-feira, Junho 2, 2025
23.2 C
Rio de Janeiro

Comissão do Senado cobra transparência da Aneel em acordo com a Amazonas Energia

Comissão de Infraestrutura questiona base legal de aditivo assinado após expiração da medida provisória que respaldava a operação

A Comissão de Infraestrutura (CI) do Senado Federal aprovou nesta terça-feira (8) um requerimento que acende um sinal de alerta sobre a atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em relação à transferência de controle societário da Amazonas Energia S/A. O questionamento, endereçado ao diretor-geral da agência, Sandoval de Araujo Feitosa Neto, busca esclarecimentos sobre a legalidade de um aditivo contratual assinado após a expiração da Medida Provisória (MP) 1.232/2024 — instrumento legal que originalmente respaldava a operação.

O requerimento (REQ 35/2025 – CI), de autoria do senador Marcos Rogério (PL-RO), presidente da comissão, destaca preocupações jurídicas e institucionais sobre o processo, que teria seguido adiante mesmo sem respaldo normativo vigente.

A polêmica da madrugada: assinatura após o fim da MP

A MP 1.232/2024, que tratava de aspectos relacionados à reestruturação da Amazonas Energia, perdeu sua validade em 10 de outubro de 2024, conforme prevê a Constituição Federal: uma medida provisória tem vigência máxima de 120 dias, prazo que havia sido alcançado sem conversão em lei. No entanto, conforme relatado, os executivos da distribuidora firmaram o aditivo contratual incorporando o plano de transferência de controle na madrugada do dia 11 de outubro — ou seja, após o vencimento do instrumento legal que justificava tal ato.

Esse detalhe temporal tornou-se o epicentro da controvérsia. A própria Aneel, segundo documentos internos e manifestações públicas, chegou a questionar a constitucionalidade do aditivo, afirmando que a assinatura posterior à vigência da MP tornaria inválida sua incorporação ao ordenamento jurídico e regulatório.

Senado exige explicações da Aneel sobre possível acordo

Apesar das dúvidas jurídicas levantadas, a Aneel teria iniciado tratativas para firmar um acordo com a Amazonas Energia, o que gerou forte reação no Senado. No requerimento aprovado, o senador Marcos Rogério critica a suposta incoerência da agência, que, mesmo tendo considerado inconstitucional o ato inicial, estaria disposta a construir um acordo baseado nesse mesmo documento.

“Causa espanto que a Aneel, mesmo tendo questionado a constitucionalidade do termo aditivo assinado na madrugada no dia 11 de outubro de 2024, tenha optado, sem a devida transparência, por iniciar tratativas para um acordo com a mencionada empresa”, afirmou o parlamentar. Ele destaca ainda que não há “cabimento jurídico e moral” em formalizar qualquer tipo de negociação com base em um ato nulo de pleno direito.

Um cenário de incerteza para o setor elétrico na região Norte

A Amazonas Energia é responsável pela distribuição de energia elétrica no maior estado da federação em extensão territorial, com desafios logísticos e operacionais únicos. A situação contratual da empresa é acompanhada de perto por especialistas do setor, já que sua instabilidade afeta diretamente a segurança energética de milhões de brasileiros.

O caso também expõe um ponto sensível: o papel das agências reguladoras em assegurar a legalidade e a transparência de seus atos. Para analistas jurídicos, se confirmada a atuação da Aneel com base em um instrumento considerado inválido, a credibilidade institucional da agência pode ser abalada, com reflexos em todo o setor regulado.

Próximos passos: o que pode acontecer

Com a aprovação do requerimento, a Aneel terá de responder formalmente ao Senado, esclarecendo as razões que a levaram a considerar ou negociar um acordo mesmo após o término da MP. As respostas poderão fundamentar novas ações parlamentares, como convocações para audiências públicas ou até mesmo abertura de investigações mais aprofundadas.

Especialistas ouvidos pela nossa equipe, ressaltam que o caso pode representar um precedente perigoso, caso se consolide a ideia de que atos administrativos podem ser legitimados retroativamente, sem amparo legal no momento de sua formalização.

Conclusão: governança em xeque e olhos voltados ao Congresso

O embate entre o Senado e a Aneel sobre a condução da transferência da Amazonas Energia escancara a fragilidade institucional que ainda marca parte do setor elétrico brasileiro. A expectativa é que o episódio sirva de alerta para a necessidade de maior rigor jurídico, transparência nas negociações e respeito ao marco legal vigente.

A definição desse impasse será crucial não apenas para o futuro da distribuidora no Amazonas, mas também para a imagem das agências reguladoras e da governança pública em setores estratégicos como o de energia elétrica.

Destaques

UTE GNA II entra em operação no Porto do Açu e se torna a maior usina a gás natural do Brasil

Com investimento de R$ 7 bilhões e capacidade para...

Hidrogênio de Baixa Emissão Ganha Força no Brasil e se Consolida como Pilar da Transição Energética

Plano Nacional do Hidrogênio estrutura bases para desenvolvimento sustentável,...

Brasil acelera produção de biometano e reforça protagonismo global às vésperas da COP30

Unidade pioneira de biometano no interior paulista demonstra potencial...

Itaipu Realiza Teste de Black Start e Comprova Capacidade de Restabelecimento de Energia em Caso de Apagão

Operação estratégica simulou desligamento total de parte da usina...

Últimas Notícias

Busca por certificações de energia renovável mais do que dobra no...

Setor avança com adesão de empresas às metas de...

ENASE 2025 discute transição energética no contexto da COP30 no Brasil  

Principal encontro do setor elétrico fará debates regulatórios de...

ENGIE Brasil Energia promove mudanças estratégicas na Diretoria Executiva para fortalecer...

Reeleição unânime e alteração de funções visam impulsionar sinergia...

Atlas Renewable Energy é destaque global com prêmios que reconhecem excelência,...

Multinacional conquista cinco prêmios internacionais que reforçam sua atuação...

AASP promove seminário sobre transição energética com especialistas de destaque no...

Evento híbrido com vagas limitadas debate os principais desafios...

Consumo de energia cresce 1,3% no Brasil no início de 2025,...

Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) aponta forte...

Artigos Relacionados

Categorias Populares