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Circularidade na mineração: especialistas avaliam novas formas de reaproveitamento de resíduos no setor de carvão

Equipe do Serviço Geológico do Brasil visita usina termelétrica e mineradora para investigar soluções sustentáveis na gestão de resíduos minerais

A busca por soluções mais sustentáveis para a indústria mineral ganhou um novo capítulo com a visita técnica realizada pela equipe do Projeto de Circularidade Mineral, uma iniciativa do Serviço Geológico do Brasil (SGB). O grupo esteve na Usina Termelétrica Pampa Sul e na Seival Sul Mineração, no Rio Grande do Sul, com o objetivo de compreender melhor os processos de geração de energia, mineração e beneficiamento do carvão mineral. O foco da missão foi a caracterização dos resíduos gerados e a análise de seu potencial de reaproveitamento dentro dos princípios da economia circular.

O conceito de circularidade mineral busca reduzir os impactos ambientais da mineração ao promover a reutilização e reaproveitamento de resíduos, transformando-os em insumos para novas aplicações industriais. Durante a visita, os especialistas puderam acompanhar de perto as etapas produtivas e aprofundar a análise sobre cinzas leves e pesadas, dois subprodutos fundamentais do processo termelétrico.

Cinzas do carvão: um recurso subutilizado?

Atualmente, 30% das cinzas leves geradas na usina termelétrica são direcionadas para a indústria cimenteira e de concreto, enquanto 100% das cinzas pesadas são reaproveitadas na recuperação de áreas mineradas. Esse processo, conhecido como backfill, utiliza os resíduos na recomposição de áreas já exploradas, minimizando os impactos ambientais e promovendo a reabilitação do solo.

No entanto, a visita técnica também destacou a necessidade de ampliar as alternativas de uso desses resíduos, de modo a maximizar seu potencial econômico e reduzir ainda mais os impactos ambientais da mineração de carvão. O reaproveitamento das cinzas pode ser um importante aliado na transição energética, oferecendo alternativas para a substituição de matérias-primas tradicionais por insumos oriundos da própria atividade mineradora.

Desafios e oportunidades para a circularidade na mineração

A economia circular no setor mineral ainda enfrenta desafios, especialmente no que diz respeito à viabilidade técnica e econômica do reaproveitamento em larga escala. No entanto, iniciativas como o projeto conduzido pelo SGB demonstram que há espaço para inovação e adoção de práticas mais sustentáveis.

A interação direta com os agentes dos processos produtivos é um passo essencial para encontrar novas soluções para a gestão dos resíduos minerais. Com um entendimento mais profundo sobre a composição dos descartes gerados e suas propriedades químicas e físicas, é possível desenvolver tecnologias mais eficazes para sua reutilização, seja no setor da construção civil, na recuperação de áreas degradadas ou em outras aplicações industriais.

A visita técnica contou com a participação de Maísa Bastos Abram, chefe do Departamento de Recursos Minerais (Derem), Paloma Gabriela Rocha, gerente de Geologia e Recursos Minerais de Porto Alegre, Lucy Takehara, coordenadora executiva do Derem, Ana Paula Justo, coordenadora do Projeto de Circularidade na Mineração, além dos pesquisadores em geociências Daiane Flora Hammes e Giovani Nunes Parisi.

O futuro da mineração sustentável no Brasil

O setor mineral desempenha um papel crucial na economia brasileira, mas sua evolução precisa estar alinhada com práticas mais sustentáveis e inovadoras. A adoção de diretrizes de circularidade pode transformar resíduos em ativos, reduzir a dependência de novas áreas mineradas e contribuir para a descarbonização do setor energético.

Ao investir em pesquisas e ampliar o diálogo entre setor público, empresas e academia, o Brasil tem a oportunidade de se consolidar como referência em mineração sustentável, promovendo um modelo produtivo mais eficiente, responsável e alinhado às exigências ambientais do século XXI.

A iniciativa do Serviço Geológico do Brasil demonstra que, com conhecimento técnico e inovação, a mineração pode ser menos impactante e mais circular, reduzindo desperdícios e criando novas oportunidades para o setor e para o meio ambiente.

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