Em resposta a ameaças de invasão, governo federal autoriza atuação da Força Nacional por 90 dias na usina de Belo Monte, com o objetivo de garantir a segurança do empreendimento estratégico para o setor elétrico brasileiro
A UHE Belo Monte, uma das maiores do país e peça-chave no fornecimento de energia renovável para o Brasil, passa a contar com o reforço da Força Nacional de Segurança Pública. A decisão foi oficializada por meio de portaria publicada no Diário Oficial da União, na última sexta-feira (4), e estabelece a atuação do efetivo por um período inicial de 90 dias.
A medida ocorre após relatos de ameaças e tentativas de invasão às instalações da usina, localizada em Altamira, no sudoeste do Pará. O pedido para o envio dos agentes partiu do Ministério de Minas e Energia (MME) em 19 de março, sendo atendido pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
“Em 17 de março, a Norte Energia relatou uma nova ameaça nas instalações de Belo Monte. De acordo com o relato, houve ameaça de invasão em frente à casa de força principal da usina e invadiram o canal de fuga, próximo aos geradores do empreendimento”, afirmou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
Importância estratégica da usina
A usina de Belo Monte possui um papel fundamental no abastecimento energético do Brasil. Com capacidade instalada de 11.233 megawatts (MW), é a segunda maior hidrelétrica do país, ficando atrás apenas de Itaipu. A geração de energia da planta é totalmente renovável, proveniente do aproveitamento do potencial hidráulico do rio Xingu.
Dada a sua relevância, qualquer interrupção no funcionamento da usina representa um risco não apenas à segurança energética da região Norte, mas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), que distribui eletricidade para todo o país.
Medida preventiva e articulação entre esferas
A atuação da Força Nacional é considerada de caráter “episódico e planejado”, conforme texto da portaria assinada pelo ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Os agentes atuarão “nas atividades e nos serviços imprescindíveis à preservação da ordem pública e da segurança das pessoas e do patrimônio”.
A operação será conduzida em articulação com os órgãos de segurança pública do estado do Pará, sob coordenação da Polícia Federal. A Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup) confirmou que o estado deu anuência para a atuação da força federal e destacou que a Polícia Militar está preparada para prestar apoio, se necessário.
Apesar da gravidade dos relatos, o Ministério de Minas e Energia não revelou quem seriam os autores das ameaças à segurança da usina. Já o Ministério da Justiça, por sua vez, não especificou o número de agentes mobilizados, limitando-se a informar que o contingente seguirá um planejamento interno da Força Nacional.
Energia limpa em risco
O envio das tropas federais é compreendido como uma medida cautelar para assegurar a continuidade da operação da usina. “Estamos tratando de um ativo estratégico nacional, responsável por fornecer energia limpa e renovável para milhões de brasileiros. Proteger Belo Monte é proteger a segurança energética do Brasil”, afirmou uma fonte ligada ao MME, sob condição de anonimato.
Essa não é a primeira vez que Belo Monte enfrenta desafios relacionados à segurança. Desde sua construção, o empreendimento tem sido alvo de polêmicas, incluindo conflitos fundiários, impactos socioambientais e disputas com comunidades locais. Agora, as ameaças ganham uma nova dimensão, com riscos operacionais diretos.